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Consciência é chave para evitar acidente na montanha

Redação Webventure/ Montanhismo

Sempre tenha alguém para fazer a segurança (foto: Renato Cukier/ Arquivo Webventure)
Sempre tenha alguém para fazer a segurança (foto: Renato Cukier/ Arquivo Webventure)

O montanhismo é um dos esportes de aventura mais associados a acidentes. É possível que eles aconteçam com maior freqüência nesta modalidade, ou provavelmente a ‘má fama’ foi dada pela mídia, sempre atraída para esses casos que, geralmente, exigem grandes e complicadas operações de resgate, como nos filmes de ação. A questão é: por que esses acidentes na montanha acontecem e como se pode prevení-los?

“Tudo começa com o comportamento de risco”, explica o montanhista Pedro Lacaz, especializado em pronto-socorrismo. Traduzindo: alguém ‘acha’ que sabe tudo de escalada e se aventura por onde não conhece, utrapassando seus limites físicos e suas habilidades. A maioria dos acidentes noticiados ultimamente tem essa causa: o caso do pai e do filho que despencaram no Pico do Jaraguá, em São Paulo; o jovem que sofreu uma queda da Pedra do Garrafão, no Rio. “Nem adianta colocar a culpa no equipamento, dizer que falhou. Quem falha é a pessoa, que não sabe usá-lo ou escolhe o material errado”, completa Lacaz.

Foi dele a iniciativa pioneira de criar um Relatório de Acidentes em Montanha para reunir histórias e chegar à estatísticas sobre esses casos. “Os relatos ainda não são muitos, as pessoas têm medo ou vergonha de falar sobre os acidentes que viveram ou testemunharam”, diz. Ainda sem possibilidades de tirar conclusões do que já foi colhido – a análise vai acontecer no fim do ano -, Lacaz avisa que, de acordo com estatísticas mundiais, a maioria dos acidentes acontece no rapel. “Muita gente acha que é simples fazer, mas esse é o momento em que a pessoa está descendo após a escalada, cansada e ansiosa para terminar logo.”

Nos Órgãos – Paulo Roberto Vicente, gerente do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, está acostumado a ver os ‘efeitos’ das imprudências de montanhistas e trekkers que visitam o local, um dos mais famosos do país. “Não temos tantos acidentes em escalada, mas quando acontece um, a repercussão é grande. Reconheço que não conseguimos controlar as pessoas que vêm subir as montanhas, hoje não é possível verificar se elas são qualificadas ou se trazem os equipamentos certos”.

O PN está criando um grupo de resgate para suprir essa falta. O que já existe é o ‘termo de responsabilidade’, que é assinado na portaria ou enviado via fax por quem quiser escalar, avisando dia e hora que pretende retornar. Às vezes, a diretoria realiza blitzes para ver o que os visitantes levam montanha acima. “Alerto para o uso de álcool e drogas, sempre pegamos gente que quer levar essas coisas e elas causam muitos acidentes, principalmente nas trilhas”, diz Vicente.

Fatalidade – Há riscos inevitáveis quando se escala. “Existe o risco objetivo, que é você ter um procedimento inadequado, por exemplo; e o risco subjetivo, que não é sua culpa, como uma avalanche”, explica Ronaldo Franzen, o Nativo, um dos montanhistas mais experientes do Brasil e colaborador da Webventure. Ele fazia parte da expedição em que três brasileiros morreram ao tentar escalar o Aconcágua, em 97. Nativo não acompanhava as vítimas naquele dia: “aconteceu de eles estarem no lugar errado, na hora errada. Foi fatalidade.”

“As chances de acidente são uma para cada mil comportamentos de risco, mas nada impede que ele aconteça na primeira vez”, lembra Lacaz. Consciência parece ser a resposta para a pergunta que lançamos no início desta matéria. “Se você não sabe, não faça. Conheça seus limites”, ensina.

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira

Last modified: outubro 19, 2000

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