E Deus criou o mundo no terceiro dia. Pelo menos foi assim que me senti ao fim da especial de hoje. Apesar de não ter tido uma colocação melhor que no fim do primeiro dia. Na quinta-feira passei de 76 para 42. Agora terminei em 49, se não me engano mas…
Hoje tive o prazer imensurável de acelerar. Aquele mesmo prazer que sente o moleque que pela primeira vez se joga, no limite, ladeira a baixo com sua hiper-bicicleta. As golas da camisa chegam a tremular como bandeiras sobre os ombros. Os cabelos quase saem da cabeça! Meus cabelos estavam presos no capacete mas meu coração quase saiu pela boca. Depois do dia interminável de ontem, em que foram testados a coragem, o estado físico e a paciência dos competidores numa especial de quebradeira e um deslocamento insano, hoje… Hoje aceleramos fundo sobre os pequenos grãos de cascalho sobre as retas que nos trouxeram a Palmas.
Por alguns minutos me senti num desenho animado Speed Racer. Me senti aquele piloto que ensaiava com o pratinho, sentado na cadeira alta da cozinha, curvas derrapadas, trocadas de marchas barulhentas com a colher. Era um prazer quase esquizofrênico, afinal estava mesmo numa realidade paralela. Hoje foi um dia de glória. Velocidade, sustos e, em alguns momentos, o real prazer de ser piloto de uma máquina super potente. Deus não criou o mundo no terceiro dia mas que andava inspirado estava.
Mariana Becker, 32 anos, é repórter da Rede Globo e está pilotando um carro ao lado de Roberlena de Moraes, colaboradora da revista 4×4&Cia, especializada em off road
Este texto foi escrito por: Mariana Becker/Rede Globo
Last modified: julho 26, 2003
