Foto: Pixabay

2º lugar de Klever e o adeus de Schlesser são destaques

Redação Webventure/ Offroad

O acampamento em Tan Tan  no Marrocos. Circo do Dakar quebra a rotina do deserto. (foto: Ricardo Ribeiro)
O acampamento em Tan Tan no Marrocos. Circo do Dakar quebra a rotina do deserto. (foto: Ricardo Ribeiro)

Poucos eventos da aventura no mundo são tão extensos quando o rali Paris-Dakar. Esta edição terá 17 dias de muita ação pela Europa e África. Desses, nove já se foram. A primeira semana no Dakar foi marcada pelo início na Europa, debaixo de muita chuva, e as primeiras etapas no continente africano, incluindo a “maratona”.

Entre os fatos mais marcantes estão o histórico segundo lugar do brasileiro Klever Kolberg na especial do último dia do ano de 2001 e o abandono de Jean Louis Schlesser, bicampeão e um dos favoritos ao título neste ano, e de toda a sua equipe Schlesser Renault.

Em Arras – Já na abertura, o Dakar 2002 trouxe novidades. Pela primeira vez, a largada foi à noite (normalmente, acontece de madrugada), possibilitando ao público francês da cidade de Arras sair de casa e aplaudir os concorrentes do rali, mesmo com muito frio.

Seguiram-se três especiais na Europa. Duas delas, a primeira e a terceira, em circuitos cheios de lama. Um terreno tão ruim que os caminhões nem puderam competir. Melhor para nomes desconhecidos com Pierre Quinonero e Fernando Gil, vencedores dessas etapas. E para Kolberg que, na especial de 31 de dezembro conquistou o histórico segundo melhor tempo entre os Carros na sua 15ª participação no rali.

Más notícias – O dia 2 de janeiro foi o mais agitado. Primeiro pela notícia do incêndio que destruiu completamente o buggie Kangoo Renault, de Schlesser. Ele e o navegador Magne nada sofreram, mas foi o fim da linha para a dupla.

Na mesma data, má notícia para o Brasil: o piloto de moto Marcelo Quelho, estreante no Dakar, fraturou a clavícula ao cair com a moto durante a especial. Deu adeus ao rali. Juca Bala também caiu e chegou a ficar preso sob a moto enquanto vazava combustível sobre ele. Sua sorte foi que um competidor passou por ali minutos após a queda e o ajudou a se levantar.

A primeira das temidas “etapas-maratona” começou no dia 3 de janeiro. E não foi tão difícil quando se esperava. Primeiro os pilotos e navegadores encararam 793 km, sendo 351 km cronometrados dentro do Marrocos. Na madrugada do dia 4, tendo “descansado” por oito horas, os competidores largaram na ordem em que tinham chegado para mais 752 km até a Mauritânia. Os 371 km de especial foram considerados os mais velozes do Dakar. “O terreno parecia uma auto-estrada”, descreveu o piloto de moto Joan “Nani” Roma (KTM).

Por falar em KTM, a fábrica austríaca está dominando largamente a disputa do título geral nas Motos. Além da equipe de sua terra-natal, a empresa montou times em outros países e eles vêm se revezando nas primeiras colocações.

No início do Dakar quem levou vantagem foi Nani Roma, que liderou até a sexta etapa. Depois, na especial mais rápida do Dakar, ele foi desbancado pelo atual campeão Fabrizio Meoni. “Foi uma etapa ideal para a minha moto”, justificou o italiano, que corre com um modelo de dois cilindros.

Na etapa seguinte, ontem (05/01), Meoni ainda manteve a liderança, mas o chileno Carlo de Gavardo está na sua cola. Na soma dos tempos, 1min53 separam os dois após oito etapas.

Entre os brasileiros, o estreante Luís Mingione lidera a categoria Super Production 2.1 (motos até 250cc). Juca Bala, penalizado por atraso na chegada ao acampamento na etapa 7, está mais longe do bicampeonato na Super Production 2.2. Ele e o carioca Armando Pires, outro estreante no Dakar, se revezaram como os pilotos no Brasil mais bem colocados na geral de Motos durante os últimos dias.

Carros – Mais badalada no rali, a categoria Carros apresentou uma disputa entre as Mitsubishi e as Nissan. O belga De Mevius manteve a picape Nissan como primeira colocada na geral até a etapa 4. Depois, o japonês Hiroshi Masuoka, vice-campeão em 2001, assumiu a ponta e o belga despencou na classificação (está em 56º) com problemas no carro. Seu colega de equipe Stephan Peterhansel mantém a Nissan entre as cinco primeiras, ocupando a quinta colocação na geral.

A exemplo de Meoni, a alemã Jutta Kleinschmidt, campeã de 2001, começou a mostrar melhores resultados na chegada à África e agora está na terceira posição na geral, atrás dos companheiros de time Kenjiro Shinozuka e Masuoka.

O Brasil continua entre os 15 melhores do rali, com Klever na 12ª posição.

Caminhões – Esta é a categoria em que o Brasil tem esperanças de conseguir um título na geral, com André Azevedo. Atualmente ele está em terceiro lugar, mas o atraso em relação ao líder, o russo Tchaguine, é de 1h46min17. O tcheco Karel Loprais é o segundo colocado.

Os caminhões têm duas especiais a menos do que os demais veículos neste Dakar. Ao todo, participaram de seis, enquanto os demais correram oito.

Ainda faltam seis etapas para o fim do Dakar, sendo uma (a 13ª, dias 11 e 12/01), em “maratona”. A briga pelo título ainda deverá promover muitas emoções neste Dakar, em que as máquinas e os pilotos têm mostrado a cada ano uma evolução para sobreviver ao deserto. E a natureza, por sua vez, continua dando sinais de que ainda é dona das manobras mais incríveis de um evento como o Paris-Dakar.

Torcida on line – Continue acompanhando todos os lances na cobertura do Webventure e Equipe BR Lubrax. E participe dela deixando seu incentivo aos brasileiros que resistem ao rali mais difícil do mundo, escrevendo mensagens no nosso Fórum.

Por enquanto, os campeões de recados são Juca Bala, o mecânico de motos Helder e Mingione, carinhosamente chamado de Luís Careca. É para ele uma das mais belas mensagens da semana, deixada por internauta: “…fico muito emocionado ao fim de cada dia em que você vem provando do que é capaz. Enfim sua persistência e dedicação foram premiadas e você está aí, realizando seu sonho. É isso aí”.

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira

Last modified: janeiro 6, 2002

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure