Dezesseis anos atrás, quando experimentei minha primeira participação num Rally Paris-Dakar, senti o que era estar longe de casa e sem comunicação. Um tipo de camisa de força. Sabia que muita gente estava preocupada com o que acontecia comigo, mas eu também queria saber como estava minha família, o Brasil e tudo mais.
O mais grave aconteceu em agosto de 1995. Fui participar do Rally Paris-Moscou-Pequim. Uma oportunidade, pois não estava previsto no contrato com nossos patrocinadores. Fizemos uma proposta para a Petrobras e ela aceitou, mas era tudo muito enxuto. Não tinha dinheiro para nada, inclusive para pagar a conta dos raros telefones via satélite que já estavam disponíveis naquela época. Resultado: a prova durou 22 dias, período em que só enviamos duas páginas de fax por dia para o escritório de nossa assessoria de imprensa. Comunicação unilateral.
Só liguei para casa já em Pequim, na China, do hotel, pagando uma tarifa mais humana do que os 25 dólares por minuto do satélite. E de cara ouvi a frase: Klever, temos uma notícia ruim… Meu estômago apertou, fiquei com medo do que viria em seguida. Quem teria morrido?, pensei.
A resposta foi muito menos triste do que eu imaginava, e em vez de doer no coração, doeu no bolso: Klever, o banco onde você tem conta quebrou e você perdeu todo o dinheiro. Se tivesse ligado 10 dias atrás havia uma saída, mas sem sua assinatura, não deu para fazer nada.
Os tempos mudaram. Agora a equipe Petrobras Lubrax já conta com quatro aparelhos Nera de telefonia via satélite, um que pode utilizar os serviços Telenor de banda larga no satélite, ou seja, é internet de alta velocidade no meio do deserto. Notebook ThinkPad da IBM, máquina digital de alta resolução da Kodak Professional e por ai afora.
Na primeira oportunidade que desfrutamos desta tecnologia, no Dakar 2001, levamos o jornalista Ricardo Ribeiro para fazer a divulgação da equipe. Com toda esta parafernália ele se divertiu, de verdade. Entusiasmado, ligava para todo mundo, acessava os principais sites de notícias, os sites de jornais, tvs… queria ler o que estava sendo publicado. Enviava fotos, textos, filmes digitais, áudios… Uma festa. Afinal, o custo do satélite também havia diminuído bastante. No meio da prova eu comecei a me preocupar e a pedir para ele se controlar. Mas sabe como é: se conselho valesse alguma coisa, eu venderia. O cara é daqueles que mal sai da cama e já aperta o botão para ligar o computador!
Quinze dias após a prova, enquanto comemorávamos o retorno de mídia que havia crescido, chegou a conta da Telenor, a operadora do satélite: 25.000 dólares. Deu saudades da era da pedra com comunicação por sinal de fumaça…
O Rally dos Sertões é a quarta etapa do Campeonato Brasileiro de Rally Cross Country. Teremos outras provas até o final do ano, quando embarco com a equipe Petrobras Lubrax para a nossa 17ª participação consecutiva no Rally Paris-Dakar. Então vou aproveitar para contar tudo o que acontece nestas competições.
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Klever Kolberg, 41, é piloto do Mitsubishi da Equipe Petrobras Lubrax
A Equipe Petrobras Lubrax tem patrocínio da Petrobras, Petrobras Distribuidora, Mitsubishi Motors do Brasil, Pirelli, e apoio da Minoica Global Logistics, Banco DaimlerChrysler, Controlsat Monitoramento Via Satélite, Mitsubishi Koala, IBM, Planac Informática, Nera Telecomunicações, Telenor Satellite Services AS, Kaerre, Capacetes Bieffe, Lico Motorsports, Artfix, Sadia, Dakar Promoções, Vista Criações Gráficas, Adventure Gears, Kodak Professional, Mercedes-Benz Caminhões, ZF do Brasil e Behr.
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Este texto foi escrito por: Klever Kolberg
Last modified: julho 27, 2003