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Internauta narra sua viagem pela América do Sul neste Minha Aventura.
Fogo, terra, água e ar, os quato elementos em suas múltiplas versões: lama, chuva, gás vulcânico, neve, vento, gelo, rípio, asfalto, árvores caídas, estradas e rotas interrompidas, serras a serem cruzadas, vulcões a serem escalados. Estes foram alguns dos obstáculos que nós tivemos que enfrentar em nossa expedição 2002, uma aventura difícil de ser vivida, mas fácil de ser contada, como se pode ver no que está sendo relatado abaixo:
Primeiramente estávamos pensando em fazer nossa viagem de férias percorrendo o caminho de Santiago de Compostela. Daí surgiu a necessidade do Jean participar de uma reunião profissional no Chile e isto foi o pontapé inicial deste projeto.
Somos pessoas que gostamos de conhecer lugares diferentes e com paisagens naturais atraentes, mas não temos a experiência dos grandes aventureiros. As pequenas viagens off-roads que realizamos com o Gulliver (nossa Mitsubishi L200) nos motivou a desenvolver este projeto devido a segurança, estabilidade e conforto que o carro tem nos proporcionado. A nossa L200 nos deu confiança de desejar, pensar e realizar esta viagem.
Com um prazo muito curto para todas as decisões metemos a mão na massa e fomos organizando as coisas como:
– Definir o roteiro;
– Visitar os consulados da Argentina, Chile e Uruguai, para verificação de informações, legislação, etc;
– Providenciar a emissão da carteira de motorista para poder dirigir no exterior;
– Comprar acessórios específicos para este evento como agasalhos, sapatos para enfrentar caminhadas em regiões frias, medicamentos, etc;
– Realizar contatos com a Mitsubishi e Brabus para nos auxiliarem com patrocínio e informações;
– Comprar e ler mapas e revistas relativas ao roteiro que desejávamos fazer;
– Organizar o dia-a-dia da casa para poder viajar, como contas, emergências, contatos etc;
– Providenciar a extensão do seguro do carro para estes países, o que nos custou muito stress e só foi resolvido pelo empenho de nossa corretora Fátima, quando já estávamos em viagem.
– Verificar a cobertura da assistência médica;
– Visitar e ler todos os sites disponíveis;
– Contatar pessoas que possuíam alguma informação etc, etc etc.
Nossa viagem foi definida na última semana de janeiro de 2002. Inicialmente estava prevista para acontecer a partir do dia primeiro de março, até o dia 5 de abril. No final, a viagem teve início em 26 de fevereiro e terminou no dia oito de abril.
Corremos muito, mas em 26 de fevereiro estávamos com o pé, ou melhor, com as rodas na estrada. É interessante como a ansiedade de iniciar a viagem nos obriga a fazer uma série de checagens no momento em que iniciamos o roteiro. Ficamos conferindo: veio tal coisa? Sim, veio a outra? Sim. E assim vai, até se acostumar que tudo o que você irá usar e precisar nos próximos dias, está organizado dentro do carro.
Ousadia – Fomos ousados em nossa decisão: em uma mesma viagem resolvemos chegar até a última cidade da Carretera Austral Chilena (Villa O´Higgins) e a última cidade Argentina (Ushuaia – cidade mais austral do mundo) sozinhos (Apenas o Jean e a Nêusa) e de carro. Tivemos a sorte e o azar de estar na Patagônia no período em que choveu em três a cinco dias o que chove o ano inteiro e pudemos ver e vivenciar a conseqüência desta chuva.
Nós tínhamos nosso destino final da expedição, mas vivíamos o roteiro desta viagem sempre por dia, ou seja, não ficávamos pensando em todo o trajeto até o final e sim preparando e organizando a próxima etapa.
De São Paulo BR a Erechim BR, percorrendo 892 km de asfalto. Hoje foi um dia para dirigir com o objetivo de chegar mais ao sul do Brasil possível. Seguimos pela BR 116, passamos por Curitiba, pegamos a BR 476 e depois a BR 153 até Erechim. Cruzamos hoje os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e chegamos até o Rio Grande do Sul. Dia de sol, estradas razoavelmente vazias, mas com um certo volume de caminhões, que com raras exceções, nos dão passagem.
27/02/02 Até o Final do Brasil
De Erechim BR a Uruguaiana – BR, percorrendo 698 km de asfalto. Saímos de Erechim em direção a Carazinho pela BR 285 e no caminho paramos para visitar a Missão São Miguel.
As reduções jesuítico-guarani, localizadas em território hoje brasileiro, eram conhecidas por Sete Povos das Missões. São Francisco de Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São Miguel Arcanjo, São Loureço Mártir, São João Batista e Santo Ângelo Custódio. Hoje, podemos visitar os remanescentes arqueológicos de quatro dessas reduções.
O tratado de Madri (1750) determinou a troca dos Sete Povos das Missões pela Colônia de Sacramento. Revoltados com este tratado, os missioneiros entraram em confronto com a Espanha e Portugal (1754/1756) na chamada Guerra Guaranítica, em que foram derrotados. As missões Jesuíto-Gurani são consideradas Patrimônio Cultural do Brasil e protegidos pelo IPHAN. São Miguel Arcanjo é considerada, também, Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Na Missão de São Miguel, pudemos ver um casal de índios Tupi Guarani com um filho. Eles não falam Português, só Tupi Guarani. O guarda da missão nos disse que na região há em torno de 65 índios. A prefeitura está fazendo um trabalho de assistência, fornecendo cesta básica, assistência médica. Cerca de 99% deles falam além do tupi guarani, espanhol. Poucos falam Português.
Vivem da agricultura e do artesanato vendido aos turistas. È um lugar que vale a pena ser visitado. Da Missão, seguimos em direção a São Borja pela BR 285 e depois a Uruguaiana pela BR 472. Agora, já se começa a ouvir as misturas de português e espanhol. Como o dia está quente, nosso amigo Gulliver ganhou um banho.
28/02/02 Início do Território Argentino
De Uruguaiana BR a Bell Ville AR, percorrendo 791 km de asfalto. Cruzamos logo cedo a fronteira para a Argentina. Foi um pouco confuso, pois não há placas, nem indicação e tem que se ir perguntando para todo mundo até acertar e nós nunca havíamos cruzado de país por terra. Encontramos uma família de argentinas (mãe e duas filhas, que estavam voltando de férias de 2 meses de Camboriú – BR) que permitiram que nós as seguíssemos, pois estávamos indo para a mesma direção.
O fato de estarmos juntos facilitou e não tivemos que parar em todos os postos policiais desta região de fronteira (que são muitos), mas não nos livrou de um deles (na região de San Jaime Entre Rios). Eles nos multaram porque nossa L200 possuía engate traseiro. O Jean tentou argumentar e até se propôs a retirar o engate, mas o guarda não permitiu e tivemos que pagar uma multa de 115 Dólares.
Ele apresentou um documento xérox bem gasto, que nem as argentinas acreditaram que era verdadeiro. Elas não podiam nos ajudar, pois estavam sem extintor de incêndio e o guarda sabia (mas não as multou por isto).
Dica – Se algum brasileiro vai para a Argentina de carro é melhor retirar o engate traseiro e o quebra mato se tiver, pois os dois (segundo estes guardas, pois o consulado não informou estes dados) são motivos de multa. No Chile o quebra mato foi proibido, mas não tivemos problemas, por sermos estrangeiros.
O roteiro de hoje foi: Uruguaiana em direção a Santa Fé pela ruta 14, depois pegamos a ruta 127, depois a 12, depois a ruta 18. Começamos a descer em direção a Rosário pela ruta 11 e entramos em direção a Barrancas, San Genaro e Las Rosas pela ruta 65 (este trecho não constava no mapa que possuíamos, só foi possível fazer seguindo a nossa guia) e depois Bell Ville pela ruta 9. Dormimos em Bell Ville que é a cidade destas argentinas que seguimos.
De Bell Ville AR a Uspallata AR percorrendo 827 km no total, sendo 784 km de asfalto e 43 km de rípio. Hoje pudemos ver a paisagem mudar muito. Os locais na Argentina pelos quais passamos, apresentam uma paisagem plana com grandes áreas de pastagens e plantações, como soja, milho e girassol.
A caminho de Uspallata, vimos as montanhas surgindo. É emocionante ir percebendo a formação e a forma da cordilheira aos poucos aparecendo no fim da estrada. Uspallata é um lugar tranqüilo e pudemos percorrer um pouco a região. Hoje mesmo, foi possível conhecer os cerros 7 colores, uma região de montanhas, com terra e pedras que variam as cores. Hoje, passamos por várias plantações de uvas. A região de Mendoza possui várias vinícolas.
O trajeto do dia foi: de Bell Ville pela ruta 9 para Villa Maria, depois para Rio Cuarto, depois para Villa Mercedes pela ruta 8, depois San Luis, Mendonza e Uspallata pela ruta 7. Na ruta 7 estão em obras para a duplicação, mas apesar de ser pista única, é fácil de dirigir, pois nesta região os caminhões se mantém a 80 e 90 km/h, facilitando assim a ultrapassagem dos carros. Está escurecendo por volta das 08:30 horas, é gostoso e proveitoso ter o dia prolongado.
2/03/02 O Encontro com o Aconcágua
De Uspallata AR a Uspallata AR, percorrendo 234 km no total, sendo 167 km de asfalto e 67 km de rípio. Visitamos o parque do Aconcágua, que é emocionante de se ver. É realmente lindo, como também deve ser perigoso e difícil para quem o escala. Na estrada está a conseqüência desta dificuldade: o cemitério andinista.
Visitamos Los Penitentes, Polvaredas, Punta de Vacas, Puente del Inca. Vistamos também o Parque Tudunqueral, onde há escritos rupestres nas pedras. Toda a região possui uma vegetação característica de montanhas nesta altitude. Hoje existem árvores grandes na região que modificam a paisagem. Esta plantação começou com os militares há mais de 100 anos. Na época do inverno quando há nevascas e o cruze para o Chile se fecha as pessoas se concentram em Uspallata. Muitos caminhões brasileiros passam por esta estrada em direção ao Chile.
3/03/02 Início do Território Chileno
De Uspallata AR a Viña Del Mar CH, percorrendo 341 km no total, sendo 325 km de asfalto e 16 km de rípio. Os jovens da cidade de Uspallata passaram a noite toda na rua conversando, bebendo, escutando música e namorando e quando estávamos tomando café, eles estavam indo para casa.
Hoje cruzamos para o Chile, mas antes de chegar na fronteira chilena subimos até o Cristo em Las Cuevas. Ele está cerca de 4.300 metros de altura, numa estrada de terra, estreita e em forma de caracol, onde algumas vezes só passa um veículo. Lá em cima ventava tanto que não se podia ficar muito tempo fora do carro. Isto nos fez pensar o quanto deve ser difícil escalar as altas montanhas geladas. É muito esforço, muita preparação e claro, determinação e coragem. Entramos no Chile por uma das mais severas aduanas. Eles verificam tudo, com o objetivo de proteger as suas riquezas: a agricultura e a pecuária.
Passamos por Portillo (uma das estações de esqui do Chile mais conhecidas). Portillo estava muito bonito, ensolarado e com céu e o lago turquesa ao fundo. Hoje saímos de cerca de 2.000 metros de altitude, subimos a mais de 4000 metros e fomos para o nível do mar. Saímos de um vento forte e congelante para o calor (não como o Brasil) mas de praia. Quantas mudanças em um mesmo dia!
No hotel que ficamos tivemos a felicidade de conhecer um dos donos, que se chama Jorge e que nos deu muitas informações sobre os lugares a serem visitados no Chile e principalmente sobre a carretera austral. O percurso de hoje foi: saímos de Uspallata pela ruta 7, cruzamos a fronteira do Chile, seguimos em direção a Viña Del Mar pela ruta 60 até Chacres, depois pegamos um pedaço da ruta 5 até Hijuelas e retornamos pela ruta 60 até o litoral.
4/03/02 O Oceano Pacífico
De Viña Del Mar CH a Santa Cruz CH, percorrendo 486 km de asfalto. É a primeira que chegamos ao oceano pacífico de carro (sem ter realizado uma parte de avião), o que é uma experiência interessante, principalmente porque estávamos ontem em cima da cordilheira.
Visitamos a costa (Viña Del Mar, Valparaiso, Concón) e fomos até Zapallar, que é um lugar charmoso com casa lindas, jardins bem cuidados e um mar com praia e areia como nosso litoral. Os chilenos dizem que esta é uma região onde os políticos, artistas etc possuem casas. De Zapallar subimos mais um pouco até Papudo e pegamos a ruta 5 em direção a Santiago. Continuamos na ruta 5 até a direção de San Fernando e fomos em direção a Santa Cruz, passando por Placilla, Rancagua, Paniahue (região de grande plantações de uvas e circuito do vinho).
Hoje foi o início das aulas no Chile. Em todas as cidades, de todos os tamanhos, se vê as crianças uniformizadas indo ou saindo das escolas.
5/03/02 – A Região das Frutas
De Santa Cruz CH a Curicó CH, percorrendo 278 km total, sendo 243 km de asfalto e 35 km de rípio. Toda esta região já começa a mostrar características interessantes, como mais vegetação, cultivo de frutas (ameixa, uva, tomate, pêssego…) e reflorestamento, que contrasta com a região semi desértica dos dias anteriores, tanto no Chile como na Argentina.
Hoje, o dono da cabaña que ficamos hospedados, nos levou para ver a colheita e embalagem das uvas, também vimos e comemos as ameixas que ficam ao sol secando (maravilhosas). Ganhamos dos donos do local, uvas para levarmos na viagem, uvas sem caroço que estavam doces como mel. O dono do local quando nos viu, disse que já sabia que havia brasileiros na cidade, pois havia visto o Gulliver na praça principal, na qual há um magnífico hotel do dono da vinícola Tarapacá.
É incrível o número de vinícolas que há nesta região e que problema: como Vinho não é nossa bebida principal, fomos obrigados a comprar algumas caixas de “péssimos” vinhos chilenos, os quais custam cinco vezes mais caros que no Brasil (para não dizer tudo ao contrário, é claro).
De Santa Cruz, fomos para o litoral conhecer duas praias: Pichelemu e depois por uma estrada de rípio, conhecer Bucalemu. Para Pichelemu fomos por asfalto cruzando Palmilla, Peralillo, Marchihue até Pichelemu. De lá pegamos a estrada de rípio e chegamos em Bucalemu.
Fomos almoçar em um restaurante na beira da praia e a TV estava ligada e passando a novela EL Clon (O Clone), está há alguns capítulos antes do que no Brasil.
O dono do restaurante queria saber como ficamos sabendo deste local, acho que não entendeu nada, porque somente os pessoal da região costuma vir a esta praia. De Pichelemu, voltamos em direção a Santa Cruz novamente por outra estrada, passando por Paredones, Lolol e seguimos em direção a Chepica e depois Teno, daí pegamos a ruta 5 até Curicó.
Em Curicó encontramos um amigo-cliente do Jean (Renato) e fomos jantar juntos o prato escolhido foi lomo a los pobres, o nosso famoso bife a cavalo.
De Curicó CH a Talca – CH, percorrendo 76 km de asfalto. Hoje conhecemos uma planta da empresa que o Jean trabalha em Curicó, onde se processa diversos tipos de frutas para se fazer polpas e de lá seguimos para Talca onde conhecemos a planta de processamento de polpa de tomate.
Almoçamos em um grupo de 5 pessoas, provei o pisco (muito bom) e também um tipo de marisco as deliciosas Machas Parmesan ao Forno. Elas são gratinadas com queijo (inigualáveis). Hoje reservamos um tempo para deliciar as frutas. Estamos em plena época de colheita (de um modo geral como: uva, tomate, pêssego, nectarina etc). Nas estradas vimos muito a oferta de melão, melancia, abacate (melon, sandia e palta respectivamente). Tudo uma delícia.
7/03/02 A Região dos Índios Mapuches
De Talca CH a Temuco CH, percorrendo 451 km de asfalto. Hoje, o Jean tinha muitos assuntos da empresa para resolver antes de partirmos e eu me ocupei com o roteiro da Carreteira Austral.
Aproveitamos o dia para trocar o óleo e filtros do Gulliver, assim como dar um belo banho no garoto.
Fomos a uma colheita de tomate, totalmente mecanizada, muito interessante e produtiva. Saímos de Talca e pegamos a ruta 5 até Temuco. Temuco é uma cidade a qual se caracterizou como o centro de resistência dos Índios Mapuches. Por 282 anos esta região ficou sob domínio Mapuche, quando em 1881, o Governo resolveu recuperar suas terras.
Quando estávamos estacionando no hotel, vimos outros brasileiros estacionando também. Eles são de Joinville e estavam em duas motos e com um carro de apoio indo para Ushuaia, mas por um roteiro mais conservador, de lá eles iriam cruzar para Bariloche e descer pelo asfalto. Conversamos um pouco, trocamos algumas informações.
O recepcionista do hotel era brasileiro, nasceu em Batatais e vive há muitos anos no Chile. Continua escurecendo tarde (por volta das 08:30 horas), mas a temperatura começou a cair: menos 10º em mais ou menos 400 km.
8/03/02 Lago Villarrica
De Temuco CH a Pucón CH, percorrendo 128 km de asfalto. Hoje, pela manhã, resolvemos aproveitar a Internet do hotel para enviar alguns emails. Assim, tomamos café, vimos os outros brasileiros, conversamos e nos despedimos. Retiramos as coisas do quarto e como a chave do quarto era a mesma para dar acesso a sala da Internet, resolvemos mandar os emails e depois fechar a conta do hotel.
Quando fomos fazer o check-out, as pessoas da recepção respiraram aliviados, pois os outros brasileiros haviam saído e eles pensavam que nós éramos do mesmo grupo, pois chegamos no mesmo horário. E é claro, os outros brasileiros não pagaram a nossa conta e a recepção telefonou para o nosso quarto e não havia mais ninguém. Detalhe: a sala da Internet é do lado da recepção. Ficamos pensando o que foi dito aos brasileiros e se eles estariam pensando que nós demos o calote no hotel. Mas fazer o quê? Apenas seguir em frente, com tudo resolvido e claro, pago.
Em Temuco visitamos o mercado central onde se tem artesanato dos Índios Mapuches. Esta cidade nos chamou a atenção, pois possui o trânsito mais caótico que vimos, principalmente os motoristas de ônibus e que são muitos, buzinam o tempo todo, não se tem paciência, é uma loucura. É uma cidade com população em torno de 210.000 habitantes.
Aqui se come muita batata frita, todo mundo compra saquinhos de batata frita, como nós compramos pipoca no Brasil. De Temuco seguimos para Villarrica, (início da região dos lagos) percorrendo a ruta 5 até Freire e entrado na ruta 199 em direção a Villarrica. O dia está chuvoso, frio e quando passamos em frente a um restaurante chamado La Vecchia Cucina, isto nos lembrou São Paulo. Pensamos que uma massa iria muito bem naquele momento, então resolvemos almoçar neste local.
Para nossa surpresa a dona do restaurante é uma brasileira (Socorro) de Belém, casada com um italiano que vive há 11 anos no Chile e que possui este restaurante e um hotel. Conversamos muito e depois seguimos para Pucón. A estrada é charmosa e segue contornando o lago Villarrica. Em Pucón, apesar da chuva, pudemos caminhar, ver as lojas, o artesanato local e aqui eles fazem um artesanato de flores de madeira, impressionante.
9/03/02 Dia de Trecking
De Pucón CH a Pucón CH, percorrendo 123 km no total, sendo 99 km de asfalto e 24 km de rípio. Como hoje amanheceu um pouco nublado, fomos até a base do vulcão Villarrica com o Gulliver e depois fomos até Caburga, conhecer o Lago Caburga. Depois fomos ao parque Nacional Huerquehue onde fizemos um trecking de algumas horas para ver os lagos.
Como começou a fechar ainda mais o tempo, não foi possível conhecer todos os lagos e assim voltamos para Pucón. Passamos na agência que faz os passeios até o vulcão Villarrica e ficou combinado para subirmos amanhã, pois tudo indica que o tempo vai estar bom. O Jean e o dono do hotel ficam de olho no barômetro e tudo indica que vai ter sol no dia amanhã.
10/03/02 A escalada
Pucón CH. O dia amanheceu bonito, e assim foi possível fazer a escalada. A empresa que contratamos fornece as roupas e demais equipamentos para a realização na escalada como piolets, grampões, etc.
Somos levados de micro ônibus até a base (onde havíamos ido com o Gulliver ontem), subimos uma parte de ski lift e depois começamos a fazer a caminhada na parte das pedras do vulcão. A subida é bastante íngreme. Há muitos grupos que subiram hoje, visto os dias anteriores não ter sido possível realizar as subidas e é claro como é final de semana, há mais pessoas. Havia turistas de todos lugares, há mais estrangeiros do que chilenos.
Na parte que começa a neve, são colocados os equipamentos complementares (grampões na bota). Escalamos até o topo do vulcão, onde se pode ver e sentir os gases saindo da cratera. Um vulcão para ser considerado ativo, deve ter tido uma erupção há 300 anos. Nos falaram que a última erupção deste vulcão foi em torno de 12 anos atrás.
Depois de descansar, almoçarmos (barras energéticas, água e chocolate), admiramos, fotografamos e curtimos muito, o pouco tempo no topo, (não é sempre que é possível se escalar um vulcão, principalmente ativo, não é mesmo?), tivemos que iniciar a descida, pois está ficando mais frio com o passar do meio dia. Para se ter uma idéia, somente para realizar o assenso, gastamos em torno de 5 horas. Como não estava nevando, grande parte da neve eterna tinha se transformado em gelo, o que dificulta e torna mais perigoso o trajeto, mais técnico e lento.
Na descida ocorreram dois acidentes: um com a Nêusa, na neve (que ela se dá o direito de não relatar agora) e um outro acidente no início do trecho rochoso com uma pessoa do nosso grupo que se desequilibrou a beira de um dos abismos e caiu cerca de 20 metros, não verticais, mas bastante íngremes. Neste momento, pudemos perceber toda falta de estrutura para este tipo de evento e escalada.
Existem regras básicas de escalada que foram totalmente esquecidas. Embora nossa inclinação média fosse em torno dos 35 graus, haviam trechos bastante inclinados e em nenhum momento utilizamos cordas, o que em caso de queda no gelo principalmente, independente da inclinação pode resultar em algo bastante sério, pois o gelo é extremamente escorregadio e cortante sendo quase impossível, dependendo da circunstância, conseguir frear ou deter-se em caso de queda.
Embora Pucón seja uma cidade bastante turística e muito visitada, não há se quer um helicóptero disponível em caso de acidente. Este assenso não é algo extremamente barato 50 Dólares por pessoa e era de se esperar um serviço de resgate a altura. Como não há helicóptero (a pessoa que caiu estava em área inacessível para carro e longe para outro tipo de resgate) e a ambulância da cidade estava realizando outra atividade, foi improvisado o resgate. O que foi feito foi um ajuste de possibilidades, com ajuda de pessoas do local, como bombeiros, carabineiros, etc.
Os bombeiros subiram de ski lift, depois caminharam até o local, levando uma maca. Colocaram a pessoa na maca, carregaram até o ski lift, amarraram em uma das cadeiras e desceram a acidentada até a base da estação e de lá de van até a cidade. Isto demandou tempo e todos estavam na montanha com muito frio, a acidentada com diversos traumatismos, inclusive em sua cabeça e tempo é tudo em uma hora dessas.
Toda a sorte dela, era que seu companheiro de viagem era médico e fez todos os primeiros socorros corretamente. Se vale uma dica: além de consultar as agências do local, faça o máximo de pesquisas que puder, pois eles não revelaram tudo o que envolvia este assenso, além de ter vários agravantes como o guia (que nos parece estar com problemas neste dia, ou não queria fazer esta escalada, não sabemos!), estrutura da empresa que presta serviços, etc.
Não pensem que fomos irresponsáveis: ontem fomos ao parque e eles disseram que somente os guias credenciados subiam com equipes, exatamente para ter segurança etc etc. e que as empresas da cidade estavam credenciadas, etc etc. Nós descemos a montanha até a base com um outro grupo e tivemos que ficar aguardando na base da montanha até finalizarem o resgate e somente depois nos trouxeram para a cidade juntamente com os outros. Quando chegamos, tivemos que passar na agência para devolver os equipamentos, trocar de roupa etc. Ninguém da empresa veio falar conosco, nem se ofereceram para nos levar ao hotel (que era perto) depois de uma experiência como esta.
Chegamos no hotel por volta de 21h e os donos estavam preocupados conosco, pois sabiam onde estávamos e já era muito tarde para não termos voltado. Agora o negócio foi dormir, pois estamos exaustos. Hoje o Gulliver teve folga, passou o dia descansando no hotel.
De Pucón CH a Águas Calientes CH, percorrendo 362 km de asfalto. Como hoje, o dia amanheceu bonito, fomos dar uma última volta em Pucón para as últimas fotos. Passamos por Villarrica, onde também fizemos algumas fotos (pois na ida estava chovendo) e seguimos em direção a ruta 5 onde fomos até entrada para a ruta 205 e fomos para o litoral: Valdívia.
Passeamos em Valdívia (de volta ao pacífico) e depois tomamos a ruta 207, entramos na ruta 5 novamente e seguimos em direção a Osorno. De Osorno, tomamos a ruta 215 e fomos dormir em Águas Calientes, perto do lago Puyehue. Tomamos banho na piscina de água quente sulfurosa, o que nos ajudou a relaxar os músculos (que estavam doloridos) causados pelo frio e escalada ao vulcão. Que delícia relaxar o corpo nestas águas.
12/03/02 Vulcões e Lagos
De Águas Calientes CH a Frutillar CH, percorrendo 242 km total sendo, 168 km de asfalto e 74 km de rípio. Acordamos e aproveitamos para tomar mais um banho de água sulfurosa e quentinha antes de irmos embora. Depois fomos visitar o parque que possui lagos e paisagens belíssimas e chegamos até o refúgio Antillanca (estação de esqui, onde no inverno costuma ter um movimento em torno de 400 pessoas/dia).
Pudemos subir com o carro até o topo da montanha (pois não há neve agora) e pudemos ver os vulcões Antillanca, Pontiagudo, Osorno e Cerro Tronador, visual fantástico de 360º. No alto da montanha encontramos quatro senhoras argentinas que vieram passar o dia. Elas vivem em Villa Angustura e o cruze para o Chile fica muito próximo. Uma delas (Patrícia) costuma vir no inverno esquiar com o marido, isto pode não ser relevante para as pessoas comuns, mas eram bem senhoras e ela aprendeu a esquiar com mais de 60 anos. Conversamos bastante, também nos forneceu muitas informações.
De Antillanca seguimos em direção ao Lago Llanquihue. Passamos por Puerto Octay e fomos para Frutillar pela estrada de rípio que fica mais próxima ao lago. Resolvemos ficar esta noite em Frutillar. Esta região possui lugares muito charmosos. Em Frutillar, graças a atenção da recepcionista (Elizabeth) do hotel que ligou para obter informações, ficamos sabendo que na baixa temporada só há um transbordador da Ilha de Chiloé para Chaitén e que este é amanhã.
Se não formos amanhã, todo o nosso roteiro e objetivo da viagem estarão comprometidos. Assim tivemos que aproveitar o resto do dia e fomos conhecer Llahquihue e Puerto Varas. Esta é uma região de influência alemã e assim está refletida na arquitetura, nos jardins, alimentação etc.
13/03/02 Ilha de Chiloé
De Frutillar CH a Quellón CH, percorrendo 356 km de asfalto. Saímos de Frutillar em direção a Puerto Montt, onde compramos as passagens (Nêusa, Jean e Gulliver) de Quelón (Ilha de Chiloé) para Chaitén. Seguimos em direção a Pargua onde tomamos o transbordador para entrar na ilha de Chiloé. Tínhamos o dia todo para conhecer a ilha, pois nosso transbordador para Chaitén sairia somente às 24:00 hs.
O dia está bastante nublado e frio. Chegamos em Chiloé por Chacao e de lá fomos conhecer Ancud, depois Dalcahue, Castro, Conchi e depois Quellón. A arquitetura da ilha é também de influência alemã. Há várias igrejas na ilha e estas são Patrimônio Histórico da Humanidade. São construídas em madeira e a posição das igrejas orienta os navegadores como se fossem faróis de porto. Chove muito e temos algumas tréguas para tirar as fotos. As pessoas na ilha caminham na chuva conversando calmamente como se não estivesse chovendo e rarissímas pessoas utilizam guarda-chuva.
Como o tempo não está bom, somente começamos a embarcar às 02:00 horas da manhã. O mar estava agitado e por sorte o Gulliver ficou estacionado no meio do Transbordador, pois assim ele balança menos o que nos permite dormir dentro dele, pois na sala de espera o balanço era muito forte e Nêusa não agüentou ficar lá. O Gulliver teve direito a uma ducha hoje.
14/03/02 – A Carreteira Austral
De Chaiten CH a Futaleufú CH, percorrendo 175 km de rípio. Passamos a noite cruzando o mar para Chaiten, onde tivemos nosso primeiro contato com a carreteira austral. Chegamos em Chaitén às 10:40 hs. Sabíamos que íamos atracar pelas notícias do rádio. O locutor anunciou que a temperatura estava alta neste dia, 14º e nós achamos graça do temperatura alta.
Tomamos café e ganhamos um folheto da Carretera Austral em troca de enviar um cartão postal do Brasil para o dono (Fernando) da Panaderia. Seguimos em direção a Futaleufu, passando por Santa Lucia e Puerto Cadenas. Choveu todo o dia e Deus e São Pedro claro, nos deram alguns momentos de folga para tirarmos as fotos. A Carretera Austral no início está com muitos buracos, escorregadia, muito ruim. A velocidade média teve de ser bem baixa para manter a segurança.
15/03/02 Rios e Lagos Impressionantes
De Futaleufú CH a Puerto Aisén CH, percorrendo 506 km de rípio. Hoje a cidade (Futaleufu) estava funcionando a base de gerador. As chuvas de ontem derrubaram árvores e postes de luz na estrada. O rio Futaleufú é um dos rios mais procurados do mundo para rafting. As corredeiras chegam a ter grau 5 de dificuldade. Para se entender melhor, o grau 6 é impossível de se fazer. O rio é maravilhoso, com a cor azul forte que contrasta com o branco das espumas formadas pela correnteza. Os canions são impressionantes.
De Futaleufu decidimos conhecer Palena (esta é uma região que está causando polêmica no Chile, pois há um americano que comprou grandes, grandes, grandes extensões de terra nesta região. Isto corta o mapa do Chile) e para abastecer também. Agora na Carretera Austral é hora de não se descuidar dos locais possíveis de abastecimento do Gulliver. Na estrada pudemos ver várias árvores que caíram com a chuva, mas que já haviam sido retiradas quando passamos, assim como postes de iluminação que também sofreram com as chuvas. Em uma parte da estrada tivemos que esperar a colocação de um poste para depois passarmos.
Com a chuva deve se ter ainda mais cuidado para poder dirigir na estrada, pois os locais dirigem muito rápido, pensando que nunca vão encontrar um carro em sentido contrário. Na Carretera Austral seguimos em direção Puyuhuapi, passando pelo Parque Nacional Queulat. Os lagos, a paisagem das montanhas, a vegetação e o ventisqueiro Colgante são uma das atrações deste trecho da carretera. Seguimos até Puerto Aisén.
Hoje, tomamos a decisão errada de não ficar em Puyuhuapi. Fizemos cálculos de tempo errado, esquecemos que estávamos em rípio e a média é muito mais baixa e que já começa a escurecer mais cedo. Não se deve dirigir na carreteira austral a noite. O estranho é que cruzamos com muito mais carros à noite (6) que durante o dia, vai explicar!
Paramos em Puerto Aisén porque estava tarde para chegar a Coihaique. Todo este trajeto é a Carreteira Austral que é a ruta 7. Hoje vimos no noticiário da TV que 1 dia após sairmos da ilha de Chiloé, caiu uma das principais igrejas que havíamos visitado, devido as fortes chuvas, uma pena realmente. Nós não pegamos as fortes chuvas dirigindo, pegamos apenas as conseqüências das mesmas.
Puerto Aisén CH a Cochrane CH, percorrendo 424 km de rípio. Hoje tivemos um dia lindo com sol, e como gostamos do sol. Seguimos de Puerto Aisén para Coihaque, onde paramos para conhecer a cidade. Depois seguimos em direção ao lago General Carrera. Logo na saída de Coihaque tinha uma ponte que caiu a metade por causa das chuvas.
Demos sorte de poder passar antes deles fecharem a mesma para realizarem as obras. O lago General Carrera possui a cor azul turquesa impressionante. Passamos por Puerto Tranquillo, Puerto Bertrand (que é lindo e onde nasce o rio Beker com a mesma cor do lago General Carrera) e chegamos em Cochrane. Esta é uma semana de festa em Cochrane, amanhã é o aniversário da cidade (48 anos).
Em alguns lugares como aqui em Cochrane, Futaleufu, Frutillar e outros, éramos os únicos hóspedes do hotel, com direito a escolher o horário do café-da-manhã. Lembrando que o café da manhã nesta parte do sul do Chile geralmente é composta por pão, manteiga, café solúvel e suco artificial. Mas quem decide ir a lugares inusitados, sabe que tudo isto é um banquete e aliás deve se aproveitar tudo, não é mesmo?
17/03/02 Final da Carretera Austral
Cochrane – CH a Villa O´Higgins CH, percorrendo 286 km de rípio. Saímos de Cochrane em direção a Villa O´Higgins. Para isto é necessário pegar uma balsa em Puerto Yungay. Desde o Lago General Carrera, a carretera austral fica mais estreita e sinuosa, o que dificulta em caso de vir carro em sentido contrário.
Foi o que aconteceu conosco, cruzamos com um carro do exército ou da manutenção da estrada (eles usam o mesmo tipo de carro) e ele vinha numa velocidade alta, cruzamos com ele em uma curva e só deu tempo de tirarmos o carro, pois ele não teve tempo e nem espaço para fazer nada. As pessoas desta área comentam que os locais vão muito rápido e claro, de vez em quando há acidentes.
Quando chegamos em Puerto Yungay a balsa tinha acabado de sair, daí os militares falaram pelo rádio e ela voltou para nos pegar. Esta balsa é do exército. Chegamos enfim na última cidade (se assim podemos chamar, pois possui 400 habitantes) da Carretera Austral. É emocionante estar aqui e conversar e conhecer as pessoas que decidiram viver nesta parte mais isolada da Carretera Austral. Caminhamos nas ruas, tiramos fotos,etc.
Villa O´Higgins é o que há de mais remoto no Chile, e o final da Carretera Austral e é nossa primeira etapa da viagem cumprida. Villa O´Higgins é cercada de montanhas e no inverno fica isolada e as pessoas que aqui vivem precisam começar no verão a provisionar tudo, inclusive quantidades enormes de lenha para passar o inverno. Frutas, vegetais e legumes frescos aqui são raros e quando se tem são muito caros.
As cidades do sul do Chile, além de terem uma população pequena, são em geral novas. A maioria da população trabalha para a Prefeitura, fazendo a manutenção da cidade e assim desenvolvendo a mesma para que cresça. O turismo é uma destas formas de crescimento e isto fará com que os locais se tornem cada vez mais independentes. O exército auxilia neste processo construindo e mantendo as estradas.
Só nesta área eles estão fazendo duas novas estradas: uma que vai ligar a estrada até um ponto para se ver a geleira do Campo de Gelo Sul e outra para se chegar até Tortel. Hoje estes acesso são somente por água.
18/03/02 Estrada Interrompida
De Villa O´Higgins CH a Puerto Guadal CH, percorrendo 382 km de rípio. Saímos cedo de Villa O´Higgins, pegamos a 1ª balsa e alguns quilômetros à frente tivemos que esperar até uma árvore enorme ser cortada para podermos passar. Ela havia caído naquela manhã e fechou toda a estrada.
Passamos por Cochrane, Puerto Bertrand, Puerto Guadal e estávamos a caminho (há 80 km) de Chile Chico para cruzar para a Argentina, quando, no meio do caminho nos avisaram que o mesmo estava cortado, pois as chuvas derrubaram a estrada. O Jean conversou com o coordenador do conserto da estrada e este nos disse que nós passaríamos com ele amanhã.
Ele nos levou até uma casa de família que alugava quartos (pois o local é pequeno, 800 habitantes, contando toda a área rural) e não tem hotel, nem restaurante. Ficou combinado que iríamos nos encontrar no dia seguinte às 09:00 para cruzar juntos a estrada. Cruzar ou não a estrada poderia comprometer muito nosso roteiro futuro, pois todas as rotas abaixo estavam rompidas e não nos restava outra alternativa que fosse cruzar ou cruzar por Chile Chico a Perito Moreno.
Tivemos muita sorte de encontrar este Chileno (Juan) pois ele já viveu no Brasil (Vitória – ES) e possui irmãos no Brasil e assim foi fácil o entrosamento. Vamos ter que dormir e jantar nesta casa de família.
19/03/02 Conserto da Estrada
Puerto Guadal CH a Perito Moreno AR, percorrendo 266 km total, sendo 200 de rípio, com 66 km de asfalto. Acordamos cedo e fomos para o local combinado e o Juan não apareceu, seguimos em frente até um ponto (Mallim) onde caiu outro pedaço da estrada e não nos deixaram passar. Resolvemos voltar novamente e pedir informações nos Carabineiros (Polícia Chilena) para vermos por onde poderíamos cruzar para a Argentina, teríamos que dar uma volta imensa.
No meio do caminho, encontramos um casal de Argentinos que estavam indo para cruzar para Chile Chico e o Jean os avisou que a rota ainda estava cortada. Resolvemos voltarmos juntos para pedir informações. Quando estávamos voltando, encontramos o Juan vindo na estrada (ele havia demorado, pois furou um pneu de seu veículo). Conversamos com ele e ele deixou que nós e o casal de argentinos passassem junto com ele ( O problema é que Chilenos e Argentinos de fronteira principalmente não se dão muito bem. Há uma rivalidade enorme).
Chegamos até o local onde estavam trabalhando na estrada em torno de 12:30 hs e esperamos até o final do dia (17:20hs) para podermos passar. Foi um dia de muitas conversas, informações etc. e até que o tempo até passou rápido. Na aduana argentina os guardas não entenderam como brasileiros que somos, estávamos entrando na Argentina pelo Chile, aí tivemos que explicar nosso roteiro a fim de esclarecer a situação. Seguimos então até Perito Moreno, onde jantamos com estes novos amigos (Jose e Graziela).
Perito Moreno AR a El Calafate AR percorrendo 648 km no total, sendo 48 km de rípio e 600 km de off-road em lama, água etc. Ontem foi um dia de rally em pista seca, pois seguir o Juan foi uma loucura (ele corre feito louco) e a única vantagem é que sabíamos que não viria carro na direção oposta devido ao fato da estrada estar fechada.
Hoje o dia foi de rali em pista molhada. Saímos de Perito Moreno pula ruta 40 em direção a El calafate, a estrada estava com muita lama e a temperatura começou com 8 graus. Mas hoje tivemos a oportunidade de conhecer um elemento que ainda não havíamos conhecido: o vento patagônico, realmente impressionante.
Passamos por Bajo Caracoles e seguimos em direção a El Calafate. Este é um episódio sulreal, foram 640 km sendo que 40 de asfalto e os demais 600 km foram de pura adrenalina, lama, rípio solto, água com 1 metro de profundidade e ventos fortíssimos.
As chuvas fizeram um estrago terrível na estrada (ruta 40). Logo de cara, após uns 200 km de terra, depois de Bajo Caracoles, uma rajada de vento nos jogou para fora da estrada, neste momento estávamos com tração traseira somente e foi impossível controlar o Gulliver. Ficamos atolados e conseguimos voltar um pouco removendo a lama atrás de cada roda com uma pá.
Conseguimos voltar o Gulliver uns 3 metros, mas retirando a lama superficial o que tínhamos era terra congelada o que dificultava muito a tração. O vento estava fortíssimo, o Jean foi jogado ao chão. Fazia muito, muito frio, voltamos ao carro e decidimos esperar, o esforço era demasiadamente grande para retirarmos a lama semi congelada.
Tínhamos comida para 5 dias em caso de emergência. Sabíamos que o casal de argentinos também deveria vir e resolvemos esperar. Mas a sensação não era nada boa, pois estávamos completamente isolados e caso eles tivessem se informado com relação a estrada com certeza não viriam. Onde atolamos era depois do cruze principal da via secundária (também não pavimentada), então nesta estrada não havia movimento algum.
Ficamos umas 2 horas aguardando quando estes (o casal argentino) apareceram. É e lógico que apesar de sabermos que teoricamente viriam, foi ótimo vê-los. Saímos facilmente com o auxílio do outro veículo e fizemos o resto da trilha em comboio, os 2. Foi adrenalina pura todo o tempo, somente com carros extremamente fortes, um pouco de perícia e sorte, é possível fazer isso neste momento.
4×4 todo o tempo, lama constante, poças de lama com cerca de 20 metros de comprimento e 1 metro de profundidade facilmente. Num pedaço da estrada, um ônibus que estava puxando um barco, passou muito próximo do José e acertou de leve o carro dele. Não deu em nada. Ao final estávamos todos exaustos. Sorte que estávamos em 2 carros neste trecho.
A adrenalina estava sempre a pleno vapor, pois era lama, lama profunda e vento e nossa opção era ir em frente, realmente foi algo incrível, inimaginável, o Gulliver pulava, derrapava, virava de lado, ficávamos totalmente no escuro quando a lama levantava e cobria todos os vidros, se estivéssemos com problemas no limpador do pára brisa, seria impossível ir a frente.
O Gulliver está imundo e clamando por água limpa, mas como vamos por mais rípio ainda até Torres Del Paine, o bridaremos com um bom banho depois. Fomos jantar com nossos amigos e pudemos comer o cordeiro patagônico, que afirmam que é um dos melhores, saborear um bom vinho para recuperar as forças.
O tempo na Patagônia é instável, como em vários lugares, mas as conseqüências lá são piores, pois a temperatura cai e tudo pode acontecer. Neste caso o melhor é estar em dois ou mais carros, ter um bom sistema de comunicação e ir de preferência em janeiro e fevereiro. A ruta 40 foi fechada logo na seqüência pela impossibilidade de ser cruzada.
El Calafate AR a El Calafate AR, percorrendo 150 km no total, sendo 80 km de asfalto e 70 km de rípio. Hoje foi dia para relaxar, fizemos um passeio com nossos amigos argentinos até o Glacial Perito Moreno, que para nós é exótico e impressionantemente lindo e grande.
Tem gelo de 40 a 60 metros de altura com vários km de comprimento. Quando se desprende um pedaço do gelo, o barulho é alto e o espetáculo é maravilhoso. Somente vivenciando para poder entender. Fizemos um pic nic muito legal no parque e depois caminhamos na cidade. Foi um dia “light” para compensar o “stress” de ontem.
No jantar decidimos ir a um restaurante de frutos de mar e havia várias mesas grandes vazias, mas eles só deixam que as ocupem quando o grupo de pessoas corresponde ao nº de vagas na mesa, (somente em El Calafate ou El Calafate já vi isto acontecer). Assim como estávamos sós, teríamos que esperar. Havia duas argentinas também chegando neste momento e para não ter que esperar, resolvemos sentar juntos. Foi uma noite agradável.
Num dado momento uma das argentinas nos perguntou se era verdade que para comer a carne do nosso gado, esta deveria ficar cozinhando em água por muitas e muitas horas para ficar macia. Essa foi ótima. E não pensem que eram pessoas sem estudo (uma era médica e a outra fonoaudióloga) ou que estavam nos provocando, é a informação que eles circulam.
22/03/02 Torres Del Paine
De El Calafate AR a Torres Del Paine CH, percorrendo 441 km no total, seno 279 km de asfalto e 162 km de rípio. Saímos de El Calafate (AR) pela ruta 40 na parte de asfalto, seguimos até Esperanza, depois pegamos a ruta 7 em direção a Tapi Aike e depois Cancha Carrera para cruzarmos para o Chile e fomos para Torres Del Paine (CL) com nossos amigos Argentinos.
O Parque é lindo e resolvemos acampar na base de um sendeiro. Pois assim, amanhã, utilizando umas 4 horas podemos chegar até as torres. De noite tomamos vinho, fizemos fogueira, o céu estava estrelado, ouvimos música brasileira, tudo ótimo.
23/03/02 100 km de neve
Torres Del Paine CH a Punta Arenas CH, percorrendo 399 km no total, sendo 282 km de asfalto (sendo 100 km com neve) e uns 117 km de rípio e lama. Já durante a noite sentimos que estava esfriando muito e depois começou a chover. Hoje quando acordamos ainda estava chovendo forte e nevando nas torres, o que nos fez ir embora do parque, pois o tempo é imprevisível e não dá para saber quando vai melhorar e ficar no parque com chuva não tem o menor sentido.
O tempo na Patagônia é assim mesmo, varia imensamente. Se em São apulo já reclamamos que há 4 estações em um mesmo dia, imagine lá. Ficamos sabendo que um lado do parque ficou por alguns dias fechado por causa da neve. De Torres Del Paine, tomamos a ruta 9, paramos para conhecer a Cueva Del Milodón (a caverna onde foi encontrado um animal pré histórico) onde não podemos deixar de fazer um 4×4 básico por uma ruta secundária e fizemos um almoço de despedida com nossos amigos em Puerto Natales. Daí seguimos para Punta Arenas pela ruta 9 onde tivemos 2 surpresas:
1ª) Como a emoção faz parte do jogo, tivemos a felicidade de ter mais um presente. Estava chovendo e ventando como nunca, a temperatura estava em torno dos 4 graus, começando a baixar 3, 2, a chuva neste momento começou a engrossar e a temperatura baixava um pouco mais 1, 0 graus e Neve.
Nevava muito e por um percurso de mais ou menos 100 km tivemos que dirigir com 10 cm de altura de neve na pista e para nos acompanhar, um vento é claro forte. Tivemos que dirigir de 30 a 40 km/h com 4×4 ligado, lutando para manter o Gulliver na pista, mas como precisávamos de mais uma descarga de adrenalina em nossa corrente sangüínea, valeu.
Nunca pensei o quão útil poderia ser o termômetro externo, realmente ele é um equipamento de segurança, pois sabíamos que próximo a 0 graus, tínhamos que ter muito cuidado, pois caso não estivesse nevando, a pista seguramente estaria congelada, o que é muito perigoso. Outro equipamento importante foi o altímetro, pois sabíamos que quanto mais alto estávamos, maior era a possibilidade de gelo ou neve.
2ª) Após a neve, em uma central dos carabineiros (Villa Tehuelches) a surpresa foi, que ao pedirmos informação sobre a estrada para frente, em direção a Punta Arenas, encontramos um brasileiro (Juarez) que viaja sozinho com uma Honda Bis (ele nos xingaria agora, pois ele não quer que mencione a marca, pois ele não tem nenhum patrocínio) e uma carretinha (loucura, loucura, loucura…). Conversamos, tiramos uma foto dele e tomamos café que os carabineiros nos ofereceram. Seguimos em frente e fomos dormir em Punta Arenas.
De Punta Arenas CH a Ushuaia AR, percorrendo 234 km no total, sendo 134 km de asfalto e 100 km de rípio. Hoje saímos de Punta Arenas, seguimos na ruta 9 até a altura de Entre Vientos e seguimos pela ruta 255 em direção a Punta Delgada e tomamos o transbordador para a Isla Grande de Tierra Del Fuego.
A estrada inicia no lado chileno com rípio (ruta 257) e depois com asfalto (ruta 3) no lado argentino. Ushuaia hoje está realmente incrível, sol pela cidade e neve nas montanhas vindo para a cidade. Passamos momentos agradáveis hoje.
Aqui representa o ponto de chegada e de partida de muitos e para nós também, pois completamos mais uma etapa, ou melhor a segunda etapa da viagem (final da descida na Patagônia Argentina) e o começo da etapa de subida, (porque não ha jeito de descer mais, só a nado ou de barco, e Amir Klink não nos esperou no Ushuaia). Mas agora vamos de Gulliver, ele já começa a beber (8km/litro) um pouco mais, pois aqui (AR) as velocidades são mais dilatadas e pode se dirigir mais tranqüilamente, ou seja, pé no fundo.
25/03/02 Corrida contra o relógio
De Ushuaia AR a Rio Gallegos AR percorrendo 944 km no total, sendo 794 de asfalto e uns 150 km de rípio, passando pelo Chile. Passeamos hoje de manhã pelas ruas de Ushuaia e tomamos a estrada (ruta 3) novamente em direção ao norte agora. Nevou um pouco em Ushuaia e muito no topo da montanha ontem a noite e pudemos ver as árvores (vermelhas, amarelas e laranjas) enfeitadas de neve.
Em um pedaço da estrada na serra, havia gelo, o que requereu prudência, tração e pouca velocidade. Nesta viagem, vimos muitos ciclistas, em sua maioria solitários, cruzando a Patagônia chilena e argentina. Na maioria das vezes a expressão deles é de esforço e sofrimento, pois estão lutando contra as chuvas, o vento fortíssimo patagônico, o frio etc. Hoje pela primeira vez cruzamos com um ciclista que estava sorrindo e comemorando, ele estava quase chegando em Ushuaia.
Após a serra de Ushuaia, pudemos ter um pouco mais de emoção, prova de velocidade no rípio contra o relógio, a qual foi muito emocionante, pois tínhamos tempo para chegada ao Estreito de Magalhães por causa da travessia de balsa, afortunadamente conseguimos manter uma média de velocidade de 90 km/hora no rípio o que nos possibilitou a chegada 5 minutos antes da partida da balsa.
Subimos até a cidade de Rio Gallegos pela ruta 3, onde trocamos o óleo do Gulliver. No rádio dizia que a temperatura era de 5º graus com sensação térmica de negativo. Agora a noite fomos jantar e encontramos um casal holandês que está a 7 meses viajando e que resolveram ir embora da Patagônia, pois esta mudança de tempo (chuva, neve etc) nesta época não estavam nos planos deles. Assim iriam pegar o vôo para Santiago e depois acho que para o Canadá.
26/03/02 Planície Patagônica Argentina
De Rio Gallegos AR a Camarones AR percorrendo 1125 km no total, sendo 1110 km de asfalto e 15 km de rípio. Saímos de Rio Gallegos logo cedo e continuamos subindo pela ruta 3. A estrada possui a imagem única da Patagônia Argentina: pampas imensos e uma visibilidade total do horizonte. Esta é a imagem de quase toda a estrada, diferenciando em alguns momentos em que se tem fazendas e assim surgem algumas árvores que foram plantadas. Também se modifica de Caleta Olivia até depois de Comodora Rivadávia, onde o oceano Atlântico fica ao lado da estrada, mudando a paisagem.
Apesar de se poder andar rápido na argentina, é necessário ter muito cuidado, pois até um pouco depois da Península Valdés, o vento patagônico continua muito forte, com rajadas inesperadas e ainda na parte sul deve se ter cuidado pois as temperaturas caem à noite e formam gelo na estrada, o que em muitos casos causam acidentes, como de um caminhão capotado que vimos pela manhã. É sempre importante dirigir durante o dia.
Saímos da ruta 3 e fomos em direção ao litoral, para uma cidade pequena chamada Camarones. Hoje tivemos nosso recorde de temperatura 17º (fantástico) e lembrar que rimos em Chaitén quando o locutor do rádio disse que 14º era uma temperatura alta. Dois dígitos já era motivo de comemoração.
Camarones AR a Puerto Pirâmide AR, percorrendo uns 717 km no total sendo 417 km de asfalto e uns 300 km de rípio. Hoje visitamos a pinguineira de Camarones, no Cabo das Bahias. Havia muitos pingüins ainda, pois agora já está na época deles migrarem para o Brasil.
Eles não são pingüins de gelo, eles ficam até setembro no alto mar da região do Rio de Janeiro e retornam para cá nesta época. Eles sempre voltam ao local de origem. E há pingüins (casal) que estão há mais de 16 anos juntos, segundo os estudos deste grupo. Depois seguimos subindo pela ruta 3, tomamos a ruta 2 em direção a Península Valdés.
Percorremos a ilha conhecendo a Punta Norte, onde há muitos leões marinhos, lobos marinhos e focas. Na maré cheia e quando estão com fome, as orcas vem até a praia para se alimentar dos leões marinhos. Passamos em Punta Delgada e vamos dormir em Puerto Pirâmide.
28/03/02 Subir, subir e subir
Puerto Pirâmide AR a Azul AR, percorrendo 1177 km de asfalto. Saímos da Península Valdés e continuamos subindo pela ruta 3. Hoje o nosso objetivo é chegar o mais próximo a Buenos Aires, para podermos entrar na capital Portenha, amanhã pela manhã. Assim, será mais fácil, pelo nosso ponto de vista, pois é feriado da sexta-feira santa e muitos argentinos irão viajar e a cidade fica mais vazia. Vamos dormir na cidade chamada Azul.
29/03/02 Capital e Sol
De Azul AR a Buenos Aires AR, percorrendo 320 km de asfalto. Saímos de Azul cedo e seguimos em direção a Buenos Aires. A estrada e a cidade estavam tranqüilas, chegamos na casa da nossa prima Solange (Sol), sem problemas e sozinhos o que a causou grande surpresa. Hoje é dia de assuntos gostosos, saudades, família etc.
30/03/02 – Buenos Aires
31/03/02 – Buenos Aires (28945 km inicial) a Buenos Aires AR (29003 km final) percorrendo 58 km de asfalto. Passamos estes dias conhecendo Buenos Aires e curtindo a prima Sol. Assim como São Paulo nos feriados, Buenos Aires é ótimo para passear nestes dias, pois está vazia, tranqüila, sem o “frisson” do dia-a-dia. Pudemos revelar a fotos e curtir as mesmas com nossa prima.
Os argentinos estão passando por um momento muito difícil e estão vivendo situações que antes não existiam, mas que infelizmente nós aqui no Brasil vivemos todos os dias.
1/04/02 Território Uruguaio
Buenos Aires AR a Punta Del Leste UR, percorrendo 360 km de asfalto. Saímos de Buenos Aires cruzando para o Uruguai num tranbordador catamarã, este foi o barco mais luxuoso que nós e o Gulliver pegamos. Chegamos em Colônia, uma cidade histórica e charmosa. Seguimos em direção a Montevidéu, demos uma volta na cidade e como geralmente não ficamos nas capitais (com exceção de Buenos Aires que tinha a prima Sol), seguimos em direção a Punta Del Leste, onde dormimos.
2/04/02 De Volta ao Brasil
De Punta Leste UR a Camaquã BR, percorrendo 645 km de asfalto. Passeamos um pouco hoje por Punta Del Leste, pois ontem quando chegamos estava chovendo. Gostamos muito de Punta Del Leste, cidade organizada, chique e claro, cara. Seguimos pela ruta 9 em direção a Chuí, onde fizemos a nossa entrada de volta para o Brasil. Seguimos dirigindo pela BR 471, passamos pela Estação Ecológica do Taim, muito linda.
É uma área onde há animais como a capivara. É muito agradável e bonito este trecho da estrada. Apesar do aviso de se dirigir a velocidades baixas, vimos muitas capivaras mortas na estrada. Passamos por Pelotas e dormimos em Camaquã.
3/04/02 Café Colonial
De Camaquã BR a Gramado BR, percorrendo 363 km de asfalto. Como as férias estão terminando resolvemos passar por algumas cidades brasileiras que gostamos para poder aproveitar o finalzinho das férias e relaxar um pouco. Assim, saímos de Camaquã pela BR 116, passamos Porto Alegre e fomos dormir em Gramado. Andamos pela cidade, tiramos fotos e é claro fomos tomar um café colonial para matar a saudade. Gramado continua linda e bem cuidada.
4/04/02 – Barreado
De Gramado BR a Morretes BR, percorrendo 729 km de asfalto. Saímos de Gramado e tomamos a BR 116 novamente e seguindo em direção a Curitiba, depois pegamos a linda Serra da Graciosa até Morretes, grande trecho da serra da graciosa nesta época estava com “damas da noite” e “marias sem vergonha”, esta serra em sua grande maioria é de paralelepípedo o que a torna muito especial. Esta região é linda e charmosa.
Em Morretes não pudemos deixar de comer o “Barreado”, um prato típico da cidade, que é a base de carne (cozida por muitas horas) e servida com banana, farinha de mandioca e outros acompanhamentos. Quem não conhece Morretes deve ir passear por lá. A cidade é calma, pequena, charmosa e claro tem o barreado, que é imperdível.
5/04/02 – Paraíso
Morretes BR a Monte Verde BR, percorrendo 620 km de asfalto. Para finalizar as férias fomos descansar em nosso recanto favorito Monte Verde. Lá pudemos descansar, dormir mais etc etc.
8/04/02 – Sampa
De Monte Verde BR a São Paulo BR, percorrendo 200 km de asfalto. Enfim voltamos para a nossa casa. É difícil, entrar na maior cidade do Brasil, depois de ficar convivendo com lugarejos com poucas pessoas, pouco movimento etc. Mas vamos lá: esta é a realidade do momento.
Total Rodado nesta expedição:
Total de 17.449 km, sendo:
Asfalto: 13.655 km
Rípio: 3.794km
Sendo, deste total 600 km de puro off road e 100 km em neve
Este texto foi escrito por: Neusa Jean Gallego
Last modified: novembro 27, 2002