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Aventura e Ação: Nada é fácil

Redação Webventure/ Corrida de aventura

Alguns fatores do sucesso são determinação e concentração  ressalta Victor Lopes. (foto: Arquivo Aventura  Ação)
Alguns fatores do sucesso são determinação e concentração ressalta Victor Lopes. (foto: Arquivo Aventura Ação)

A edição de março da revista Aventura e Ação traz, entre outros destaques, um perfil completo de Victor Lopes, da Lontra Radical Reebok. Com exclusividade para os internautas do Webventure, confira um aperitivo: a versão resumida desta reportagem sobre “o capitão da melhor equipe brasileira de corridas de aventura da atualidade”.

Vitão é um cara que não vai deixar a própria história passar em branco e que não se conformaria com a rotina de apenas acordar, trabalhar, dormir e pôr filho no mundo. Esta é a autodefinição de um quarentão que esquece quantos anos tem e, privilégio de poucos, não lembra nem quando se olha no espelho.

Fundador e capitão da melhor equipe de corridas de aventura do Brasil, a Lontra Radical, ele fala sobre a tendência dessas provas, a vida em família e o casamento mais que perfeito entre a advocacia e as competições. Aos 43 anos, olha para a vida como quem sabe que o melhor da festa ainda está por vir, num misto de moderação e inquietação.

Antes de competir em corridas de aventura, o paulistano Victor Lopes Teixeira Filho participou de provas de triatlo, entre os anos de 1989 e 2000. Desde 99, quando foi realizada a primeira corrida no país, a EMA (Expedição Mata Atlântica) está à frente da Lontra Radical vice-campeã da EMA por três anos consecutivos e campeã do Circuito Brasileiro em 2001 – e que hoje é composta por oito integrantes.

Melhor atleta? – O dia de Vitão começa, quase sempre, às 4h15 da manhã. Treina duas modalidades, uma antes e outra depois do expediente no escritório de advocacia, onde permanece de seis a sete horas diariamente. Segue esse ritmo de segunda a sexta-feira, suando cerca de três horas e meia por dia. Aos finais de semana, pode alterar essa quantidade de horas para mais. Às vezes, bem mais.

Dono de um preparo físico invejável, não titubeia em determinadas questões: “Não existe o melhor atleta. É impossível precisar isso. Existe a melhor equipe, que é a nossa”, diz, respondendo à pergunta que fiz a respeito de sua posição no cenário atual do esporte.

Ele emenda acrescentando que tudo pode acontecer numa corrida de aventura. “Todas as etapas, de todas as corridas, são muito difíceis. Não entendo quando ouço coisas do tipo: ‘aquela etapa foi fácil’. Fácil? Não existe nada fácil. Há quem diga isso sem ter conseguido terminar a prova. Eu, que sempre terminei uma corrida, sentindo o peso de cada dificuldade, não entendo esse tipo de comentário. Você não pode relaxar. Jamais. Porque justamente naquele trecho que parecia ‘fácil’ acontece uma torção e aí a prova acabou. Alguns dos fatores do nosso sucesso são determinação e concentração. Não relaxamos nunca”, enfatiza.

O mesmo objetivo – Victor aponta outro ponto que, segundo ele, é um dos principais erros de algumas equipes iniciantes, a formação de grupos heterogêneos. “Um tem melhor preparo físico, outro quer olhar a paisagem, outro quer fazer ecoturismo e o outro quer vencer. Qual é o objetivo? Este tem de ser o ponto de partida. Mais importante até do que o relacionamento é como os integrantes encaram a corrida. A preparação tem de ser igual, a visão, dedicação e o profissionalismo têm de ser os mesmos”, ressalta.

Quanto ao relacionamento entre o pessoal da Lontra, limitou-se a dizer que, no geral, se dão bem. As discussões acontecem, mas não chegam a resvalar em posturas agressivas, garante.

Com tantas competições, treinos e a disciplina inerentes ao esporte, como fica o advogado? Melhor, afirma. “Nessas provas você aprende a ouvir as pessoas, a se relacionar e, sobretudo, a pensar sob pressão. Quantas pessoas trabalham sob pressão? Saber administrar isso é superbenéfico a qualquer profissional, em todos os sentidos. Durante as corridas, várias vezes me peguei repensando atitudes, algo do tipo: ‘por que fui tão intransigente com fulano?’ Comprovo diariamente que o advogado saiu ganhando”, conclui.

“Eu me gosto” – Com 1,76 m e 70 kg, é vegetariano há 17 anos, controla o peso sem grandes dificuldades e não abre mão de uma boa massa e pizza de mussarela, que carrega para as competições. “Uma fatia de pizza gelada, dobrada feito sanduíche é uma delícia!”, diz, lembrando que é importante incluir alimentos com um pouco mais de gordura no dia-a-dia, como o azeite e o amendoim, para enfrentar melhor as provas.

“A vida passa muito rápido e não entendo como tantas pessoas não se cuidam. Eu me gosto e procuro provar isso pra mim fazendo as coisas que gosto”, diz. Quanto às corridas, físico e psicológico vão bem obrigado, a idade não é tão importante em corridas de aventura, dificuldades existem para serem ultrapassadas e o equilíbrio psicológico “aumenta” com o tempo, argumenta. “Minha maneira de viver me manterá nas provas mais difíceis”, finaliza.

– “E é sua receita pra ser feliz?”
– “Procuro ser feliz. Mas acredito que posso ser um pouco mais” responde, do alto de sua saudável inquietação.

Tudo sempre pode ir um pouco além para este atleta, que sente a vida como um contínuo desafio e, se o melhor da brincadeira começa mesmo aos 40, ainda preencherá muitas páginas em branco na história deste esporte. Oxalá.


(*) repórter da Aventura e Ação. Esta é uma parceria do Webventure e da revista Aventura e Ação. Clique aqui e confira os demais destaques da edição de março, que já está nas melhores bancas.

Este texto foi escrito por: Érika Franquilino*

Last modified: março 7, 2002

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