Canoar Master posa no Mundial (foto: Arquivo Maurício Borsari)
Este foi um dos anos mais marcantes para o rafting brasileiro: Mundial, criação do primeiro Paulista, planos de sediar competições internacionais. Entre sucessos e deslizes, a conclusão de que há dois rumos diferentes a serem tomados. Um é aproveitar o boom da modalidade aqui dentro – vide o crescimento do número de equipes – e a organização exemplar de algumas competições. O outro é buscar títulos internacionais. Este caminho sim, ainda está apenas começando a ser trilhado. O principal tombo foi a participação improvisada no Latino-Americano, que tirou o Brasil do Mundial de 2.000.
O ano começou tarde. Só em julho, com o Brasileiro que definiria a equipe masculina a representar o país no Camel White Water Challenge, primeiro Mundial da modalidade, na África do Sul. Como todo mundo queria ir, houve muito treino, mas ninguém conseguiu vencer a favorita Canoar Master. No feminino, a Canoar Irazul tornou-se tricampeã, superando a Aquática.
Gente grande – De posse do título, a Master arrumou as malas e um mês depois estaria remando no rio Orange, fruto de uma ‘enchente’ proposital, na África. “As corredeiras, com certeza, foram as maiores que eu enfrentei na minha vida. As provas de slalom aconteceram na primeira corredeira, uma classe V (…) Na realidade, ninguém passou ileso por ela no slalom, nós nadamos no ponto mais alto da corredeira, foi muito animal”, narrou o integrante da equipe, Maurício Borsari, em entrevista à Webventure no dia 21 de outubro.
Mesmo remando contra a força do rio e nível altíssimo da competição, o Brasil surpreendeu até os organizadores com um sétimo lugar. O ouro foi para os eslovenos, outra vez. A partir daí, as portas se abriram para os brasileiros e brotaram sonhos como os de ser a sede do Pan-Americano de 2.000. E mais: ficar com o título do Latino, em outubro.
Remendo – Às vésperas da competição, sem dinheiro, ninguém sabia se o rasil estaria na Costa Rica, para o Latino, que classificaria o campeão e o vice para o Mundial de 2.000. Sem dinheiro, não era possível levar as duas equipes que tinham direito às vagas pelo desempenho no Brasileiro, a Master e a Ativa Rafting, de Florianópolis (SC). A solução encontrada: criar um time misto. “Nunca tínhamos remado juntos (…) cada descida nossa era um teste. Cada hora ocupava um lugar no bote”, contou Fernando Cela, da Ativa, no dia 3 de novembro. Por milagre ou persistência, a “equipe” conseguiu chegar à 2ª colocação, atrás da Costa Rica, e a definição seria no descenso. O Brasil acabou perdendo no fôlego para o México, terminando em terceiro no geral.
Foi então que a Master quase acabou. Reduzido à metade e assistindo à eliminação do Brasil, os integrantes pensaram em desmanchar o sexteto. “Vimos que não dava pra jogar fora um conjunto tão afiado. Percebemos isso agora no Paulista”, revelou Frederico Diez Péres, no último dia 22. O campeonato estadual revigorou as forças da modalidade, com muita organização, cobertura on line da Webventure e um número de equipes equivalente ao Brasileiro: 21.
Mesmo sem muita preparação, a Master domininou no masculino. A disputa foi acirrada entre as mulheres, particularmente a Irazul e Aquática, outra vez. Enquanto a Irazul vivia o mesmo drama da Master – falta de treinos – a rival encarou o Paulista como a hora de vencer. Não deu outra. “Este foi o nosso segredo: preparação. Mas assumo que podíamos
estar ainda melhores. Agora, buscamos o Brasileiro”, avisa a campeã Patrícia Guidugli. Para Maurício Borsari, a Master deve buscar outros objetivos: “Existe esta intenção, mas precisamos de patrocínio.”
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira
Last modified: dezembro 30, 1999