Cenas da Master no Paulista (foto: Renato Cukier)
Eles ganham todas no Brasil. Vendo por este lado, a equipe Canoar Master parece viver apenas com a correnteza a favor. Mas na verdade a vitória no 1º Campeonato Paulista de rafting, domingo passado, marcou o ressurgimento do time mais tradicional do país depois de uma fase difícil. “Ficamos decepcionados por não ir ao Latino e o Brasil ter perdido a vaga para o Mundial de 2.000. A partir daí, a equipe se desmotivou. Só reencontramos o prazer de remar no último fim de semana”, revela Frederico Diez Péres. Ele e Maurício Borsari, um dos integrantes mais antigos da Master, contaram essa história, em separado, durante entrevista à Webventure.
Webventure – Qual é o segredo da Master para ganhar tudo?
Frederico Péres – Temos um conjunto muito bom. Treinamos muito para o Brasileiro, que a gente ganhou. Depois desenvolvemos a técnica no Mundial, quando fomos 7º colocados. Mas para o Paulista não treinamos muito.
Maurício Borsari – Estou na equipe há 4 anos e durante boa parte deste tempo, principalmente em época de Brasileiro, a gente treinava várias vezes por semana no rio, de manhãzinha, antes de ir trabalhar. Nos conhecemos bem, somos amigos e isso faz com que mesmo que a gente fique um bom tempo sem remar, quando entrarmos num bote, haja uma sincronia automática. Mas é preciso dizer que não ganhamos tudo. Aqui no Brasil sim, mas lá fora ainda temos muito a evoluir.
Webventure – Apenas dois integrantes da Master foram ao Latino-Americano formando equipe com atletas da Ativa. Foi decepcionante não ter ido a equipe completa?
Péres – Foi tanto que a gente relaxou um pouco, deixou de treinar mesmo porque muitos não trabalham com o rafting e têm outros comprimissos. Pensamos até em desmanchar o time… Depois vimos que não dava pra jogar fora um conjunto tão afiado. Percebemos isso agora no Paulista.
Borsari – Pra mim, a decepção foi o Brasil ter perdido a vaga e ficado com uma impressão um pouco negativa pelo terceiro lugar. Havíamos ganhado da Costa Rica no ano anterior, nos Jogos Mundiais da Natureza. E durante o Mundial da África a organização nos apontou como um favoritos ao Latino, eles se impressionaram com os brasileiros.
Webventure – A saída do José Roberto Pupo mudou em que o perfil da equipe?
Borsari – O Zé formou todo mundo, passou todo o conhecimento de rio, parte operacional e estratégica. Ele é uma pessoa altamente emocional, então era capaz de levantar a equipe como ninguém. Acho que agora estamos mais tranqüilos nesta parte emocional, mas o Zé continua sendo uma referência para a equipe. O Caco, que agora rema com a gente, tem um jeito brincalhão, me adaptei bem a ele.
Péres – O Caco é professor dos instrutores, tem um grande conhecimento de rio e uma ótima preparação física.
Webventure – Já existem equipes encostando na Master?
Péres – A Caskuda foi a que mais se aproximou da gente no Paulista, eles treinaram bastante. Já a gente só foi reunir os seis no bote na quinta-feira, antevéspera da competição.
Borsari – Por não termos treinado tanto, achei que podíamos ser superados. Na verdade, me decepcionei um pouco com a disputa no Paulista, achei que o pessoal ia chegar mais perto.
Webventure – Até quando a Master vai reinar?
Borsari – Acho que estamos no auge, aqui no Brasil. De agora em diante outras equipes devem crescer, nos alcançar e até superar. Posso apontar duas equipes do sul, o pessoal da Ativa e o de Três Coroas.
Webventure – Então a Master vai investir mais em competições lá fora?
Borsari – Existe esta intenção, mas precisamos de patrocínio. E pra gente conseguir precisa casar o evento almejado com um resultado importante.
Pérez – Precisamos de verba para bancar as viagens. A CBCa costuma pagar as inscrições, a Canoar dá todo o apoio, a Rainha, os uniformes. Nosso objetivo é um dia ter a tranqüilidade para viajar aos campeonatos importantes com antecedência. E acima de tudo, remar por prazer, nunca por obrigação.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira
Last modified: dezembro 22, 1999