Gustavo fala de títulos e do profissionalismo da canoagem
E das possibilidades de ir à Sydney
Quinta, sexta, sábado… Gustavo Selbach anda contando os dias à espera de um dos principais momentos da carreira: a vaga para sua terceira olimpíada. O canoísta mais bem sucedido do slalom brasileiro estima que neste domingo, uma semana depois de ter conquistado mais um título, tenha a tão esperada resposta da Federação Internacional. A torcida é para que haja desistências: Selbach é o 19º na ‘lista de espera’ entre todas as categorias; seu conterrâneo, Cássio Petry, é o sétimo.
A espera é tranqüila, garante Selbach que, aos 25 anos, é visto como um ídolo pelos demais atletas, mas ainda luta com a pouca valorização da canoagem slalom no cenário dos esportes nacionais. “Eu tenho os pés no chão, sei que nosso esporte não é de massa, não movimenta muito dinheiro”, conta. A correnteza começou a ficar a favor: Gustavo acaba de fechar o que definiu como um ‘patrocínio provisório’, que vai tirá-lo do dia-dia de funcionário no cartório do pai, em Três Coroas, e garantir mais tempo para os treinos. “Ainda não é o ideal. Estou em busca de um patrocínio que me dê segurança pelos próximos cinco anos.”
Estrutura – Se a vaga for confirmada, Selbach sabe que Sydney poderá abrir muitas portas. Medalhas ainda são sonho, mas o gaúcho acredita que a performance pode ser a melhor que já teve. “Agora temos um técnico (o francês Alain Jourdant), que observa os nossos erros, cuida da preparação física, técnica e psicológica. Isso faz muita diferença”, diz. “A gente não estava acostumada com isso, sempre fizemos tudo sozinhos…”
Apesar de esperar por melhores resultados internacionais, Selbach garante não enjoar de reinar sozinho no slalom há tanto tempo – apesar de ele ter apenas 25 anos. Um de seus principais rivais abandonou o barco para se dedicar ao rafting. Leonardo Selbach, irmão de Gustavo, hoje vive organizando descidas no Mato Grosso. Outros adversários o substituíram e estão remando para chegar perto de Gustavo: “Existe muita pressão para eu sempre ganhe, por isso a rivalidade é muito saudável, estimula a todos e eles vão chegando cada vez mais perto. “
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira
Last modified: maio 25, 2000