Nossa viagem começou as 6h30min de 28 de janeiro de 2001. Quando saímos da casa de minha mãe (eu, minha namorada e a filha dela, de apenas 2 anos)!
Planejamos o roteiro com um mapa rodoviário, seguindo pelo interior do país. Então fomos de Curitiba a Ponta Grossa, Castro… até chegarmos em Ourinhos (São Paulo),isto é, atravessamos parte do Estado do Paraná, depois São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins até chegarmos em São Luiz do Maranhão. Para isso, levamos três dias viajando.
Começamos enfrentando os radares (muito arriscado andar além de 110 km/h) e pedágios paranaenses e, onde não tinha pedágio, posso dizer que foi um dos piores pedaços de estrada. Depois tivemos que enfrentar um pequeno desvio de 300 quilômetro (queda de barreira na Br 153), para conseguirmos chegar à cidade de Lins/SP , onde almoçamos às 14h do mesmo dia (já estávamos cansados, porém nossa meta era Goiânia e não desistimos disso. Tanto é que em São Paulo, Minas e Goiás minha velocidade média (excluindo-se os centros urbanos) foi superior à 130 km.
Sempre com o auxilio do mapa, erramos três vezes a saida de Lins, mas não desanimamos, depois só parávamos para abastecer e trocar a neném + Bwc. O mais interessante é que as vezes fazíamos 500 km com um tanque de combustível, outras 350km, outras quase 600 km !?!
Chegamos em Goiânia às 10h30min do mesmo dia, exaustos (só eu dirigia). Lá ficamos na casa de uma irmã da minha namorada, jantamos, dormimos por volta da 1h da manhã. Partimos de Goiânia às 09h30min do segundo dia e fomos parar em Guaraí no Tocantins às 20h. Depois de um trecho horrível de estrada, já que tínhamos que chegar à uma cidade “grande” onde ficamos em um Hotel decente.
Saímos de Guaraí às 6h do terceiro dia e chegamos em Imperatriz às 13h onde almoçamos na casa do irmão de minha namorada (ele administra um motel em Imperatriz). Partimos de Imperatriz às 15h e paramos em Buriticupu às 19h do mesmo dia na casa dos pais dela, onde ficamos 3 dias.
A maior parte da nossa bagagem ficou em Buriticupu: como estoque de fraldas, roupas,cadeirinha da neném …porém embarcaram conosco o irmão, a sobrinha e a mãe de minha namorada. Apesar disso, foram 600 quilômetros tranqüilos até a casa de uma amiga da família em São Luiz, onde ficamos quatro dias, cada dia em uma praia. Conhecemos a litorânea, um pouco da cidade, a praia do Araçaji onde fui encontrar uma “caravela” que abraçou a minha perna esquerda (chorei por duas horas!). Fomos comer baião de dois,carne de sol, conhecemos shopping.
Voltamos para Buriticupu, depois Imperatriz aonde passamos mais 6 dias no motel. Conhecemos a fazenda do sogro do irmão dela (ela tem quatro tanques de peixes apenas para os amigos irem lá pescar ) e experimentamos um pouco da boa vida de quem tem dinheiro naquela região. Comer, festar e beber…
1- Interessante você passar mais de uma hora na rodovia Transbrasiliana andando à uma velocidade média de 150 km/h.
2- Encontrar jegues na estrada foi uma rotina constante.
3- Presenciar o modo como o nordestino escolhe a carne que vai comer : com as próprias mãos direto na carne em um açougue sem refrigeração, a uma temperatura superior a 30 graus.
4 – Experimentar cupu com leite (a vitamina de uma só fruta) e suco de polpa de maracujá (muito mais gostoso que qualquer suco natural de qualquer outro lugar).
5 – Experimentar buriti (a fruta que faz voltar suas antigas doenças venéreas )
6 – Comprar um pilão enorme , trabalhado, por 10 reais , sendo que em curitiba não se pagaria menos que 50 reais.
7 – Dançar forró no famoso “Forró do Piqui” aonde não é nada mais que três casas feitas de barro formando uma meia volta num terreirão aonde monta-se um palco improvisado e lota-se de forrozeiros sem distinção.
8- Dançar forró em um bairro de São Luiz aonde todo mundo entra (não se cobra entrada , não tem salões fechados , são enormes coberturas de palha aberto dos lados).
9 – Maravilhar-se com as plantações goianas que, parecem feitas por quem tem dinheiro para investir, pois sua aparência é muito melhor que as paranaenses.
10 – A churrasqueira estranha, aonde você assa a carne colocando-a dos lados. O carvão fica em uma grade no meio.
11 – Apreciar a sensualidade da mulher maranhense que, por mais simples que seja, sabe explorar o que tem de melhor.
12 – Ouvir o maranhense falando, “saaii daaqui seeuu poorra …” … raapaaizz nãão soou porra nãão viu”!!
13 – Comer todos os dias arroz com fava + salada mista (alface,tomate, beterraba, pimentão. Tudo picadinho numa mesma vasilha )!
14 – Passar por uma revista minuciosa em um posto policial do Maranhão quando estávamos indo e voltando de uma festa com sete pessoas no carro, só porque a nossa frente ia uma caminhonete de um dos grandes da cidade. Simplesmente o guarda nos acenou com a mão!
15 – Entrar em uma rua de Imperatriz sem saber que na quadra seguinte estaria na contra mão, pois não há placa alguma indicando o sentido.
16 – Parar na rodovia esperando o rebanho passar por você, o carro cercado de bois …
17 – Presenciar vários caminhões queimados na beira da estrada até Buriticupu chamados de carvoeiros, pois com o atrito o carvão pega fogo e é só encostar e deixar queimar, não há qualquer recurso próximo.
18 – Ter que jogar o carro para fora da estrada evitando que a imprudência de caminhoneiros se transforme numa tragédia. Pois eles ultrapassam e não tiram o caminhão da contra-mão, você que vem em sentido contrário que se vire.
19 – Tomar um capote (canjão depois de uma noitada).
20 – E muito mais …. fatos e curiosidades que devo narrar na segunda parte (o retorno com dengue, passando por Paraíso do Tocantins,Caldas Novas e Uberlândia)
Em Janeiro/2002 irei de carro até Fortaleza, desta vez com uma filmadora e relatarei tudo o que se passar minuciosamente.
Este texto foi escrito por: Ade Martins
Last modified: setembro 24, 2001