Direto da Tunísia – Já estou em pleno deserto do Saara e escrevo em meu notebook Thinkpad apoiado no chão da minha modesta barraca de lona, sem mesa e sem cadeira ou qualquer infra-estrutura. A eletricidade vem do carro, o telefone para conexão na internet não é uma linha normal e nem um celular. É um Nera, destes que os aventureiros utilizam para ligar de pontos extremos, como o pólo sul ou o pico Everest.
De onde estou, e em praticamente 100% destes dias, a paisagem pode até mudar, mas ela é composta sempre pelos mesmos elementos: sol, areia, pedras e vento. Existe um item a mais, as filas. Pode parecer incrível falar em filas num rali como o Paris-Dakar, mas são quase marca registrada desta aventura. É fila para tudo. Fila para dar a largada, fila da chegada, fila do abastecimento, fila do café da manhã e do jantar, fila do livro de bordo e por aí vai.
A pior delas não é no deserto e sim no navio que nos trouxe à África. Estávamos em um grupo de 1.200 pessoas e na hora de comer não era
necessário ter fome, mas ir para a fila que durava cerca de 40 a 70
minutos. Então, no meio daquela confusão, pois era daquelas filas tipo funil, começando com 10 e acabando com apenas duas, a fome dava as caras.
E o banheiro? – Tem uma fila que não é diária. É uma fila de apenas dois lugares, quando você alcança o concorrente da frente e ele não quer dar passagem. Pode ser uma fila demorada, e perigosa, porque nesta osição você está na poeira, em pleno vôo cego.
Graças a Deus, ou seria melhor dizer, ao menos uma fila não existe. A fila do banheiro. E nem estou falando em tomar banho… A palavra água aqui não existe nem no título deste artigo. Na hora das necessidades, é preciso trazer o “armamento” e uma lanterna para as vontades noturnas. Como costumo dizer em minhas palestras, aqui o banheiro é gigantesco e tem visão panorâmica.
Este texto foi escrito por: Klever Kolberg (arquivo)
Last modified: janeiro 9, 2003