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Estrutura do Dakar será toda transportada em aviões até a Líbia

Redação Webventure/ Offroad

Uma verdadeira operação de transporte foi montada pela TSO, organizadora do rali Paris-Dakar-Cairo para efetuar o transporte de todos os veículos e participantes do evento. O diretor-chefe da competição, o francês Hubert Auriol decidiu cancelar as quatro etapas no Níger quando recebeu informações do governo francês sobre possíveis atentados terroristas aos participantes do Dakar nas etapas entre as cidades de Niamey, Zinder, Agadez e Dirkou.

O Departamento de Estado francês levantou a suspeita de que terroristas ligados ao Grupo Islâmico Armado (GIA), grupo que luta pela implantação de um governo muçulmano na Argélia, preparavam atentados aos participantes do Dakar. Preocupado com as repercussões negativas do cancelamento das etapas, o governo do Níger chegou a oferecer hoje apoio militar e garantias de segurança aos participantes do rali. Mas a TSO preferiu não voltar atrás em sua decisão.

Durante a troca de informações entre a TSO e o governo francês ontem a tarde, chegou a se cogitar a hipótese de um cancelamento geral da prova. Uma decisão inédita na história do Dakar, que sempre viveu momentos de tensão por conta da instabilidade política africana. A idéia acabou sendo afastada para evitar manchar o nome do rali.

O Dakar só volta as trilhas africanas a partir da próxima segunda-feira, dia 17 de janeiro. A organização decidiu transportar toda a estrutura do rali através do ar. Foram contratados em regime de emergência 22 aviões, sendo dois cargueiros Antonov 124s, onde será feito o transporte dos helicópteros e caminhões da prova. Os trabalhos serão realizados sem interrupção até que a operação esteja concluída. Os veículos dos competidores começam a ser transportados amanhã de tarde. Serão realizados 18 vôos, entre Niamey (Níger) e os para os aeroportos de Sabbah e Waw el Kebir, na Líbia. Em cada viagem o Antonov 124s, tem capacidade de transportar uma média de 10 carros e 3 caminhões.

Para os mecânicos o dia de hoje foi de trabalho intenso. As equipes aproveitaram o antecipado dia de descanso para trabalhar nos ajustes e concertos dos veículos maltratados pelos primeiros dias de rail. Os carros, motos e caminhões serão entregues a organização da prova amanhã as 12 horas, quando se incia o transporte para a Líbia. Ficarão em regime de Parque Fechado até o dia da largada.

Brasileiros aproveitam para fazer ajustes

As equipes brasileiras BR Lubrax e Hollywood Troller o dia também foi de trabalho. Na equipe BR Lubrax quem mais trabalhou foi André Azevedo.André e seus companheiros de equipe, o tcheco Tomaz Tomecek e Petr Vodak passaram o dia realizando uma revisão do caminhão Tatra. “A decisão dos organizadores foi correta, mas o percurso perdeu 2.987 dos quase 11 mil quilômetros originais. Deles, 2.254 eram de trechos cronometrados, onde todo mundo tem de andar no limite”, comentou André Azeve hoje em Niamey. “Essa redução vai diminuir muito as quebras. Nós apostamos na desistência dos concorrentes que começaram andando muito forte, mas agora eles ganharam uma sobrevida que vai nos obrigar a forçar bem mais daqui para a frente”, desabafou o piloto. André mantém a segunda posição na classificação geral dos caminhões, mas está 40 minutos atrás do líder.

Juca Bala, que sofreu um acidente na segunda teve um dia mais tranqüilo. “Como eu sofri uma queda na segunda-feira, o que deveríamos estar fazendo hoje já foi feito”, explicou. O piloto que corre com uma KTM 660, assumiu o seu erro na queda, “perdi a concentração e não vi uma pedra escondida sob uma moita”, confessou. Juca ainda tem esperanças de conseguir uma vitória na Marathon. Klever Kolberg também não tinha muito o que mexer em usa Mitsubish Evolution. “Foi bom porque pude ajudar o André e o Juca, que tiveram pequenos acidentes, mas no meu Mitsubishi Pajero Evolution não fiz quase nada”, explicou Klever.

Na equipe Hollywood Troller os pilotos também aproveitaram o dia livre para realizar pequenos ajustes nos carros. “Os carros estão cada vez melhores e isso tem nos dado cada vez mais confiança. Não estamos arriscando, pois nosso objetivo é chegar ao Cairo, caso contrário, estou certo de que poderíamos estar entre os 25 primeiros na geral. Estou muito confiante de que chegaremos ao Cairo com os quatro carros”, disse Clauset, em contato pelo telefone Iridium. Quanto ao clima em Niamey, Clauset comentou: “Estamos tranqüilos, no acampamento, nem parece que existe um conflito”, conluiu.

Este texto foi escrito por: Gustavo Mansur

Last modified: janeiro 12, 2000

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