Foto: Pixabay

Mecânicos: vida de coruja e peças-chave no Rally

Redação Webventure/ Offroad

Bahia participou de todas as 11 edições do Sertões. (foto: Luciana de Oliveira / www.webventure.com.br)
Bahia participou de todas as 11 edições do Sertões. (foto: Luciana de Oliveira / www.webventure.com.br)

Direto de Barra do Corda (MA) – O trabalho deles começa quando as disputas nas trilhas acaba. Muitas vezes escondidos no acampamento das equipes de apoio, os mecânicos são peças-chave no desempenho do equipamento comandado pelos pilotos. Pena que nem sempre a mídia lembra da participação deles na hora de destacar os campeões.

Num evento longo e exigente como o Rally dos Sertões, a rotina deles é de coruja mesmo… O “expediente” começa logo que os veículos chegam ao acampamento, muitas vezes bastante danificados, como no caso da especial do sexto dia de prova, chamada de mini-Jalapão e que alguns rebatizaram de mini-quebradeira. “Vamos ter que trocar muitas peças”, avaliava o mecânico Domenico Montalban, embaixo do carro da dupla Ulisses Marinzek e Miceno Rossi, da Exxel.

O mecânico nem esperou no acampamento: acompanhou o apoio rápido e se encontrou com seu piloto e navegador ainda no final da especial. Recebeu a Mitsubishi L200 Evolution bastante danificada. “Bem hoje eu estava tentando tirar o atraso dos outros dias…”, justificou Ulisses. “Teremos de dar atenção sobretudo à suspensão dianteira”, observou Montalban, que já esteve sete vezes no Sertões.

Novo fuso-horário – Quando aguardam no acampamento, os mecânicos começam a trabalhar por volta das 17h, no caso das motos, e 19h, para carros e caminhões, e a luta para entregar um veículo quase novinho em folha segue pela noite e a madrugada. Os mecânicos têm em média oito a dez horas para fazer a mágica. “Não é difícil se habituar a esse ‘fuso’, você fica tão empolgado com o rali, tem que deixar a caminhonete em dia para o piloto e o navegador não se darem mal no dia seguinte. Vim para o Sertões por acaso… Estava faltando um mecânico na equipe e o dono da equipe me convidou. Estou adorando, é tudo de bom. Equipe Bertolini Racing, de Bento Gonçalves (RS).

O mecânico Carlos Silva lida diariamente com quatro motos, de Eduardo Archer, Giovani Frutuoso, Jackson Feubak e Moara Sacilotti. E não falta trabalho nesta edição. “As motos chegam todo dia destruídas, tem que refazer tudo”, diz ele. “Trocamos diariamente lubrificante, filtro de óleo, esticamos a corrente. Rolamento de roda e transmissão de corrente, por exemplo, são as partes mais desgastadas na prova”, conta. “Mas o pessoal tem caído bastante. E as motos estão cada vez mais potentes, mas cada vez mais sensíveis também”, comenta o mecânico, que participa pela terceira vez do Rally e também faz manutenção em carros da Fórmula-3, kart e jet ski.

Rotina incorporada – Há os que têm uma rotina diferente. Moacir Baez, um dos mais carismáticos integrantes da equipe ASW, de motos, está no carro de apoio rápido. “Eu acordo de madrugada, aquecemos as motos, colocamos todo o suprimento no carro de apoio e aí escolhemos onde vamos estar: no começo ou no final da especial”, descreve.

A rotina do Rally já está no sangue do mecânico Inácio de Azevedo, o Bahia, da equipe de motos Bike Box. Ele esteve em todas as 11 edições da prova. “Hoje é muito diferente, existe muito mais estrutura, agora estamos aqui num parque, com energia elétrica, local para banho, etc. Antigamente era bem diferente”, lembra. “Mas mesmo assim eu até agora não dormi, só cochilei uma ou duas horas. Minha vida é Bike Box, eu inclusive trabalho e moro lá, em São Paulo”, conta. E por que ele com toda essa experiência ainda não se aventurou a pilotar? “Eu não tenho coragem!”, assume.

A verdade é que mesmo sem conduzir os veículos, não existe rali sem eles. “O mecânico é a peça-chave”, define Bahia. “Sem a gente ninguém anda”, finaliza Carlos.

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira / Webventure

Last modified: julho 30, 2003

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure