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2002: um ano de conquistas


Em 2002 o Sertões teve recorde de inscritos: 214 veículos. (foto: André Chaco/ Webventure)

Esportes outdoor em crescimento, busca da liberdade e contato com a natureza, façanhas alcançadas por brasileiros nos outros cantos do mundo. Assim foi o 2002 da aventura.

Nunca os esportes de aventura foram tão comentados e praticados como atualmente. O que sempre foi sinônimo de perigo, hoje é visto como saúde e bem estar do corpo e da mente. Os números gerados pelos eventos de aventura e seus patrocinadores também deixaram de ser “amadores” e encontram cada vez mais seu lugar no mercado.

A Adventure Sports Fair 2002, a maior feira de esportes e turismo de aventura da América Latina, teve a presença de 87 mil pessoas em cinco dias e gerou cerca de R$ 55 milhões, apenas em vendas diretas. O Rádio Eldorado Adventure Congress, que ocorreu simultaneamente à feira, teve um total de 39 palestras e contou com a participação de 3.200 pessoas. (Adventure Sports Fair)

Em uma pesquisa realizada pelo Webventure com cerca de 620 internautas, verificou-se que houve um crescimento da participação feminina nos esportes de aventura. Constatou-se ainda que o ecoturismo e o turismo de aventura são responsáveis por cerca de 10% do mercado turístico mundial, apresentando um crescimento de 30% ao ano. (Embratur)

E em quase todas as modalidades houve um acontecimento merecedor de aplausos em 2002, tornando os esportes de aventura cada vez mais conhecidos no Brasil e no mundo.

Na virada de 2001 para 2002, dois montanhistas ficaram famosos mostrando o Monte Aconcágua às pessoas que estavam sentadas no sofá de casa, assistindo ao Jornal Nacional (TV Globo). Vítor Negrete e Rodrigo Raineri foram os primeiros brasileiros a escalar o monte pela face sul, a mais difícil.

A escalada de 6.962 metros foi transmitida pela Rede Globo e acompanhada por telespectadores de todo o Brasil. “Esta escalada teve uma repercussão muito maior do que imaginávamos e foi um grande aprendizado pra mim, que agora me sinto mais seguro para encarar qualquer parede”, comemora Vítor.(saiba mais)

Ainda no alpinismo, outro montanhista que teve seu projeto estampado até em capas de revistas é Waldemar Niclevicz. A expedição “O Brasil no Topo do Mundo”, composta por ele, Alir Wellner, Irivan Gustavo Burda, Paulo Souza e Marcelo Santos, tinha o objetivo de chegar ao topo do Everest (8.848m), a montanha mais alta do mundo, sem o uso de oxigênio artificial.

O mau tempo não deixou que isso acontecesse, mas mesmo assim eles conseguiram chegar ao topo do Lhotse (8.501m), a quarta maior montanha do mundo e colocar a bandeira brasileira lá no topo.

Polêmica – Em 2002 uma edição da revista Época trouxe uma reportagem com colegas montanhistas de Niclevicz questionando seus feitos. Isto gerou polêmica e a repercussão de como provar ou não se houve realmente uma nova conquista ou uma quebra de recorde. (saiba mais)

Um esporte que não pára de crescer e a cada dia ganha mais praticantes é a corrida de aventura. A modalidade chegou ao Brasil em 1998, com a realização da primeira EMA (Expedição Mata Atlântica), e contagiou os aventureiros. Tendo a média de uma corrida de aventura a cada três semanas, o Brasil enviou este ano três equipes brasileiras para o Eco-Challenge, a maior corrida de aventura do mundo.

A Cânon Quasar Lontra Caloi conquistou o 12º lugar; a EMA Brasil o 21º e a AXN Atenah foi desclassificada por problemas de saúde de uma das integrantes. A 12ª colocação da “Lontra”, formada por Marina Verdini, Rafael Campos, Fabrizio Givaninni e Vitor Lopez, foi a melhor de uma equipe brasileira em todos os anos do Eco-Challenge.

“Sem sombra de dúvida foi um ano de conquistas e sucesso. Mas não foi por acaso, e tampouco fácil. Conseguimos o nosso (e acredito que não só nosso, mas da corrida de aventura brasileira) maior feito: concluir o mais difícil Eco-Challenge da história em 12º lugar, sendo o melhor resultado da América Latina. Por tudo isso nos sentimos orgulhosos e satisfeitos”, disse Rafael.

“Este sucesso não foi somente nosso, mas de todo esporte. O número de competições cresceu muito, assim como o número de atletas participantes. Esperamos que continue neste crescimento, com cada vez mais participantes, incentivos de patrocinadores e divulgação por parte da mídia. E esperamos que no ano que vem possamos continuar com bons resultados, dentro e fora do Brasil”, completou.(saiba mais)

Nas águas… – Outro esporte que veio com tudo em 2002 foi a remada em canoas havaianas. Até o começo do ano, existiam poucas canoas no Brasil, pois precisa ter autorização para ter este tipo de canoa fora do Havaí e custa muito caro produzí-la. Mas, para que a modalidade pudesse ser praticada em uma corrida de aventura por cerca de 30 equipes, 25 novas embarcações tiveram de ser construídas. Agora existe até um Circuito Brasileiro no país.

Um evento de aventura realizado no Brasil e divulgado em todo o mundo é o Rally Internacional dos Sertões. O rali, que em 2002 saiu de Goiânia (GO) e foi até Fortaleza (CE) teve dez dias de prova em comemoração à sua décima edição. Somaram-se 226 horas de matérias reproduzidas na televisão, em 50 países. Em 2001 foram apenas 30 horas. Ao todo, 146 jornais e revistas do Brasil e exterior divulgaram o evento. Foram 1.135 reportagens com 1.203 fotos do Sertões.(saiba mais)

Pela 16ª vez, os pilotos da equipe Petrobras Lubrax embarcaram no final de dezembro para a Europa, onde irão disputar o maior rali do mundo, o Dakar, de 1º de janeiro a 14 de janeiro, entre Marselha, na França e Sharm El Sheikh, no Egito. Klever Kolberg e Lourival Roldan (carro), André Azevedo (caminhão) e Jean Azevedo (moto) são os únicos brasileiros a cruzar os 8.552 quilômetros de prova.(saiba mais)

No pára-quedismo, os brasileiros Ricardo Pettená, Márcia Farkhoul, Breno de Assis e Humberto do Prado participaram da conquista do recorde mundial no Arizona (EUA). Eles permaneceram em forma durante 7.02 segundos. Bastariam três segundos para que o recorde valesse.

Pettená foi o único latino-americano escolhido como um dos capitães, pára-quedista responsável por uma parte (setor) da figura geométrica a ser formada no ar. Diretor da escola Azul do Vento, de Campinas (SP), ele também participou do 282-way (o último recorde, em 1999), na Tailândia, e é considerado um dos principais nomes do esporte no Brasil. (saiba mais)

Meio ambiente – E como aventura sempre é aliada à natureza, também tivemos muitas conquistas no meio ambiente em 2002. Um acordo inédito foi assinado na conferência internacional Rio+10 para triplicar a área de conservação da floresta amazônica brasileira. Entre os planos está a preservação de espécies e a criação de parques nacionais e reservas biológicas. (saiba mais)

O governo federal também lançou uma série de ações visando a proteção do meio ambiente. Uma delas foi a criação de 12 novas áreas de conservação no Brasil, ampliando em 411 mil hectares o total de áreas protegidas no país. O ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, informou que o país tem hoje 6% de seu território protegido por unidades de conservação.

Resta torcer para que o amor à natureza e à aventura andem sempre juntos para que cada vez mais possamos ter a expansão do esporte e o nome do Brasil levado para diversos cantos do planeta, sempre aliado à preservação da natureza e à conscientização do Ser Humano.

Este texto foi escrito por: Camila Christianini