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Mercado se abre para seguro para aventuras

Redação Webventure/ Offroad, Outros, Páraquedismo

Seguradora estreou plano para esportistas de aventura no Rally dos Sertões 2002. (foto: André Chaco / Webventure)
Seguradora estreou plano para esportistas de aventura no Rally dos Sertões 2002. (foto: André Chaco / Webventure)

Esporte de risco para o praticante, negócio de risco para as seguradoras. Essa idéia ainda resiste no Brasil quando o assunto é criar seguros de vida para adeptos de esportes ditos “radicais”. Mas aos poucos isso está se tornando uma prática viável.

No último Rally dos Sertões, o maior evento off-road da América Latina e considerado o de maior repercussão em aventura no Brasil, uma seguradora ofereceu o produto a todos os competidores e apoios, em atitude inédita na prova que completou 10 anos. Foi uma mostra de que grandes seguradoras já apostam neste segmento, seja com seguros de vida individuais ou mesmo coletivos para englobar integrantes de instituições esportivas inteiras.

O começo – “Quando comecei a saltar, em 1994, 95, não existia nada nesse sentido. As apólices de seguros normais excluíam a prática de atividades de risco em letras garrafais”, lembra Paulo Kalassa, que possui uma corretora em São Paulo e, nos fins de semana, adotou o pára-quedismo como hobbie e, mais tarde, passou a competir e dar instrução sobre a modalidade. “Resolvi estudar o mercado e criar um seguro inédito, mas então só para pára-quedistas. Começou a funcionar em 98, em parceria com uma seguradora francesa”, conta. A parceria com uma grande seguradora, a resseguradora, faz dela um tipo de “Banco Central” – caso a empresa que criou o seguro enfrente problemas financeiros, seus clientes serão socorridos pela parceira.

Hoje Kalassa tem outras grandes seguradoras como parceiras, entre elas o HSBC e a Porto Seguro, e mantém também um seguro para pilotos de aeronave. Esses seguros são destinados a aeroclubes e outras entidades, englobando seus sócios. Entre pára-quedistas, Kalassa diz ter a média de 300 segurados a cada mês. A corretora também tem planos individuais com seguros de vida convencionais que quebram o padrão por incluir cobertura para prática de diversas modalidades de risco, menos o motociclismo e o automobilismo.

Falta de dados – A maior dificuldade para convencer as seguradoras a apostar nos esportistas de aventura é a falta de estatísticas. Como comprovar que se trata de modalidades de risco controlado, em que os acidentes são eventuais? “Somos bastante carentes de dados, não se sabe o básico: quantas pessoas praticam esportes de aventura no Brasil”, lembra Kalassa. “Aliás não existe nem um consenso do que é esporte radical ou de aventura.”

“No pára-quedismo, por ser praticante, corro atrás dos dados e tenho maior acesso. Desta forma, excluo situações absurdas como ter um seguro para uma empresa cujo piloto não tem licença para lançar pára-quedistas”, conta.

Para Antonio Paulo Meyer, vice-presidente da seguradora Soma, que ofereceu o produto aos participantes do Sertões, não é preciso provar. “Partimos do princípio de que quem voa de asa delta, por exemplo, está apto a voar. Fazemos questionários aos interessados e perguntamos se ele é certificado e por qual instituição. Se ele for é porque fez um curso e tem os conhecimentos das normas.”

Há oito anos a Soma, que existe há 25, busca inaugurar no Brasil um serviço especial para que está mais exposto ao risco ou possui doenças pré-adquiridas, características então excluídas dos seguros normais. Faz dois meses, tempo em que o seu seguro de “riscos agravados” foi registrado no Instituto Brasileiro de Resseguros, que a seguradora tem apostado também nos “radicais”, em parceria com a alemã Monique Resseguradora, considerada a maior do mundo.

Segundo Meyer, a demora para que seguradoras tradicionais atuasse nesse mercado se deve a um padrão do seguro no Brasil. “Para ter seguro a pessoa tem de estar em perfeitas condições de saúde, não ter profissão de risco e nem praticar atividades ditas ´radicais´”, conta. No exterior, as empresas criaram seguros para pessoas que se expõem a riscos ou estão doentes, calculando o quanto mais seria preciso pagar para esta cobertura. Quando o Brasil teve a possibilidade de que essas empresas resseguradoras atuassem junto ao Instituto Brasileiro de Resseguros, o caminho se abriu.

Depois de lançar o produto, a empresa tem recebido dados do mercado de aventura levantado por entidades como a Promotrade, que organiza a Adventure Sports Fair. Agora, trabalha no processo de aproximação com este público-alvo. No Sertões foram seis vendas, na primeira ação junto a esportistas de aventura. Segundo a empresa distribuidora do produto, foi feito um contato mais rápido com os competidores já em Goiânia, quando eles estavam concentrados para a prova. Criou-se um plano de marketing para tornar o seguro conhecido dos consumidores potenciais enviando representantes a eventos de aventura e agências especializadas no segmento.

Mercado surpreende – Meyer, que pratica mergulho há 20 anos, confessa que até se surpreendeu: “Não imaginava que o mercado da aventura fosse tão grande.” Para Kalassa, “sem dúvida, a mudança da imagem sobre esportes de risco ajudou muito. Antes quem praticava era encarado como louco. Hoje, as próprias empresas organizam atividades outdoor com experiências de aventura para seus funcionários.”

“Estamos caminhando. Entre as maiores seguradoras do país, a resposta ainda é a mesma: não há interesse”, finaliza Kalassa. Meyer completa: “Elas estão interessadas na massificação do seguro, enquanto nós trabalhamos com produtos mais específicos”.

Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: agosto 23, 2002

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Redação Webventure
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