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Duelo de Titãs e festa brasileira na final

Redação Webventure/ Montanhismo

A final da primeira Copa Sul-americana de escalada esportiva, ontem, pode ser definida como um ‘Duelo de Titãs’. Estavam presentes as maiores feras da escalada latino-americana e todos puderam comprovar. Juan José Fernandez, Diego Marsella, Guilherme Zavaschi, André Berezoski, Helmut Becker, Fabinho Muniz, entre outros (por enquanto) ainda não tão falados mostraram o que é escalar.

Mas me pediram para falar da final feminina, vou tentar me concentrar… Numa lindíssima via de 8a/b, as mulheres mostraram que força e resistência não são coisas de menino. Na seção vertical do muro, agarras pequenininhas e outras nem tanto – mas com pegas não tão boas – serviram para dar um “drops” do que nos esperava na seção negativa (depois do teto). Foi no meio desse negativo
que meu combustível acabou… quem mandou passar dois meses na Antártica, sem treinar?

Fui a primeira a escalar e, pela primeira vez, pude ver todas as meninas (pelo menos isso foi bom). Vendo a Camillinha (Santos), lembro
dos meus primeiros campeonatos, ela compensa o tamanhinho com muita força e uma garra emocionante – se prepara, mulherada, a Camilla vem aí! (viva as baixinhas).

Uma falta triste interrompeu a escalada da Vanessa (Valentim), o Z-Clip ocorre quando há costuras muito próximas umas das outras e o escalador não presta atenção na hora de costurar. Ao invés de puxar a corda que vem de sua cadeirinha, ela puxou a que vem de baixo da última costura e faz um “z” com a corda. Numa escalada, isso torna
impossível a progressão por causa do atrito. Conforme a regra, o campeonato o juiz contou a última agarra dominada antes da falta ser cometida para definir a pontuação da atleta.

A Janine Cardoso provou que nem um pé quebrado pode segurá-la por muito tempo e só não completou a via porque dois meses sem escalar tiram a resistência de qualquer mortal! Já a Gisely mostrou graça e leveza e garantiu um belo quarto lugar.

Revanche – Mas, como era de se esperar, o show mesmo ficou por conta das arqui-rivais (mas não inimigas!!!) Paloma Cardoso e a a chilena Sara Awlyn. Há alguns anos a Paloma vem acumulando segundos lugares por conta da força, resistência e experiência da Sara. E (como a própria disse) ninguém queria mais que ela essa vitória.

A via da final foi fácil para a Paloma, mas não aparentou ser tão fácil assim para Sara – apenas uma questão de estilo, pois tenho certeza de que para ela também sobrou braço. As duas completaram a via sem maiores problemas, dando mais trabalho aos route-setters, que tiveram de montar uma superfinal para o desempate.

Ninguém segura essa mulher, parece que nem se o Portela e o Half quisessem derrubariam a Paloma, tamanha era a vontade de chegar à última costura. A via superfinal estava BEM mais difícil, mas mais uma vez a Loira deu um show e foi até o fim (será que ainda dava para escalar mais?), enquanto a Sara ficou antes do último teto. Finalmente, Brasil no topo do pódio feminino sul-americano!

Bom, mas no mês que vem temos o Pan-americano no Chile e, não sei não, mas acho que vai ter gente querendo ir à forra… mas, cá entre nós, há rumores de que a Paloma esteja querendo começar a treinar MAIS forte… será que ela está de olho no Mundial?

Rosita Belinky, colaboradora da Webventure, escala há 11 anos e foi campeã brasileira em 92 e 94. Ela tem o patrocínio da Rainha e apoio de BY, Casa de Pedra e Oakley.


Este texto foi escrito por: Rosita Belinky

Last modified: abril 24, 2000

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