Foto: Pixabay

Graduação das vias

Redação Webventure/ Montanhismo

Tabela comparativa de graduação de vias (foto: Arquivo Rosita Belinky)
Tabela comparativa de graduação de vias (foto: Arquivo Rosita Belinky)

O Alpinismo (como é conhecido genericamente) ou Montanhismo (como eu prefiro dizer) consiste em muitos tipos diferentes de escaladas e ascensões (como descritas na seção “Modalidades”). Minha função agora é falar sobre os diferentes graus de dificuldade de cada tipo de escalada.

Vamos começar com o que é, aparentemente, mais simples: a Escalada Livre, tanto em rocha quanto em muros artificiais.

Digo aparentemente porque a escalada em rocha e muro, assim como a roda, o fogo, o avião e uma série de outras descobertas e inventos, se desenvolveu paralelamente em vários lugares do mundo – e antes da globalização.

O que aconteceu foi que, nos diversos países, os escaladores foram melhorando suas técnicas e escalando vias cada vez mais difíceis e atribuindo a cada uma dessas vias graus de dificuldade com nomenclaturas diferentes.

Eu tenho um amigo que diz que só existem três graus diferentes de dificuldade em escalada em rocha: Fácil, Difícil e Impossível. Tudo bem, é aceitável, já que todo tipo de graduação é mais ou menos subjetivo, porque a dificuldade que um escalador sente durante uma escalada esta intimamente ligada a vários fatores, tais como: o tamanho e a flexibilidade do escalador, a temperatura e o vento, sem contar no humor do cara (ou da cara) que está escalando, certo?

Acontece que, como há muito mais gente escalando, os graus de escalada foram se detalhando como em uma régua milimetrada. Nos primórdios não se escalava vias tão difíceis como se escala agora (principalmente pela diferença tecnológica dos equipamentos que são utilizados atualmente). Os graus de dificuldade foram aumentando e evoluindo aos poucos, como continua acontecendo agora, à medida que se conquista vias mais difíceis.

A graduação das vias agora é dada em termos comparativos com outras vias já existentes, ou seja, eu tenho em minha memória a dificuldade de várias vias que já escalei. Quando escalo uma via nova pela primeira vez, intuitivamente faço uma comparação com estas outras vias e exprimo minha opinião quanto a ela. Normalmente há um consenso entre os escaladores, mas às vezes surge uma controvérsia ou outra, que é sanada ou então a tal via é deixada como um grau indefinido, próximo de X…

Mas por que até agora eu não citei números, ou graus? Bem, esse é um assunto delicado, já que cada país, cada região dentro de um país ou mesmo cada ginásio de escalada dentro de uma mesma cidade tem uma graduação diferente – sutil ou brutal.

Por exemplo: eu posso escalar um 7a na Pedra do Baú, um 6b+ na Espanha, um 20 na Austrália, um IXa na Alemanha, um 7- na Suécia, um VII- na Suiça ou um 5.11a nos Estados Unidos, que ainda assim estarei escalando uma via com uma mesma dificuldade.

Mas atenção! Como eu já disse há discrepância entre as graduações de região para região: um 7a em São Paulo não é exatamente o mesmo 7a do Rio de Janeiro que, por sua vez, não é o mesmo 7a da Serra do Cipó, nem o mesmo 7a da Casa de Pedra nem da 90 Graus. Apesar de serem parecidos. Não se sinta um péssimo escalador se você estiver escalando sétimo grau no Baú ou na Casa de Pedra e chegar na 90 Graus e “tomar um espanco” de um sexto… isso sempre acontece comigo! É apenas uma diferença de graduação.

O que fazer, então? Minha sugestão é sempre que for escalar em um local diferente, consultar uma tabela comparativa (aproximada!), sem nunca se esquecer de consultar também um escalador local, para saber se o grau é “forte” ou “mais baixo” que o normal. Boas escaladas!

Este texto foi escrito por: Rosita Belinky

Last modified: fevereiro 3, 2002

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure