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Viagem de Langsdorff é refeita para virar filme

Redação Webventure/ Expedições, Outros

Uma equipe de 10 pessoas inicia hoje, em Porto Feliz, a 125 km de São Paulo, uma viagem de barco por rios brasileiros para reviver a saga do cônsul e naturalista alemão Jorge Henrique Von Langsdorf. Há 170 anos ele comandou uma expedição fluvial de São Paulo a Belém para registrar as riquezas naturais do País. A equipe vai fazer em 30 dias parte da viagem que Langsdorff levou 3 anos para completar, percorrendo 6 mil quilômetros de rios.

O objetivo é reconstituir, por filmagens, o percurso e os relatos feitos pelos expedicionários no século passado. O resultado será um documentário produzido pela Grifa Cinematográfica, a ser exibido pelo Discovery Channel em abril do próximo ano para 50 países. “Achamos que este projeto é uma forma de contar a história do Brasil”, disse o produtor Fernando Dias.

As filmagens serão baseadas em roteiro do inglês Steve Bowles sob a direção de Maurício Dias. A Petrobrás está patrocinando o projeto via Lei de Incentivo Para a Cultura.

A Expedição Langsdorff terá a participação da artista plástica Adriana Florence, tataraneta do pintor francês Hércules Florence, que acompanhou o naturalista alemão na viagem de 1822 a 1829. A equipe viajará em barcos infláveis com apoio em terra. Estarão embarcados também o diretor de produção Renato Ciasca e o diretor fotográfico Hélcio Alemão Magnanini. As filmagens serão nos Estados de São Paulo, Mato Grosso e Pará pelos rios Tietê, Paraguai, Cuiabá, dos Peixes e Juruena.

O grupo espera encontrar cenários e habitantes semelhantes aos registrados pelos artistas que acompanharam Langsdorff naquela viagem. “Os índios Guapós de Mato Grosso, são os mesmos da gravura da época” disse Maurício Dias. As filmagens serão completadas em dezembro em São Petesburgo, na Rússia, onde se encontram os desenhos originais da expedição; em Freiburg, na Alemanha onde Langsdorff está enterrado, e em Paris onde viveu.

De acordo com o historiador Jonas Soares de Souza, da Universidade de São Paulo (USP), a expedição de Langsdorff foi a mais importante incursão científica pelo interior do Brasil no século passado. Financiada pelo governo russo a viagem reuniu importantes cientistas da época, com o objetivo de mapear o território, registrar a fauna, a flora e os costumes dos nativos. Além de Florence, que aderiu ao grupo após a desistência de Maurício Rugendas, outro nome famoso da época, embarcaram o zoólogo alemão Cristiano Haffe, o astrônomo russo Rubzoff, o biólogo alemão Luís Riedel e o artista francês Amadeu Taunay. A equipe percorreu as bacias do Tietê-Paraná, do Paraguai e do Amazonas coletando espécimes da flora e fauna, que eram enviados para a Rússia.

O diário da viagem foi publicado em 1875 por Alfredo de Taunay. O próprio Florence produziu um relato ilustrado da epopéia. Langsdorff não chegou ao fim da empreitada. Acometido por doenças tropicais e com desequilíbrio mental deixou a expedição em 1828, voltando para a Alemanha, onde faleceu em 1852.

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: outubro 16, 1999

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