Foto: Pixabay

Paulo Coelho escala o Cho Oyu e entra para a lista dos brasileiros em “oito mil”

Redação Webventure/ Montanhismo

Paulo no cume do Cho Oyu; à esq  o Everest  a montanha mais alta do mundo. (foto: Arquivo pessoal)
Paulo no cume do Cho Oyu; à esq o Everest a montanha mais alta do mundo. (foto: Arquivo pessoal)

Clique aqui para ver mais fotos da escalada

Aos 51 anos e sem usar oxigênio suplementar, o alpinista Paulo Coelho alcançou no último dia 27 o cume do Cho Oyu (8.201m), na região do Himalaia, tornando-se um dos poucos brasileiros que conseguiram chegar ao cume de alguma das 14 montanhas do mundo com mais de 8 mil metros. Além dele, a seleta lista inclui Sérgio Beck (Cho Oyu), Mozart Catão (Everest), Irivan Burda (Lhotse) e Waldemar Niclevicz (Everest, K2, Lhotse, Cho Oyu, Shishapangma e Gasherbrum).

Paulo é alpinista há mais de 30 anos e já havia tentado outras vezes escalar um “oito mil”, entre eles o próprio Cho Oyu e o Everest (8.848m) onde, em 1999, ao lado da esposa Helena, ajudou a tirar da montanha um alpinista português que teve partes do corpo congeladas.

Um cume peculiar – No começo de setembro, o casal viajou novamente para o Cho Oyu, onde já havia estado em 2000. No trabalho de aclimatação, eles estiveram nos acampamentos-base avançado (5.800m) e montaram outros três acampamentos montanha acima (a 6.300m, 7.100m e 7.350m respectivamente). No dia 22 de setembro, saíram para o cume. O tempo piorou quando chegaram nas proximidades dele. “Uma característica do Cho Oyu é que o cume não é aquele tradicional, destacado. É um platô, com pequenas elevações”, explica Paulo. “Para dizer que fez o cume você precisa chegar até um certo ponto com uma pequena elevação onde se consegue avistar o Everest.”

Já perto do cume, o alpinista lembra que, com ventos fortes e neve até o joelho, a visibilidade ficou bastante prejudicada e o risco era muito grande. “Nossas pegadas eram apagadas pelo vento em menos de uma hora, assim a gente não tinha muita referência nem do caminho por onde viemos. Também era difícil saber para onde ir porque é um platô, diferente do Everest, onde você sabe que é só continuar subindo…”, conta Paulo. “Decidimos voltar.”

Nova chance – Retornando ao acampamento 2, os planos eram de aguardar o tempo melhorar e tentar o cume novamente. Quatro dias depois, com a previsão de tempo bom, Helena teve de descer porque apresentava tosse durante a noite e um pouco de falta de sensibilidade na mão devido ao frio na primeira tentativa. Ela aproveitou para desmontar os acampamentos. E Paulo partiu para a segunda tentativa de cume.

“Dei a sorte de pegar um dia limpo. É a tal da janela”, conta ele. “Cheguei ao platô com toda a visibilidade e tive o privilégio de alcançar o cume (às 10h) e desfrutar de uma vista espetacular. É possível ver as duas faces do Everest, além do Lhotse. Deu vontade de ajoelhar e agradecer a Deus por poder curtir aquela vista”, descreveu.

Apesar de fazer muito frio, o alpinista permaneceu mais de uma hora no cume, tirando fotos e conversando com outros alpinistas. Apenas um pequeno incidente ocorreu, ainda na subida: “Como eu saí para o cume de madrugada, estava usando óculos claros. Quando amanheceu, era imprescindível trocá-los por óculos escuros para proteger os olhos. E com todos os equipamentos que usamos nesse momento luvas, gorro, headlamp… – esta não é uma operação tão trivial quanto se eu estivesse aqui em São Paulo”, explica. “Tirei a luva externa para ajustar os óculos e nisso o dedo sofreu essa pequena queimadura por conta do frio.”

Na raça – A façanha de Paulo foi obtida sem patrocínio. Para ir ao Cho Oyu no “estilo” deles, ou seja, sem usar garrafas de oxigênio nem contar com a ajuda de sherpas, ele e Helena gastaram com a viagem e a taxa de permissão para escalar – dividida com outro grupo – algo em torno de 7 mil dólares, sem contar com os equipamentos. Para ir ao Everest, pelo lado do Tibet, que é mais barato do que o lado nepalês, eles dizem que teriam de gastar o dobro, no mínimo.

Clique aqui para ver mais fotos da escalada

(montanha / quando mede / onde fica)

1) Everest – 8.848m – Nepal/Tibet
2) K2 – 8.611m – Paquistão
3) Kangchenjunga – 8.586m – Nepal/India
4) Lhotse – 8.516m – Nepal/Tibet
5) Makalu – 8.463m – Nepal/Tibet
6) Cho Oyu – 8.201m – Nepal/Tibet
7) Dhaulagiri – 8.167m – Nepal
8) Manaslu – 8.163m – Nepal
9) Nanga Parbat- 8.126m – Paquistão
10) Annapurna I – 8.091m – Nepal
11) Gasherbrum I – 8.068m – Paquistão
12) Broad Peak – 8.047m – Paquistão
13) Gasherbrum II – 8.035m – Paquistão
14) Shishapangma – 8.027 – Tibet

Fonte: Everestnews.com

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira

Last modified: outubro 10, 2003

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure