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Tiago Fantozzi: surpresa à vista?

Redação Webventure/ Offroad

Sem querer  Fantozzi acelerou para ser o terceiro mais rápido em Jandira (foto: Luciana de Oliveira)
Sem querer Fantozzi acelerou para ser o terceiro mais rápido em Jandira (foto: Luciana de Oliveira)

Ele não está na lista dos favoritos para o título do 9° Rally dos Sertões entre as motos, mas Tiago Fantozzi já provou que pode ser uma das surpresas da edição deste ano. Terceiro colocado no prólogo da prova, realizado em Jandira (SP), até mesmo Tiago ficou espantado com seu resultado. “Eu não estava esperando ir tão bem ontem”, comentou. Hoje, na primeira especial da prova, fez de novo o terceiro melhor tempo.

Aos 21 anos, no entanto, ele não é um estreante em ralis. A nona edição do Sertões é a terceira da vida do piloto. Tiago estreou em 1999. “Nesse primeiro, fui mais como experiência. Entrei com a cara e a coragem”, explica. Mas, apesar de novato, Tiago conseguiu um excelente resultado. “Cheguei a estar em segundo lugar na geral”, lembra. Um problema mecânico em sua moto acabou lhe tirando todas as chances de vencer o rali.

Em 2000, quando voltou ao Sertões, Tiago já evoluíra como piloto. “Além da experiência, no segundo ano eu também cheguei com uma preparação melhor”, conta. Agora o piloto já começa a pensar alto. “Estou indo com o espírito de que, se chegar, já está bom. Mas é claro que meu objetivo é chegar a Fortaleza na liderança da geral.”

Apesar das pretensões no rali deste ano, Tiago quase ficou fora do Sertões. Os pilotos de sua família, que sempre o acompanhou nas edições anteriores, decidiram não vir para a prova deste ano. “Vim um pouco preocupado. Estou vindo sozinho pela primeira vez. Nos outros anos, minha família inteira vinha, meu primo, meus tios e amigos próximos, que são como membros da família. Mas este ano não. Vai ser barra pesada”, lamenta. Mas Tiago não estará tão só pelas trilhas do interior do Brasil. Seu pai, Décio Fantozzi, está participando da organização da prova, cuidando da cronometragem.

Fora das trilhas, o piloto faz faculdade de administração na ESPM, de São Paulo. Entre as diversas modalidades de moto que já testou – rali, motocross, enduro -, a preferida ele tem na ponta da língua: “rali, é claro.”

“Eu não queria ir bem no prólogo.” Partindo de um competidor, essa frase pode parecer sem sentido. Mas para Tiago Fantozzi, terceiro colocado no prólogo do Rally dos Sertões, em Jandira (SP), a sentença faz muito sentido. “Ainda não estou muito familiarizado com a moto e queria aproveitar o primeiro dia para isso, Largando mais atrás, você tem tempo, uma margem para o erro”, explica.

Segundo o piloto, a razão para um desempenho tão bom, mesmo sem ter se esforçado para isso, é a atmosfera do Sertões. “Eu larguei empolgado demais e acabei acelerando muito. Para completar, corri ao lado do Juca Bala e todo o clima dos Sertões me contagiou. A adrenalina já tinha começado”, disse.

Além da agitação, Tiago contou com outro estímulo para o bom resultado: as condições da pista de Jandira. Segundo o piloto, o prólogo estava ideal para tempos rápidos. “A pista estava básica, fácil, sem dificuldades. E o piso estava aderente, propício para acelerar. Não estava sol e não encontrei nenhuma dificuldade”, diz, para depois completar: “Usei muito a malandragem e a malícia: Fui no ânimo do Sertões.”

Para Tiago Fantozzi, a partir de agora um fator será determinante na competição: o calor. Segundo o piloto, as altas temperaturas serão as grandes vilãs do rali neste ano. “O calor vai castigar muito, tanto os pilotos quanto as máquinas”, alertou. Além do calor, Tiago avisa que a poeira também será um problema: “Estou esperando muito pó daqui pra frente”, admite.

Mas Tiago não deve ser castigado pelas condições climáticas. O piloto fez uma preparação física específica para o Rally dos Sertões, na Fórmula Academia, incluindo musculação e alongamentos. “Muitos acham que alongar não serve para nada, mas é importante. É sempre bom fazer alongamentos antes de cada prova”, avisa.

Nem mesmo sua moto deve sofrer avarias causadas pela temperatura. “Mandei minha moto para a Bike Box, que é uma das melhores preparadoras de motos do país.” Toda essa estrutura não está custando nada para o piloto. Entretanto, ele também não vai ter lucro por sua participação. “Este ano só vim porque recebi o apoio da Ipiranga e da Bike Box. Hoje eu estou com meu investimento coberto, mas não ganho nada por isso.”

Consistência – Mas nem mesmo com o bom preparo Tiago pretende tirar tudo de sua moto. “Estou indo para chegar. Sei que a prova vai tirar muitos no meio do caminho e a consistência vai ser a diferença”, explica.

Sobre a baixa no número de inscritos na categoria Motos, ele tem sua teoria. “É um reflexo do ano passado. A edição do ano passado acabou queimando o filme do Rally, foi muito dura e, no Brasil, a realidade dos pilotos de rali é outra. Aqui não existem profissionais, somente pessoas que fazem isso por diversão. Só que no ano passado não foi assim. A prova foi muito difícil e alguns pilotos viram que estavam fazendo um investimento muito alto não mais para se divertir e comer poeira, mas para sofrer. A organização pecou neste aspecto e os competidores acabaram rejeitando o rali por isso. Mas esse ano tem tudo para estourar.”

Este texto foi escrito por: Bruno Doro

Last modified: julho 8, 2001

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