Integrante da equipe que conquistou uma vitória inédita na primeira prova do mundial, Leonardo descreve como esse resultado foi alcançado e a reação da organização do Mundial, que considerou este um dia histórico para o rafting.
Direto de Lipno (República Tcheca) – Momento histórico para o Brasil. Hoje a equipe brasileira Bozo d’Água conquistou a vitória no sprint no primeiro dia de provas do Campeonato Mundial de rafting, em Lipno, na República Tcheca.
O dia começou com a prova de tiro de velocidade, que não conta pontos e é classificatória para a grande prova do dia e mais emocionante do evento, que é o sprint paralelo. Apenas os 16 primeiros colocados no tiro poderiam participar do sprint. Mas a equipe brasileira teve uma colocação aquém do esperado, ficando em oitavo lugar.
Apesar do desapontamento, não desanimamos e fomos buscar a razão do nosso mau desempenho. O Danilo conseguiu uma gravação com a equipe japonesa e então visualizamos nossos erros e aparamos as arestas para o sprint paralelo.
Tudo ou nada – A primeira bateria foi contra o México. Nesta fase conseguimos melhorar nosso tempo e avançamos para as quartas-de-finais. Nas quartas, enfrentamos a equipe do Japão. Como eles tinham feito um tempo melhor na bateria anterior, o time japonês tinha a escolha da pole position, o que nos deixou em desvantagem, pois até então todas as baterias tinham sido vencidas pelos pole positions.
Aquele momento seria. Nos concentramos, rezamos e partimos para o tudo ou nada. Naquela segunda bateria, o improvável aconteceu e conseguimos ultrapassar os japoneses antes de terminar o remanso. Antes da Corredeira do Diabo, já estávamos na frente dos japoneses com quase um bote de diferença. Ao cruzar a linha de chegada, havíamos feito o melhor tempo do campeonato: 1min34.
Na semifinal, enfrentamos a equipe italiana, a qual havia vencido o Brasil nas semifinais do Campeonato Mundial de 2001, nos EUA. Largamos forte e conseguimos vencê-los. Revanche neles!
A final – Na bateria final esperávamos enfrentar os EUA, que haviam vencido a República Tcheca na outra semifinal. Mas na última hora os tchecos ganharam um recurso alegando que os americanos haviam obstruído a linha deles de uma forma ilegal. Então era a final do Campeonato Mundial contra os donos da casa.
Fomos para a bateria decisiva. Um momento sonhado por todos estava para se tornar realidade. A briga foi emocionante, digna de uma final de Mundial. Logo no inicio, os tchecos ficaram na frente, mas fizemos uma recuperação e as duas equipes entraram juntas na Devils Streams. Após trocarmos remadas, empurrões e cabeçadas, o Brasil tomou a dianteira e administramos a nossa vantagem com os tchecos colados no nosso bote.
Ao cruzar a linha de chegada foi uma explosão de felicidade e fomos ovacionados pelo público presente. Logo em seguida fomos para a entrevista coletiva para imprensa, onde o presidente da Federação Internacional de Rafting (IRF), Peter Micheler, declarou que hoje era um momento histórico para o rafting mundial, pois a hegemonia européia em campeonatos mundiais havia sido quebrada pelos brasileiros!
Vem mais por aí – A cerimônia de premiação foi emocionante, com direito ao nosso Hino Nacional. Amanhã será a prova de slalom e a pista montada após o sprint está muito difícil. Mas estamos confiantes para vencer mais este desafio.
Valeu, Brasil!
(*) Leonardo Muniz escreveu especialmente para o Webventure.
Este texto foi escrito por: Leonardo Muniz*
Last modified: agosto 29, 2003