O atleta fazendo um ritual no seu acampamento antes da prova. (foto: Sammy W/ Press Team Multsports)
Direto do MTB 12 Horas – Quase todos que estavam na grande área montada pela organização para o acampamento dos competidores antes e durante o MTB 12 Horas, perceberam uma figura um pouco “estranha” entre os outros atletas.
Pouco antes da largada, por volta das 23 horas, um homem magro, careca, com o corpo todo pintado de guache como índio (representando a aldeia Bau Sud Du, do Pará), jogou sua bicicleta em frente ao lado direito do palco, e começou a espalhar coisas que estavam em sua mochila pelo chão.
Pulando ao som de uma banda de forró que animava os competidores e apoios, ele espalhava essências perfumadas pelo corpo, como se estivesse tomando banho. Ele ainda acendeu uma vela rosa no chão, ao lado de toda sua parnafenália. Todos achavam a cena muito estranha.
Paulo de Tarso, organizador do evento, explicou o que acontecia. “Ele acabou de chegar de Manaus e veio fazer a inscrição agora”, disse, referindo-se ao homem pintado. Na verdade ele chegava de Alter do Chão, no Pará.
Tem louco para tudo – Segundo alguns atletas, Pierre Schwarz
, como disse ser chamado, economizou o ano todo para poder vir de avião para São Paulo. “Vim de avião para São Paulo, e vim de bike de São Paulo para cá”, disse o biker logo após chegar.
Ele chamava muita atenção, por seu estilo “diferente”. Perguntei a ele se a vela acesa era para trazer sorte, e ele respondeu: “É uma piroba pra Garapaba”. Entende-se que seja uma vela para o santo dele.
Durante a trilha ele foi várias vezes penalizado, pois segundo a organização ele estava cortando caminho. “Façam o trajeto atrás de mim para vocês verem como eu consigo pedalar tudo isso. Eu pedalo 30 horas sem parar”, disse ele à organização, que preferiu não levar à sério o comentário e continuar com a alegria do público que se divertia com o “amazonense maluco” no Circuito.
Ele acabou completando as doze horas de prova, pedalando sozinho. E além de tudo isso, voltou pedalando para São Paulo no fim da prova. Nossa reportagem viu o biker descansando no acostamento da rodovia Bandeirantes, por volta das cinco horas da tarde.
Este texto foi escrito por: Camila Christianini
Last modified: dezembro 1, 2002