Equipe atravessa no primeiro trekking da prova a mata que cobre as regiões de devastação mais antiga na Amazônia do Pará. (foto: Gustavo Mansur)
Além da competição que se desenrola na região amazônica do Pará, a EMA 2001 dá uma oportunidade rara de se medir de perto a extensão dos danos e da destruição que a maior floresta tropical do mundo anda sofrendo. Mais do que trechos de selva fechada, as equipe percorrem a maior parte da prova em áreas já alteradas pela ação do homem.
O cenário às vezes é desolador, como na estrada que liga o PC7 ao PC9. Pouco antes de entrar na selva, os competidores têm de enfrentar uma difícil trilha em meio às mais recentes queimadas da região. O terreno é perigoso e traiçoeiro, cheio de troncos secos e, em algumas partes, toras, gigantescas e ainda fumegantes. A trilha, muitas vezes se transforma em pedaços de madeira queimados, em pequenos tocos pontiagudos e traiçoeiros. Uma pisada em falso ou uma queda podem provocar um sério acidente.
As equipes puderam acompanhar as etapas da destruição da floresta de perto. Da saída do PC3 (trekking) até a chegada ao PC6, passa-se por uma área coberta por vegetação baixa e rasteira, que muito lembra o cerrado das regiões Centro-Oeste e Nordeste. São áreas que sofreram ocupações menos recentes. O cenário é bem inusitado para quem imaginava descer do rio Amazonas em plena selva. Nos trechos de biking as equipes percorreram estradas empoeiradas, sem árvores, sem sobra, em um calor típico do interior nordestino. Não foram poucos os que comentaram que nada disso lembrava a Amazônia.
Do PC6 até o PC8, os times passam no trekking por áreas de desmatamento recente que vai até a entrada da selva. É aí que estão as grandes queimadas que se pode ver dia e noite nas trilhas da EMA 2001.
Somente a partir da metade da trilha do PC8 ao PC9 que os competidores realmente entram na selva amazônica. Um cenário belíssimo misturando as árvores de madeira-de-lei com grandes vales. A verdadeira Amazônia que todos imaginam, mas que só dura até o PC17 quando as equipes voltam para a realidade da região: sem selva, sem árvores, com muito calor e poeira.
Este texto foi escrito por: Gustavo Mansur
Last modified: novembro 28, 2001