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A importância do curso básico de escalada

Redação Webventure/ Montanhismo

Nó de fiel: fixando a corda à ancoragem (foto: Carol d'Essen)
Nó de fiel: fixando a corda à ancoragem (foto: Carol d’Essen)

Para quem quer começar no montanhismo, a melhor maneira é procurar informações e cursos em clubes e instituições voltados ao esporte. Confira abaixo a descrição do curso básico de montanhismo do CAP (Clube Alpino Paulista) e saiba quais são as primeiras informações que você deverá receber e as práticas necessárias para iniciar no montanhismo. Na seção “Clubes e instituições”, conheça outros lugares que também ofereçam esse curso. Só não se esqueça: o montanhismo é um esporte de risco e pular etapas de aprendizado pode ser fatal.

Muitas vezes ouvimos histórias fantásticas de conhecidos ou até mesmo de desconhecidos sobre aventuras fascinantes nas montanhas. Ou então lemos algum livro, vamos ao cinema e vemos aqueles homens corajosos enfrentando montanhas e paredões imponentes. E aí vem a pergunta: por que diabos alguém resolve deixar o conforto para trás e ir para lugares inóspitos, passar frio, comer mal e desafiara seu próprio limite? Certamente algo de muito recompensador deve existir por trás disso tudo. E existe.

Para entender essa filosofia de vida, nada melhor do que adota-la. Antes disso, porém, é preciso ter consciência de que o montanhismo é um esporte como outro qualquer, ou seja, tem seus risco e o principal: precisa de orientação.

Uma ótima opção para começar a se aventurar é fazer um curso básico de montanhismo. Ele oferece duas vantagens: te introduz ao esporte e apresenta pessoas com mesmo interesse que o seu.

O curso do Clube Alpino Paulista (CAP) é uma boa alternativa. São quatro aulas teóricas e quatro aulas práticas, intercaladas. Por exemplo, você tem sua aula teórica durante a semana e no fim de semana seguinte viaja, e coloca em prática tudo que aprendeu. As viagens são para PETAR, Visual das Águas, Campos do Jordão e Itatiaia.
Conheça nos links abaixo, um pouco do que é ensinado nestes cursos.

Primeira parte: equipamentos básicos de montanhismo

Na primeira aula do curso são apresentados aos alunos os equipamentos básicos de montanhismo: mochilas, saco de dormir, isolante, lanterna, fogareiro, cantil, etc.Cada equipamento tem uma explicação detalhada sobre sua história, o material de que é feito, como se utilizar e até como guarda-lo.

  • Mochilas
    Independente do tamanho e da função as mochilas são geralmente feitas de materiais como cordura, nylon e/ou poliéster. Apesar dos diferentes modelos presentes no mercado atualmente, as mochilas podem ser divididas em dois grupos principais: de ataque e cargueira. As mochilas de ataque comportam até 50 L e normalmente são usadas para caminhadas de um dia. As cargueiras carregam até 115L e são usadas para travessias de vários dias.

    Qualquer que seja a mochila não é aconselhável carregar mais que 10% do seu peso. Todo conteúdo em seu interior deve ser ensacado no caso de eventuais chuvas, pois as mochilas atuais ainda não são completamente impermeáveis.

  • Sacos de dormir e isolantes térmicos
    Dormir bem quando se está fazendo uma travessia é simplesmente essencial. Para isso é preciso saber escolher muito bem tanto o saco de dormir quanto o isolante.
    Os saco de dormir agüentam as mais variadas temperaturas. Os feitos com pena de ganso, por exemplo, aquecem muito, chegando a suportar temperaturas negativas. Os de algodão não esquentam tanto, mas também são muito eficientes. Um detalhe importante é verificar se a costura do saco é selada. Sendo assim, evita a entrada de água e ar. Muitos sacos de dormir são feitos de rip stop, um tecido quadriculado que evita que um rasgo ou furinho se transforme em um enorme buraco.

    Os isolantes térmicos são fundamentais em um acampamento. São eles que o isolam da umidade do chão que passa pela barraca. Os dois tipos mais conhecidos são os de borracha e os de ar.

  • Lanternas
    As melhores lanternas para quem caminha são as headlamps, (lanternas de cabeça), pois permite ao usuário ficar com as mãos livres. Dentro da categoria headlamp, existe o modelo artic, que são aquelas que trazem as pilhas da lanterna junto ao corpo.

  • Cantil
    Os convencionais geralmente funcionam como as garrafas térmicas, conservando a temperatura do líquido. Uma inovação é o camell bag. É uma espécie de sacola de água que pode ser colocada dentro da mochila e tem uma mangueirinha que fica do lado de fora da mochila, evitando assim, que o caminhante tenha que tirar o cantil da mochila toda vez que quiser beber água. Outro “cantil” que é muito utilizado é a garrafa pet (dois litros) de refrigerante.

    A segunda aula é dedicada a escalada. São apresentados os equipamentos, os nós e o vocabulário usado na rocha.

    Equipamentos de escalada

  • Mosquetão: um dos principais e mais importante equipamentos de escalada. É uma espécie de argola feita de liga especial de alumínio e alguns são feitos de aço. São usados para praticamente tudo: segurança, clipagem, para prender equipamentos, etc. OS principais modelos são: oval e o pêra com ou sem trava.

  • Freios: equipamento básico de segurança. Os três modelos mais usados hoje em dia são o oito, o ATC e o gri-gri. O Oito, como já diz o nome tem o formato de oito. São simples e eficientes, entretanto são pesados e torcem a corda, diminuindo sua vida útil. O ATC (Air Traffic Controller) é mais leve e não torce a corda. O gri-gri funciona como a trava dos cintos de segurança dos carros: se a corda levar um tranco ele trava automaticamente.

  • Costuras: geralmente usado por quem guia a via. São dois mosquetões com o gatilho curvo unidos por uma fita.

  • Fitas: As fitas tubulares, feitas de nylon, são usadas como segurança, para equalizar ancoragens e como extensão entre o grampo e o mosquetão.Tem geralmente 20 mm de largura e até 1m20cm de comprimento.

  • Cadeirinha: É parte do sistema de segurança. Formada por um cinturão largo e com uma fivela, juntamente com uma fita com duas laçadas para as pernas.

  • Corda: É seu elo com a rocha. Os dois tipos básicos são: a estática e a dinâmica. As estáticas são praticamente inelásticas, usadas como cabos fixos. Já as dinâmicas são elásticas, característica que amortece quedas na montanha. São as mais usadas pelos escaladores.

    Nós

  • Oito duplo: O oito duplo é um nó que não escorrega e pode ser usado no meio ou na ponta da corda

  • Fiel: É um nó indicado para fixar a corda à ancoragem. Não é aconselhável amarrar alguém pela cintura por este nós, pois ele é estrangulante.

  • UIAA: este nó é muito utilizado na prática do rapel, quando o escalador se vê sem outra alternativa, como os freios.

  • Prussic: O prussic é um nó blocante, ou seja, serve para travar. Na ausência de tração ele desliza sobre a outra corda, mas ao ser tracionado trava.

  • Pescador: Serve para unir duas pontas de corda com segurança.

    Na terceira aula são repassados os conceitos de escalada e é feita uma pequena revisão do que foi aprendido, com direito a chamada oral e tudo mais.
    O principal tema abordado na aula é orientação. São apresentados ao grupo a bússola e o GPS.

  • Bússola: Inventada pelos antigos chineses, a bússola é composta por uma agulha magnética montada sobre um suporte adequado na horizontal de modo que possa girar. Serve para orientação, para encontrar a direção do Norte. Tem a vantagem sobre o GPS de ser bem mais em conta.

  • GPS: O termo GPS quer dizer Global Positioning System. O GPS é um aparelho que recebe os sinais enviados por satélite e, a partir do tempo que demora para a chegada desses sinais, determina onde a pessoa ou aquele lugar que ela busca está.

    Na quarta e última aula os profissionais da área dão uma palestra para os alunos. Contam suas experiências boas e ruins e aconselham os principiantes. Temas como respeito e companheirismo são os mais abordados.

    “É na montanha, nas situações de limite, que conhecemos nossos verdadeiros amigos”, declara Davi Henrique, instrutor do grupo.
    Para finalizar todos recebem um certificado comprovando a presença no curso e não é raro ouvir alguém dizer: “Bom, onde vamos escalar no próximo fim de semana?”.

    Este texto foi escrito por: Carol dEssen

    Last modified: julho 6, 2001

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