Trechos em mata fechada predominam no trekking da EMA 2001 e já haviam aparecido na EMA 2000 (foto) (foto: André Chaco / Arquivo Webventure)
Formiga, porco selvagem, pernoite em rede e discurso sobre a beleza local. Esses assuntos curiosos foram os mais comentados no primeiro briefing da edição 2001 da Expedição Mata Atlântica, a ser realizada em plena floresta amazônica entre 23 de novembro e 2 de dezembro. A informação mais aguardada foi finalmente revelada: a prova será ambientada no estado do Pará. Mais detalhes? Só no início da corrida e ainda assim o mapa da prova não será entregue inteiro aos atletas, adiantou o idealizador Alexandre Freitas. Preparem-se: será uma prova psicológica.
Por isso é que, além de comentar dificuldades técnicas de cada modalidade, ele fez questão de mencionar a rotina de viver na selva, dando dicas para dormir, se defender de animais e, principalmente, curtir o evento. Acho que agora será possível entender que corrida de aventura não é só competição, também é lazer. Freitas já viajou cinco vezes para o Pará, definindo o percurso da corrida e a parte logística do evento, que vai envolver mil pessoas no local.
Pioneirismo – Nessas idas e vindas, teve contato direto com a natureza exuberante que não cansou de destacar na reunião: Acho que quem fizer a EMA 2001 não voltará a mesma pessoa, tamanha é a maravilha que vai se ver por lá. Foi exibido um minivídeo da Amazônia, com cenas da floresta e também dos 65 mil habitantes da região da prova, onde há trechos que, segundo ele, Freitas e a equipe que o ajudou a montar a corrida foram os primeiros a passar.
Não haverá trilhas demarcadas no trecho de trekking, considerado o mais importante da prova. Os competidores vão andar muitas vezes pela mata fechada, convivendo apenas com os animais que vivem lá. Mas o tempo todo serão monitorados por helicóptero e o resgate é possível nas clareiras que existem na floresta.
Para entrar no santuário de maior biodiversidade do mundo, os atletas precisarão de cuidados especiais. Na Amazônia, dormir em rede é uma lei. Nunca no chão. E, se tirar os sapatos, deixe longe do solo: é enorme o risco de um escorpião ou formiga entrarem nele, alertou o organizador. Ele arrancou risos dos atletas descrevendo um possível encontro com um bando de queixadas, espécies de porcos selvagens que reinam na floresta. Eles andam em bandos de 500 e você escuta de longe quando vêm chegando. Não atacam o homem, mas passam por cima do que virem pela frente. Meu conselho é um só: subam numa árvore, mesmo que seja pequena.
Objeto comum de uso dos moradores da região, o facão será equipamento obrigatório na EMA, para abrir caminho e se defender de animais. Não há nada demais nisso. Já foi obrigatório no Eco-Challenge (uma das corridas de aventura mais famosas do mundo), em Bornéo, no ano passado, destaca Freitas. O impacto ambiental de quatro pessoas (total de cada equipe) andando pela mata é pouquíssimo. Você e passa e, dali a pouco, é como se nunca tivesse estado ali, explica o organizador Alexandre Freitas.
Outros cuidados imprescindíveis para a corrida serão a existência de mais de um navegador por equipe e a importância de andarem todos juntos. Isto é questão de segurança e é o item mais preocupante na prova, diz ele. Sem poder contar com equipes de apoio, o que era possível nas edições passadas, os competidores terão de traçar uma estratégia precisa para enfrentar os seis dias na selva. As equipes só vão encontrar por três vezes os containers onde a comida e outros pertences serão guardados. Se não calcularem bem o que levar nas mochilas e na caixa acoplada à bike, terão problemas.
Já estão confirmados times de sete países para a EMA, que faz parte do Circuito Mundial de corridas de aventura, criado neste ano. As inscrições ainda estão abertas (veja como participar). Neste fim de semana acontece mais uma prova-treino para o evento, a Litoral 2001, na região de São Sebastião (SP).
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira
Last modified: julho 3, 2001
