Trilha dos campos de cima (foto: Jurandir Lima/ Trilhas Trilhas)
por Jurandir Lima
Uma sensação de inferioridade diante da grandiosidade da mãe natureza. Esta é a impressão que se tem diante dos cânions do Parque Nacional da Serra Geral. As paisagens são cinematográficas e impressionam pelos paredões de rocha verticais que atingem até 990 metros de altura.
Destacam-se penhascos e abismos cobertos pela vegetação de Araucárias em transição com a Mata Atlântica e os extensos Campos de Cima da Serra, delimitados por escarpas íngremes que passam abruptamente para planícies e chegam até o oceano.
Este Parque foi criado em maio de 1.992 com o objetivo de ampliar a área protegida pelo Parque Nacional de Aparados da Serra. Juntos, os Parques abrangem uma área de 27.550 hectares de natureza quase intocada, em plena Serra Gaúcha, constituída pela formação geológica mais antiga do Brasil. Faz parte dos municípios de Cambará do Sul e São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul, e Praia Grande e Jacinto Machado, em Santa Catarina.
A palavra Cambará é tupi e significa Folha-de-casca-rugosa. É árvore preciosa por sua beleza ornamental, madeira de muito cerne e folhas medicinais. Pode se desenvolver em lugares bem úmidos e ótima para segurar barrancas de rios, arroios ou açudes. Suas folhas de coloração verde-esbranquiçada são usadas para chás no tratamento de tosses rebeldes.
Geologicamente, os parques são resultado de processos erosivos sobre derrames basálticos que recobriram grande parte do sul do país, originando os cânions.
Na parte catarinense concentram-se montanhas e vales profundos que recortam a borda do planalto, e do lado rio-grandense predominam coxilhas e vales rasos. São vários cânions na região, sendo os mais famosos o Malacara e o Fortaleza.
Apesar de todos se parecerem entre si, parece que algo único faz com que tenhamos uma sensação de total surpresa e fascínio quando chegamos perto da borda de cada um. Com mais de 7 quilômetros de extensão, o Fortaleza é uma enorme fenda na terra que parece não ter fim.
A paisagem do Parque é de uma beleza surpreendente, especialmente durante o inverno, quando o céu azul contrasta com o cinza das rochas e o amarelo queimado dos campos.
O clima – Apresenta clima temperado, com temperaturas amenas e as quatro estações do ano bem definidas. As chuvas ocorrem entre os meses de dezembro a março e as geadas intensas entre os meses de junho a setembro, quando as temperaturas facilmente atingem 0ºC.
Em janeiro, o mês mais quente nesta região, a temperatura varia entre 20 e 22ºC. O inverno, apesar das baixas temperaturas, é a melhor época para se visitar o local, tendo as paisagens mais nítidas. Possui um dos mais altos índices pluviométricos da região sul com precipitação média anual entre 1.500 e 2.250 mm.
Além dos campos que cobrem os topos aplainados com gramíneas e pequenos arbustos, a vegetação do Parque é composta pela quase extinta Mata de Araucárias e pequenos exemplares de Carvalhos, Aroeiras e Braúnas.
O Parque também preserva espécies de Mata Atlântica que se desenvolvem nas encostas do Planalto, como: a Maria-mole e a Canjerana, árvore que atinge até 25 metros de altura.
Já a fauna local é bastante rica. Nas áreas de difícil acesso habitam alguns mamíferos ameaçados de extinção como a Lontra, o Cachorro-do-Mato, o Veado-campeiro, o Macaco-prego, o Bugio, o Caxinguelê e ainda o Puma, conhecido na região como Leão-baio.
Entre as espécies de aves, encontra-se o Papagaio-de-peito-roxo, a Curicaca e a Gralha-azul, bastante comum na área do Parque.
Confira as principais atrações do Parque Nacional da Serra Geral:
Recomendações aos visitantes:
1.Entrar nos cânions é tarefa para aventureiros que conheçam a região e estejam bem equipados, pois já aconteceram muitos acidentes com pessoas que não tinham equipamento nem preparo adequado para tal;
2.É aconselhável o acompanhamento de guia ou o uso de GPS (equipamento para navegação), pois, se ocorrer a viração, você poderá se perder com muita facilidade;
3.No verão, o horário mais indicado para se ter boas paisagens é pela manhã, pois à tarde a massa de ar quente da parte baixa se encontra com o ar frio da parte alta dando origem ao fenômeno da viração;
4.Consulte previamente a meteorologia e vá adequadamente vestido levando um agasalho para o frio, mesmo no verão;
5.É bom lembrar que barulho excessivo espanta animais e pode prejudicar outros grupos que busquem silêncio e paz;
6.Por medidas de segurança, a descida à base da Pedra do Segredo está proibida;
7.Lembre-se: o Parque destina-se à preservação total do seu ambiente, portanto é importante recolher e trazer todo o seu lixo de volta.
Como chegar – Existem duas alternativas de acesso ao parque. Saindo de Porto Alegre, pela RS-20, ou para quem vem do norte do país, pela BR-101, o acesso se dá por Praia Grande-SC, subindo pela Serra do Faxinal até a cidade de Cambará do Sul. A partir daí, seguir mais 23 km até o ponto de parada para o cânion Fortaleza.
Este texto foi escrito por: Jurandir Lima (arquivo)
Last modified: fevereiro 21, 2017