“No ano passado, nesta mesma época, eu trabalha como vendedora de material de limpeza para supermercados. Meu roteiro cobria 52 cidades todo mês em Minas Gerais e foi numa dessas viagens que tive a maior aventura e também maior medo da minha vida…” Confira a história do rali “por engano” que Simone Peres conta o Webventure.
A primeira etapa desse meu roteiro foi de Araxá até Passos, passando por várias cidades. Saí às 8h com destino a São Roque de Minas. Para diminuir o caminho, olhei no mapa e vi um atalho por terra que daria 60Km. Viajávamos eu e uma amiga em uma Brasília ano 78, em péssimo estado de consevação… pegamos o atalho e seguimos contentes, até descobrirmos que já haviam passados bem mais que 80km. Seguimos preocupadas com a gasolina, até acharmos um posto no meio da estrada. Abastecemos e, quando chegamos em São Roque, vimos que não eram 60km e sim mais de 150km de terra.
Tomamos um banho para tirar o pó, almoçamos e resolvemos ir embora para casa (São Sebastião do Paraiso – MG). Passamos em um posto de gasolina para nos informar do caminho mais perto para o Porto do Glória e o “moço” disse que era pela serra, mais que só passava jipe e moto. Achei que ele estivesse brincando e segui. Quando dei por mim, estava ao lado da Cochoeira Casca D’antas. Então me desesperei, pois sabia que estava na Serra da Canastra e já estava terminando o dia.
Foi então que começou a aventura: pedras em que o carro deslizava e não subia, buracos em que quase cabia a gente dentro, em certos pontos descíamos do carro para pôr pedras nos buracos… Para piorar a situação, o escapamento estorou, a gasolina marcava reserva, começava a anoitecer, eu estava perdida no alto da Serra, em um lugar que o carro nem descia e nem voltava… Entrei em desespero: “e agora?”?
Sentei em uma pedra e imaginei todas as possibilidades para descer com o carro e nada, tudo era inútil. Acabamos passando a noite ali, com fome e muito medo naquele deserto de pedras e escuridão. Ao amanhecer, parece que as idéias clarearam e, com algumas manobras, e bastante pedras nos buracos, conseguimos descer a serra, com o carro desligado, pois a gasolina tinha mesmo acabado.
Avistamos uma casa, então abandonamos o carro e fomos saber onde estavámos. Era numa tal de Babilônia (uma fazenda no pé da serra), que foi onde tomamos café. Ali tinha gasolina pra vender e que custava um absurdo. Nós, que já não tínhamos mais dinheiro, propusemos uma troca: tudo o que tínhamos era uma caixa de material de limpeza. Para nossa alegria, ela foi aceita.
Fomos embora, com um barulho horrível da Brasilia, que ficou sem uma parte do escapamento. Pegamos mais uma serra menor mais a frente e levamos conosco a lembrança de uma noite horrivel. Mas hoje lembro e tenho muita vontade de voltar lá, só que equipada para um rali de verdade…
Este texto foi escrito por: Webventure
Last modified: julho 13, 2000