Enquanto muitos corredores preferem o glamour das provas em Nova York ou Tóquio, este brasileiro só corre em lugares exóticos. Depois de enfrentar 250km de uma maratona pelo Saara, Carlos Sposito, de 41 anos, se prepara para cruzar o Grand Canyon correndo. “Nunca tinha planejado isso, mas serei o primeiro brasileiro a tentar”, avisa. Sposito pretende realizar a aventura em um único dia, 9 de outubro. Antes da partida, o ‘homem do deserto’ revela segredos à Webventure.
Webventure – Você chegou do Saara, onde correu a Maratona de Sables, e já vai para o Grand Canyon. Por que a paixão por lugares exóticos?
Carlos Sposito – O que eu gosto é de viajar e conhecer lugares diferentes. Quanto ao deserto, nem é o desafio de correr num lugar árido, gosto da solidão e da monotonia. Na verdade, não planejava ir ao Grand Canyon. Foi conversando com a americana Cathy Tibetts, ultramaratonista, que surgiu a idéia. Verifiquei e constatei que seria o primeiro brasileiro a tentar.
Webventure – Quais são as dificuldades desta vez?
Sposito – Ao contrário da Sables, em que corremos 250km, a distância não é problema no Canyon. Devemos percorrer uns 42 km, no máximo, partindo do sul até o norte. Por isso, os maiores obstáculos deverão ser altitude e temperatura. Vamos sair de 2.300m, com frio, para descer até 700m, junto ao rio Colorado, onde faz calor. Depois subiremos até 2.700m e enfrentaremos o frio outra vez.
Webventure – Quanto tempo deve ser gasto para a travessia?
Sposito – É difícil calcular. Só sei que vamos fazer em um dia. Não sei como meu corpo vai reagir porque, apesar de eu estar acostumado a corridas do tipo, nunca fiz uma prova em grande altitude. E tem outro agravante: eu e a Cathy teremos de carregar 9 litros de água nas costas, mais algumas barras energéticas, numa mochila projetada pelo nosso apoiador, a Wöllner Outdoor, para corridas. Também levaremos um filtro especial para o caso de termos que beber água encontrada pelo caminho.
“Não sou maratonista, sou aventureiro (…) Quero conhecer todos os desertos do mundo”
Webventure – Como está sendo a preparação?
Sposito – Como trabalho (ele é analista de sistemas), só tenho tempo treinar em altitude nos fins de semana. Tenho ido a Nova Friburgo e ao Itatiaia. Nos outros dias eu corro pela Lagoa, ao redor do Maracanã, aqui no Rio.
Webventure – Você é bem diferente dos demais corredores, que preferem a Maratona de Nova York…
Sposito – Eu nem sou um maratonista. Eu corro para estar bem preparado para todas as atividades que gosto. Também escalo em rocha, mergulho… E tem que ter perna pra isso. Acho que me definiria como um aventureiro, sem querer ser presunçoso. Só que eu não sou muito de fazer planos a longo prazo. De repente, tenho um tempo e vou para lugares como o Atacama, as chapadas e a Maratona des Sables, que eu participei pela primeira vez neste ano. Vou voltar em 2.000 acompanhado de outro brasileiro, o Alexandre Freitas, organizador da Expedição Mata Atlântica.
Webventure – Existe uma aventura dos sonhos para você?
Sposito – Eu gostaria de conhecer todos os desertos do mundo. Ainda faltam muitos…
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira
Last modified: fevereiro 21, 2017