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A revolta dos melhores bikers do Brasil

Redação Webventure/ Biking

Crise grave no mountain bike brasileiro. Márcio Ravelli, Abraão Azevedo, Adriana Nascimento – os três nomes mais importantes da modalidade – correm sério risco de ficar fora do Mundial da Suécia, que começa na semana que vem e é a única (e remota) chance do Brasil ir às Olimpíadas de Sydney/2000. E pior: revoltados com a desorganização e falta de apoio do ciclismo, pretendem deixar o país.

Adriana foi a primeira a anunciar, em entrevista exclusiva para a Webventure, que está quase certa a sua mudança para a França no ano que vem. Ravelli avisa que no primeiro semestre de 2.000 vai participar da NORBA (National Off Road Biking Association), nos EUA. Abraão chegou a competir em algumas etapas desse campeonato neste ano e se tivesse uma oportunidade, voltaria para lá.

O motivo – O fim do campeonato Paulista, vencido por Adriana e Ravelli, significou praticamente o encerramento da temporada 99 para os bikers da Elite. Foi quando a Confederação Brasileira, às vésperas do Mundial, anunciou que não teria verba para bancar a ida dos atletas. “Antes a gente tinha sido informada que iam três bikers da Elite masculina, dois da feminina e dois juniores. Depois vem dizer que não vai ninguém”, conta Abraão.

Brasileiro mais bem colocado no ranking da UCI (“Com os pontos do Pan-Americano deve ficar entre os 80 primeiros”), Abraão era quem tinha mais chance de ir à Sydney, já que a listagem vai definir as últimas vagas. “Me ligaram hoje dizendo que era para eu me preparar que talvez a gente vá. Talvez, ninguém deu certeza a 10 dias da viagem.”

A CBC diz que o dinheiro vem do Indesp (Instituto de Desenvolvimento do Esporte) e deu um prazo até a próxima segunda-feira (6/09) para o repasse ser feito. “Nos disseram que não haveria verba, mas fizemos um novo pedido. Acredito que a atletas como o Ravelli e o Abraão a gente consiga mandar”, diz o diretor de mountain-bike da entidade, Antonio Fernandez.

Trauma – Ravelli, um dos ainda ‘cotados’ para ir à Suécia se psicologicamente abalado (veja entrevista). “Já era para eu estar treinando forte. Desde o domingo, quando acabou o Paulista, estou meio parado porque não sei o que vai acontecer. É difícil chegar num Mundial nessas condições”, explica o biker que já foi a oito mundiais e uma Olimpíada. “Mas se amanhã a CBC disser que eu vou, a cabeça será outra.”

Todos são unânimes em um pontos: não vão tirar um tostão do próprio bolso ou do patrocinador para bancar a competição. “Não vale esse sacrifício todo para ir lá e ganhar experiência. Já tenho o bastante”, ironiza Adriana, lembrando as dificuldades de competir com atletas de nível internacional. Ravelli resume a triste realidade do MTB brasileiro: “Essa situação não vai mudar nunca, só com uma medalha olímpica. E como chegar à medalha com essa bagunça?”

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira

Last modified: fevereiro 21, 2017

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