Uma atividade ilegal em quase todo o mundo: saltar de um local público. Perigo e marginalidade viraram atrações do base jump e a dupla Peterson e Sabiá desafiou os limites a partir do cartão-postal de Florianópolis.
Era uma terça feira, no último dia 23. Eu estava almoçando, quando o telefone tocou. Era o (Luís Santos) Sábia dizendo que estava a caminho de Tubarão, pois havia passado o fim de semana em Florianópolis realizando saltos na praia e decidira ficar mais alguns dias aqui em Santa Catarina para alguns base jumps.
Em principio, a idéia era saltar de uma chaminé, que por acaso fica aos fundos da minha casa (para avista-la, basta abrir a janela do quarto). Ela mede uns 700 pés, é bem altinha para base jumps. Mas por causa das condições climáticas daquele dia (estava ventando forte), não o fizemos.
Decidimos então ir para Floripa com a intenção de realizar um salto ao amanhecer, na histórica ponte Hercilio Luz. Atualmente ela está interditada para reformas. Apesar de já ter feito quatro realizado 4 base jumps naquela ponte, esta vez seria especial por dois motivos: o horário, ao nascer do sol, e ter o Sábia como companheiro de salto.
Chegando à cidade, liguei para o Roger (conhecido pára-quedista catarinense). Iríamos ficar na casa dele e lá prepararíamos os equipamentos para o salto. Fomos dormir cedo e eu estava encarregado de acordar a moçada para a balada, pois a intenção era subir a ponte antes do amanhecer e esperar clarear para saltar. Logo após acordar todos, às 5h30, liguei para um amigo fotógrafo, o Chico, convidando-o a registrar tudo. Sua resposta: “Ë claro!”
“Em um minuto o Peterson irá saltar (…) Comecei a contar: ‘3, 2, 1… Bom dia, Floripa!'”
Contagem regressiva – Chegamos na ponte e lá estava o Chico de camera na mão. Posicionamos o carro estrategicamente para uma eventual fuga. O Sábia pegou um rádio de comunicação e deixou outro com o Roger no solo. Também estava lá o Caloca, responsável pelo nosso resgate, caso alguém pousasse na água.
Tudo certo, começamos a subir. A caminhada não é a das piores, pois a ponte mede apenas 250 pés (75 metros até a torre). O Sábia subia a minha frente e, a cada passo, eu aproveitava para dar uma olhada no nascer do sol sobre o mar e as montanhas de Floripa. Chegamos ao topo e o Sábia fez contato com a equipe de solo. Era só aguardar ter luz suficiente para as fotos. Porém uma brisa começou a soprar. O Sábia olhou para mim e disse que se não saltássemos rápido teríamos que descer, pois o vento poderia aumentar.
“Em um minuto o Peterson ira saltar”, diz sábia para o pessoal do solo. Me posicionei da melhor maneira possível no objeto, o Sábia retirou minha bolsa já que o meu salto iria ser um direct bag. Checamos tudo e comecei a contagem: “3..2..1.. bom dia Floripa!”
Saltei, logo meu paraquedas inflou, peguei nos batoques rapidamente e naveguei para o pouso, perfeito. Rapidamente olhei para a ponte, o Sábia se posicionou e saiu em queda livre. A abertura foi perfeita, ele navegou e pousou no solo. Rapidamente entramos no carro e saímos.
A filmagem – assistimos umas 30 vezes – ficou muito legal, mas as fotos perderam qualidade por falta de luz. De qualquer forma, valeu. Foi meu nono base jump, realizado em um lugar maravilhoso, com pessoas legais e um lindo amanhecer! Agradeço todos que contribuíram para que o salto rolasse: Roger, Caloca, Chico e Sábia. Até o próximo!
Peterson Francisconi é pára-quedista e escreveu especialmente para a Webventure
Este texto foi escrito por: Peterson Francisconi
Last modified: fevereiro 29, 2000