O montanhista Gil Piekarz; curitibano quer ser o terceiro brasileiro no cume do Everest. (foto: Divulgação)
O montanhista curitibano Gil Piekarz, de 45 anos, quer ser o terceiro brasileiro a chegar o cume do Everest. É ainda o único representante da América Latina na Expedição Everest 2001, composta por mais três escaladores cingapurianos. Gil partiu ontem para Cingapura ao encontro do restante da equipe (16 no total). De lá, o grupo seguirá até o Nepal, rumo ao Everest.
Dos onze brasileiros que tentaram chegar ao topo da montanha mais alta do mundo (8.850 metros), apenas dois conseguiram, Waldemar Niclewicz e Mozart Catão, em 1995. Este último morto no Aconcágua, em janeiro de 1998.
Apesar de ser desconhecido, Gil apresenta um currículo rico em escaladas em alta montanha. Entre elas, estão o Aconcágua, o Huascaran, o Alphamayo e o monte Vallunaraju. Eu escalo montanhas desde os 15 e 16 anos e alta montanha, acima de 5 mil metros, há doze anos. A primeira vez foi 1989 no Aconcágua. De lá para cá, já fiz onze montanhas, contou.
Idéia – A oportunidade surgiu de um encontro entre ele e David Lim, líder da expedição, na Internet. Em 1997, estava montando uma expedição em uma montanha acima dos 8 mil metros e comecei a fazer contatos com várias pessoas. Conheci o David Lim pela Internet. Fizemos amizade até que formalizamos uma escalada em conjunto.
Os dois fizeram duas expedições para se conhecerem. A primeira foi em fevereiro de 2000, quando escalaram o Vallecito (5.800 m). Em janeiro deste ano, eles escalaram os Ojos del Salado (6.893 m), na Argentina, e Cerro el Plomo (5.440 m), no Chile.
Para o desafio do Everest, David convidou mais dois alpinistas latinos, um montanhista boliviano e outro argentino, tentando criar um elo maior entre Cingapura e a América Latina. Porém, os dois não conseguiram patrocínios para expedição. Por pouco, Gil também não ficou de fora. Fechei patrocínios com empresas em Cingapura na terça-feira de Carnaval. Procurei por empresas no Brasil mas só uma me atendeu. Agora está tudo na correria, explicou.
Roteiro – O grupo escalará o Everest pela face norte, que fica no Tibet, considerada a mais difícil. Estamos indo na primavera, pré-monções, é a melhor época para se escalar a face norte, garantiu.
Mas o grande perigo está na reação do alpinista na fase final da expedição, nos últimos mil metros para o cume. Caso precise, Gil usará oxigênio artificial. Olha é o seguinte. Penso dessa maneira. Não vou lá para conquistar nada. Vou lá para tentar escalar a montanha. Eu me conheço até 7 mil metros. Já cheguei seis vezes até 7 mil. O problema é saber como irei me comportar entre 8 e 9 mil. Estou bem preparado fisicamente e tenho experiência. Por isso, me convidaram a integrar à expedição.
Na próxima terça-feira, o grupo embarca para o Nepal. Dia 24, irão, por terra, ao Tibet. Nos seis dias seguintes, os integrantes darão início ao processo de aclimatação.
O início da escalada, com a chegada ao campo base no Everest, será no final de março. Se tudo acontecer dentro do planejado, no final de maio, eles chegam ao cume. O retorno a Cingapura está marcado para o dia 8 de junho. Em 15 de junho, Gil estará no Brasil. Se tenho medo? Lógico que tenho e é bom. Já passei por várias situações perigosas. Porque se você está muito confiante acaba ficando desleixado. Menos confiante você fica mais atencioso com o meio-ambiente, finalizou.
Gil Piekarz tem o patrocínio da Snake e apoio das lojas Rio Climbling e Mont Blanc para a escalada. A expedição pode ser acompanhada pelo site www.everest.org.sg.
Este texto foi escrito por: André Pascowitch
Last modified: março 16, 2001