por Gustavo Mansur (gusman@webventure.com.br) e Luciana Oliveira (luciana@webventure.com.br)
A edição 1999 do Eco-Challenge, terá uma participação brasileira reforçada. A prova será realizada na Patagônia argentina, na região próxima a cidade de Bariloche. Este ano, além dos mineiros da equipe Brasil 500 Anos, que participou da competição no ano passado, também estaremos representados pelos paulistas da Brazil Adventure Team. A equipe é formada pelos triatletas Sérgio Zolino e Márcia Diniz, o bombeiro Waldir Pavão, e pelo empresário Júlio Pieroni, ativo praticante de esportes de ação. Todos vem treinando forte e se preparando com afinco para as modalidades previstas para o Eco-Challenge deste ano.
Antes do Eco-Challenge, a equipe também vai estar participando da Expedição Mata Atlântica (EMA) como parte de seu projeto de treinamentos intensivos. “A expectativa que temos é de que a EMA vai ser uma prova extremamente difícil”, confessou Márcia que não se assusta com a presença de aventureiros e atletas de peso na prova. A Brazil Adventure Team tem treinado forte em lugares como a Pedra do Baú, em Campos do Jordão (SP) e nos rios do PETAR (SP). O grupo deve embarcar para Bariloche logo depois da EMA para iniciar os treinamentos já na região do Eco-Challenge. O objetivo não é só ganhar experiência em provas de aventura, mas mostrar que o Brasil chegou para ficar e disputar espaço com países de tradição no esporte, como a Nova Zelândia e Austrália.
Webventure: Qual é o perfil do participante do Eco-Challenge atualmente?
Márcia Diniz: O que tem acontecido é que estas provas de aventura estão se popularizando. Ontem eu li um dado de que o esporte de aventura cresceu 200% de um ano para cá. No ano que vem nós vamos ter além da Expedição Mata Atlântica no Brasil, o Elf Adventure em abril. Isso mostra o poder de fogo que tem hoje esse tipo de atividade. Então, como em tudo, hoje já existem os corredores da aventura profissionais. Já existem uma ou duas equipes que rodam o mundo participando destas provas. O John Haward, da Nova Zelândia e a Kathy Smith, dos Estados Unidos, são exemplos de atletas profissionais em competições da aventura. O que eu vejo são triatletas que estão saindo do tratlon se tornando profissionais em esportes de aventura, correm atrás do prêmio e vivem disso. Mas eu acho que o legal da história é que tem os dois lados, os que estão se profissionalizando e os que participam para curtir a prova, para ter um contato maior com a natureza.
Webventure: A competição é boa para triatletas?
Márcia: Eu vejo ser triatleta como uma vantagem física. Porque já estou preparada para fazer três esporte diferentes. Mas o físico não é tudo, 50% da dificuldade da prova está na sua preparação mental. Mas tem também o cara que curte a natureza, o praticante de trekking que vai lá com sua mountain bike para passear também é muito legal e está dentro do espírito da prova.
Webventure: Qual é o segredo para uma sintonia perfeita na equipe?
Márcia: O segredo é você dividir bem as tarefas. Cada um tem uma função dentro da equipe e exerce muito bem esta função. O Pavão, por exemplo, é o nosso navegador, então ele só vai navegar. O Zolino vai estar lá acompanhando o Pavão na navegação e cuidando da parte de alimentação da equipe. E eu vou estar mais atenta a parte burocrática como um todo. Cada um tem que esquentar a cabeça com uma coisa específica.
Webventure: Como é que você vê a EMA 99?
Márcia: Vai ser uma prova muito dura. Com mais de 300 km, cinco dias, que a gente já sabe que vai ter um rapel de mais de 200 metros e que a navegação vai ser muito complicada. Isso tudo vem de encontro a evolução da prova. Ano passado foi uma prova mais fácil, três dias apenas onde o Alexandre Freitas (organizador da EMA) introduziu o esporte. E todo mundo vem treinando muito duro. As equipes também evoluiram junto. A gente pode sentir isso nesta provas pequenas onde as equipes treinam juntas. A gente tem a expectativa que muita gente não vai terminar a EMA deste ano.
Webvetnure: Qual é a sua preocupação com a segurança? Porque existe uma idéia generalizada que quem pratica este tipo de atividade topa qualquer coisa.
Márcia: Não é nada disso. As pessoas confundem aventura com esporte radical. Esporte de aventura é porque está ligado a natureza e você está se aventurando a fazer alguma coisa que tem a ver com aquele meio-ambiente onde você está. Mas é tudo muito seguro. A gente não faz nada que não seja extremamente seguro. É como você ir mergulhar, para cada atividade que a gente faz tem todo um procedimento de segurança. E quando a gente não sabe alguma coisa a gente vai aprender, nunca fazer um esporte sem estar preparado para ele.
Webventure: No Eco-Challenge o maior risco não é o próprio cansaço da prova?
Márcia: Com certeza. Por isso cada um na equipe fica encarregado de se responsabilizar pela segurança de uma modalidade. Cada um vai se cansar só com o que tem que se cansar. Ninguém vai assumir a função do outro. Por exemplo, já está definido que eu vou tomar conta da moutain-bike. Então eu sou a responsável por todo o equipamento das bicicletas, e por chegar a segurança do pessoal nesta parte. É claro que existe o risco de estar todo mundo tão cansado que e cometer um erro. Talvez esta seja a parte mais perigosa da coisa.
Webventure: Duas equipes brasileiras no Eco-Challenge. Como é que você vê esta participação? Você acha que é pouco?
Márcia: No ano passado foi a primeira vez que uma equipe brasileira participou. Foram os mineiros do Brasil 500 Anos. Na época eu achei o máximo uma equipe brasileira estar participando do Eco-Challenge. Assim como até hoje nenhuma equipe brasileira participou do Raid Gauloises, que é outra prova de aventura que acontece na França de grande importância. Mas no Eco-Challenge, duas equipes brasileiras, eu acho muito legal. A primeira prova de aventura no Brasil foi a EMA no ano passado, e este ano a coisa já explodiu. Daqui pra frente você vai ver cada vez mais brasileiros competindo nestas provas.
Este texto foi escrito por: Webventure
Last modified: setembro 2, 1999