A prova excelente do segundo dia está com sua validade ameaçada. Houve
protesto por parte de alguns pilotos, pois as coordenadas de um dos pilões (ponto de contorno, análogo às bóias numa regata de barcos) estava errada.
Como este pilão tem uma referencia visual muito marcante (Vale do
Amanhecer), quem conhece a região navegou para lá sem precisar consultar o GPS e, por isso, fez a prova corretamente. Mas para quem não é do local a coisa complicou e alguns pilotos acabaram voando para o lugar errado confiando nos dados fornecidos pela organização.
Em tempo: GPS (Ground Positioning System) é um aparelho que dá as
coordenadas geográficas (latitude e longitude) graças a uma rede exclusiva de satélites em órbita de nosso planeta. Foi desenvolvido pelos americanos para orientarem-se no deserto durante a Guerra do Golfo, e acabou popularizando-se recentemente, sendo amplamente utilizado por trekkers,pilotos, velejadores, aviadores, montanhistas etc. Acabou-se o tempo de estar perdido.
Mais problemas – Outra big falha da organização: os bombeiros e paramédicos que teriam de estar de plantão na rampa não chegaram a tempo no terceiro dia (terça-feira), e a prova por isso foi cancelada, não se permitindo decolagem.
A condição estava muito boa, e foi desperdiçada por este contratempo.
A propósito, é uma raridade acontecerem acidentes atualmente em competições.
Desde o nível técnico dos pilotos até a escolha sensata das condições de vôo, em que uma comissão técnica analisa os fatores preponderantes
(intensidade e direção dos ventos, formação de nuvens, instabilidade do ar, etc), sempre existe uma grande preocupação com a segurança, inclusive com esta precaução a mais: equipe de socorro na rampa para qualquer eventualidade.
Ontem (quarta feira) a condição aerológica deteriorou bastante, os ventos aumentaram e a prova ficou difícil: somente 12 competidores conseguiram chegar ao gol, na Esplanada dos Ministérios. Alguns acabaram “merrecando”, ou seja, não conseguiram ganhar altura para voar para cima do planalto em direção à Brasília, e pousaram embaixo, no “foothill” (pé da montanha), obrigando os carros resgate da organização a rodar mais de 90 km para buscá-los.
Paulo César Fernandes, o Paulão, é editor da revista Airtime, veículo oficial da Associação Brasileira de vôo livre.
Este texto foi escrito por: Paulo César Fernandes
Last modified: agosto 17, 2000