Nascentes de vários rios estão no Tumucumaque (foto: Sérgio Brant – IBAMA)
Em homenagem à semana do meio ambiente (2/06 a 8/06), trazemos uma reportagem sobre uma área no norte do Brasil que poderá ser o maior parque de floresta tropical do mundo, a reserva de Tumucumaque.
O Brasil está prestes a ganhar mais um Parque Nacional, o Montanhas de Tumucumaque. Mencionando assim, temos a impressão de ser apenas mais uma área de preservação ambiental no país, mas, se aprovado, o Tucumaque será o maior Parque de Floresta tropical do mundo.
O processo está sendo realizado pelo Ministério do Meio Ambiente e o INCRA, que repassou ao IBAMA algumas áreas estudadas para se tornarem unidades de proteção nacional. Entre essas áreas, está a proposta para o Parque Nacional das Montanhas de Tumucumaque, que abrange 3,8 milhões de hectares, território maior que a Bélgica.
A região se distribui pela fronteira norte do Brasil, no Amapá, além de uma pequena porção do Pará, na margem direita do rio Jari.
De acordo com o artigo 22, da Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, o IBAMA está realizando uma consulta pública no site (www.ibama.gov.Br) que tem o objetivo de coletar sugestões e idéias que possam colaborar para a criação do parque. Recebemos cerca de 500 e-mails, 98% deles a favor da criação do Parque. As poucas pessoas que são contra são movidas por interesses particulares, afirma Bernardo Brito, Consultor Pnud do IBAMA.
A equipe do Webventure entrou em contato com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Amapá e com a Secretária Municipal do Meio Ambiente de Macapá, mas os respectivos secretários não foram encontrados para se pronunciar sobre o assunto.
Grandiosidade – A área, localizada em uma região de preservação da biodiversidade em floresta tropical, região de Oiapoque, norte do Amapá, terá setores específicos para ecoturismo e pesquisa ambiental. Hoje, o maior parque do mundo fica no Congo, na África, e conta com pouco mais de 2 milhões de hectares.
O clima quente e úmido pedomina na região, dominada pela floresta tropical densa. Na porção centro-norte do parque a floresta é de alto porte e as árvores formam uma cobertura uniforme, com núcleos esparsos de árvores emergentes.
As espécies que mais se destacam são maçaranduba, maparajuba, cupiúba, jarana, mandioqueira, louros, acapu, acariquara, matamatás, faveiras, abioranas, tauari e tachi. Na região da Serra Lombarda, porção leste da área proposta, a floresta é exuberante e rica nas áreas de relevo residual, com porte alto e espécies emergentes. Os matamatás, breus, abioranas, cupiúba, jarana, acariquara e maçaranduba são comuns na região. Algumas espécies constituem grupos gregários nesta região, como acapu, apazeiro, cedrorana, pracachi, piquiá, tauari, e outras.
No bloco oeste da área do parque, a floresta densa, com árvores emergentes domina as porções mais movimentadas do relevo local (a serra do Tumucumaque). Ela varia entre floresta de alto porte, com predominância de angelim-pedra, maçaranduba e sorva e floresta de baixo porte, com bastantes faveiras, quarubas e matamatás. Nas áreas de relevo dissecado, a floresta densa, com árvores emergentes e alto porte é caracterizada pela maçaranduba, maparajuba, tauaris, faveiras e alguns angelins.
Rio Jarí – Nas proximidades do rio Jari, ocorrem manchas de florestas do tipo aluvial, com grande quantidade de ingá e faveiras ocupando os terraços, em meio à floresta dos terrenos ondulados. Também observa-se afloramentos rochosos com vegetação de arbustos e gramíneas (carrasco).
Tumucumaque tem uma fauna muito rica e pouco estudada, que vai desde espécies de mamíferos, como a onça e a sussuarana, até as araras, marianinhas, jacus, beija-flores multicoloridos e grandes pássaros frugívoros da copa da floresta, tais como o anambé-militar, o pássaro-boi e o gainambé.
A região abriga as nascentes de todos os principais rios do Amapá, com destaque para o Oiapoque, o Jari, e o Araguari. O Oiapoque faz a fronteira do Brasil com a Guiana Francesa, tendo um traçado retilíneo, encaixado em extensa fratura tectônica. O rio Jari é a divisa entre os estados do Pará e Amapá e o rio Araguari é o principal curso d´água do Amapá, gerando energia e fornecendo água para abastecimento urbano.
Dois divisores de águas se destacam na área do Parque: a serra do Tumucumaque e a serra Lombarda. Morros residuais do tipo pão de açúcar (inselbergs) se destacam na paisagem da região oeste do parque. Os solos predominantes são de baixa fertilidade natural.
Este texto foi escrito por: Samir Souza
Last modified: junho 7, 2002