Cultura e religião locais completam a maravilha desta viagem dos sonhos rumo ao Everest. (foto: Helena Coelho)
O Nepal é um pequeno país que tem no turismo sua principal fonte de renda. Turismo para conhecer um povo e uma cultura diferente da nossa, para escalar na Cordilheira do Himalaia, para fazer um dos vários roteiros de trekking de altitude.
Atualmente tem estado um pouco mais conturbado pelas ações do movimento guerrilheiro – os maoístas – cada vez mais próximas dos turistas com bombas no bairro Thamel, pedágios em algumas trilhas mais afastadas, toques de recolher à noite e greves que param tudo de verdade.
Apesar de estar diminuindo, o turismo é grande ainda assim. Tanto para visitar Kathmandu com seus templos e o burburinho do Thamel quanto os arredores indo para Patan e Bhaktapur, ou as trilhas mais famosas, o número de pessoas é bastante. Eu tive a oportunidade de estar lá no mês passado, guiando um grupo para o trekking até o Kala Pattar, na rota do Monte Everest.
Tão perto do Everest – Fazer esse roteiro é um sonho de muitos brasileiros que têm vontade de pelo menos chegar ao acampamento base do Everest ou então ao Kala Pattar – um ponto a 5.550 metros de altitude do qual se avista o Everest a 8 km. Tão próximo e majestosamente ali.
Para esse trekking, o investimento a ser feito é grande. Em vestimentas, calçados apropriados para caminhar em altitude, mochila leve, bastões de caminhada. Em passagens aéreas que são caras, afinal você vai para quase do outro lado do mundo, são 9 horas de diferença de fuso horário. E, se quiser, na contratação de serviços de guia, de carregadores.
Lá dorme-se relativamente bem em alojamentos e pode-se ter toda a alimentação a preços razoáveis, nos próprios alojamentos. Ou, se preferir, pode carregar toda a sua carga, montar barraca em locais apropriados e fazer a sua própria comida. No mês passado, o pessoal independente resolveu andar em grupos grandes de diferentes nacionalidades que iam se formando no caminho, para minimizar eventuais problemas com os guerrilheiros.
Muito para se ver – E aí é só curtir. Você precisará de mais ou menos 25 dias para fazer o trekking para o Everest Base Camp, fazendo a subida lenta para possibilitar uma boa aclimatação, principalmente para quem estiver indo para altitudes acima de 4.000 m pela primeira vez.
Segue-se admirando o cenário, passando por vilas na terra dos Sherpas, esse povo amável que vive da montanha, fazendo serviços de carregadores ou de guias, ou prestando serviços na estrutura de alojamentos e alimentação.
E se deslumbra com a paisagem maravilhosa, com as maiores altitudes que você já viu, com os picos nevados, com vales profundos, com rios de degelo dos glaciares, com pontes penduradas como se fossem varais, com um povo sempre hospitaleiro, com bandeirolas de oração espalhando as boas intenções para todos, com os muitos shortens, stupas, monastérios, com a vida simples dos monges, com a diferença de cultura.
Reflexão e sonhos – E com uma vida simples na qual só se precisa do básico, comer, beber, dormir e caminhar com olhos bastante abertos para apreciar tudo isso, e onde acaba-se refletindo mais sobre si mesmo, os seus valores e objetivos de vida.
Sem dúvida nenhuma, se você ainda não fez esse roteiro, pode colocar na sua agenda de sonhos de viagem. Que em 2003 os sonhos sejam tão altos quanto as grandes montanhas e o índice de realizações também!
Este texto foi escrito por: Helena Coelho
Last modified: dezembro 18, 2002