Um dos empecilhos para o crescimento das corridas de aventura no Brasil é a falta de patrocinadores para eventos e atletas, o que não ocorre com esportes tradicionais que não têm dificuldades para angariar patrocínio, como o futebol. Esportes fora do jet set jornalístico têm baixa exposição na mídia, principalmente televisiva, como, por exemplo, as corridas de aventura e assim enfrentam dificuldades por ainda serem desconhecidas do grande público. E por serem desconhecidas, têm poucas chances de atrair investimentos, mídia e público. Parece mesmo uma condenação ao anonimato perpétuo.
O principal objetivo da Sociedade Brasileira de Corridas de Aventura é o de fomentar o crescimento sólido e duradouro da modalidade no Brasil e também dos seus participantes. É patrocinadora do Circuito Brasileiro de Corridas de Aventura e da equipe EMA Brasil, que representa o país em competições internacionais.
Como patrocinadora do Circuito Brasileiro, a Sociedade assumiu a responsabilidade de oferecer os meios necessários para a participação e segurança das equipes, como embarcações (canoas canadenses e caiaques infláveis), remos, cordas para etapas de verticais, GPS e BEACON rádio transmissor localizador de emergência.
Qualidade – Assim, a Sociedade adquiriu equipamentos de qualidade, além de formar pessoal técnico responsável e homologar empresas idôneas. Com isso conseguiu diminuir a taxa de inscrição de seus eventos e aumentar o número de participantes. Ela subsidia, ainda, inscrições através das premiações próprias de cada etapa: vagas gratuitas para outras etapas do Circuito e, também, para a principal Corrida de Aventura da América Latina, a EMA Expedição Mata Atlântica.
Também sabe que patrocínio é fundamental para o desenvolvimento do esporte. Espaços para inserção da logomarca nos coletes de prova das etapas do Circuito Brasileiro são bastante generosos. Existem restrições somente no colete oficial de prova e no capacete. Nas outras peças, é permitido expor identificações livremente.
Para a EMA (Expedição Mata Atlântica), existem regras específicas para patrocínio que coíbem a exposição gratuita de marcas de roupas e equipamentos cujas aparições devem ser negociadas. Enquanto houver exposição gratuita para empresas fabricantes de roupas e equipamentos, difíceis serão as negociações com patrocinadores.
Na ausência de um patrocinador oficial, as equipes podem explorar sua própria marca. Por exemplo, a maioria dos capacetes exibe a logomarca do fabricante, ocupando um espaço que pode ser utilizado para expor o patrocinador ou o nome da equipe. Expor a logomarca da equipe, mesmo quando não há patrocinadores, é uma forma de se valorizar e aparecer. Quando a equipe expõe a marca de um fabricante, perde a oportunidade de se promover: além de pagar por aquele equipamento, faz a propaganda gratuita daquele fabricante.
O mesmo ocorre com as roupas. Quando a equipe EMA Brasil participou do Raid Gauloises 2002 no Vietnã, a única marca exposta em seus equipamentos e roupas foi o nome da equipe. Nos equipamentos, a marca do fabricante foi coberta por adesivos com a logomarca da equipe. Assim, em qualquer imagem feita dos competidores brasileiros, a única marca que apareceu e fez promoção foi a da equipe EMA BRASIL.
Outro obstáculo na busca por patrocinadores é o anonimato: no Brasil apenas quem está em destaque consegue bons contatos, o que nem sempre representa bons contratos. As empresas dificilmente investem no desenvolvimento das camadas de base do esporte. Como no futebol: escolinhas de treinamento sobrevivem graças ao esforço próprio, pois há patrocínios e visibilidade somente para times grandes. Nas corridas de aventura, o patrocínio é para equipes que apresentam resultados mais expressivos, com maior experiência e já com mídia.
Talvez seja uma ótima oportunidade tornar o círculo vicioso, o da falta de patrocínio para equipes e seu anonimato congênito, em círculo virtuoso. Como é algo inédito, sua receptividade na mídia e sociedade seria enorme. Afinal, a tendência de patrocínio somente para equipes prontas, formadas, assemelha-se à época em que o homem colhia os frutos da floresta enquanto existiam, abandonando-a quando se tornava improdutiva.
Fixar-se à terra, cultivá-la e promover seu progresso, indiscutivelmente, foi muito melhor para a humanidade. Por que não repetir este modelo?
Este texto foi escrito por: Alexandre Freitas, especial para o Webventure
Last modified: julho 24, 2002