O sonho do escalador em gelo é a Antártica. (foto: Arquivo pessoal)
A fascinação que ambientes extremos provocam nos homens está longe de ser novidade. Os pólos da Terra, então… Basta dar uma olhada na estante de livros de aventura e perceber o quanto estes pontos imaginários provocaram grandes homens a realizarem grandes feitos.
Destes, um deles tem um título absolutamente fantástico e podemos imaginar o que deve ter sido “A pior viagem do mundo”, editado no Brasil pela Cia das Letras. Até porque quebra a fantasia de que qualquer viagem é maravilhosa! Pode até ser, mas depende muito do ponto de vista do viajante.
O que é maravilhoso para você? Esta é a primeira questão que precisa ser definida… Para Julio Fiadi, autor do livro Rumo aos Pólos, da Editora Alegro, onde ele narra a sua conquista de ambos os pólos da Terra (Julio caminhou o último grau de latitude tanto no norte como no sul e foi o primeiro brasileiro a tocar ambas as extremidades de nosso planeta), maravilhoso é estar em lugares frios e brancos.
Recentemente estive com ele que confessou já estar na hora de levar as filhas para conhecer a Antártica, de veleiro. Detalhe: uma tem pouco mais de dois anos, a outra, pouco mais de um.
O mundo como quintal – A maioria dos pais estaria pensando em lugares bem mais normais para levar os filhos, como a chata e fabricada Disney, por exemplo… Provavelmente, estas meninas terão o mundo como quintal e poderão se deliciar com o frio, brincar na neve e andar por glaciares, pilotar botes por águas gélidas e cheias de gelo, se divertir com animais como focas, pingüins e baleias assim como eu o faço, depois de velha.
Um amigo dizia que comprar um veleiro é comprar uma passagem para o mundo inteiro. Compre-o polar e esta premissa é absolutamente verdadeira. Atraque-o na Geórgia do Sul e convide-me para estar junto desde que velejei no Pelagic do capitão Skip Novak que tenho vontade de conhecer aquela ilhota no meio do Atlântico.
Mais, coloque escaladores e todo o material de escalada dentro de um veleiro e, pronto, você realizou o sonho de dez entre dez escaladores de gelo do planeta. Atracar em uma baia no meio da Antártica, olhar uma montanha ao fundo e decidir ir lá escalá-la. Pousar no gelo, andar no mar congelado, conhecer os confins da Sibéria. Julio fez tudo isso e um pouco mais…
Estava por perto – Outro amigo comentava que o mundo era uma kitinete e cada vez me convenço mais disso. Pois Julio, que só conheci no mês passado, estava na Antártica em 1999, quando eu também estava lá e uma passagem do livro, quando ele diz ter falado com meu amigo Nelson Barretta no Ary Rongel, navio de apoio oceanográfico da Marinha Brasileira, muito provavelmente aconteceu comigo por perto se não no navio, na Estação Antártica Comandante Ferraz. Êta mundo pequenininho…
Este texto foi escrito por: Helena Artmann
Last modified: dezembro 17, 2002
