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Repercussão das novas regras para o Petar

Redação Webventure/ Destino Aventura, Trekking

As mais de 300 cavernas fazem do Petar um dos principais destinos de ecoturismo do estado de SP. (foto: Arquivo Destino Aventura)
As mais de 300 cavernas fazem do Petar um dos principais destinos de ecoturismo do estado de SP. (foto: Arquivo Destino Aventura)

Na última semana de outubro uma série de acontecimentos culminou com novas regras para a visitação do Parque Estadual Turístico Alto do Ribeira (Petar), um dos mais procurados no estado de São Paulo, principalmente por suas cavernas.

No domingo, 26 de outubro, um visitante que era morador do entorno do parque morreu afogado numa corredeira – ele estaria alcoolizado e não saberia nadar. Foi o segundo acidente fatal neste ano no parque. Por conta disso, a direção do Petar optou pelo fechamento temporário. A reabertura aconteceu logo no primeiro fim de semana de novembro, com a obrigatoriedade de agendamento prévio das visitas e acompanhamento de monitor cadastrado.

Depois de ouvir Luís Roberto Camargo, diretor da Divisão Estadual de Reservas e Parques do Instituto Florestal, órgão que administra os parques estaduais (veja a reportagem), o Webventure traz agora uma repercussão dos fatos. Confira abaixo algumas opiniões e, se quiser deixar também a sua, participe do Muro de Recados do Destino Aventura.

“Para que serve o agendamento prévio? Quem no parque tem reais condições de avaliar quem pode ou não entrar em uma caverna? Nascer e viver ao lado das cavernas não garante conhecimento a ninguém. O próprio retrospecto nos mostra que no acidente anterior (em fevereiro deste ano) o monitor, além de não conseguir salvar o turista, ainda tornou-se mais uma vítima.

Estivemos na região do Petar no mês de setembro com um curso do Clube Alpino Paulista (CAP), éramos 6 instrutores para 9 alunos, sendo que 2 são experientes espeleólogos e nos foi negada a entrada em determinadas cavernas e salões “restritos”. Quando indaguei ao administrador do Petar, o sr. Modesto, onde estava escrito quais eram os salões “restritos” e como era feita a avaliação de quem pode entrar onde, ele desconversou e disse que lá as coisas funcionam assim.

Embora seja sócio do CAP e diretor da Femesp, é importante ressaltar que esta é minha opinião pessoal e não necessariamente representa a opinião destas entidades.”
Marcelo Rey Belo, diretor técnico da Femesp.

“No momento prefiro discutir menos os problemas e trabalhar mais pelas soluções. Estou envolvido em dois projetos que beneficiarão o parque, e que já estavam sendo elaborados antes mesmo dessa situação delicada por qual passa o Petar. Um trata da criação de um grupo civil de resgate e o outro da organização e melhoria dos serviços de monitoria, estabelecendo alianças, organizando e criando atividades e formando uma cooperativa. Em breve poderei dar mais detalhes sobre esses projetos.”
Luiz Spinelli, da empresa de ecoturismo Vale do Betary – Atividades Ecológicas.

“Há 3 anos brigamos pela abertura do credenciamento de monitores a todos os interessados e não só aos locais. Isso resolveria 99% dos problemas. No nosso caso, por exemplo, trabalhamos com um público diferente do turista comum, que são os estudantes, e o tratamento deles tem que ser diferente do que é dado ao turista comum porque o objetivo é outro, é a educação ambiental. Por isso é que oferecemos há mais de um ano, sem que tenha sido aceito e tornamos a oferecer agora , estágios aos monitores locais do Petar, convidando-os a acompanhar o nosso trabalho inclusive em outros locais do Brasil.

E vale dizer que a obrigatoriedade de os grupos de visitantes contratarem monitores locais também é uma forma de tirar uma obrigação do Parque, que é ter funcionários contratados, guarda-parques, que vão trabalhar em baixa temporada também, manter as trilhas, etc.”
Ana Lúcia Ugrinovich, proprietária da Uggi Educação Ambiental, que leva ao Petar uma média de mil estudantes ao ano.

“O acidente que houve no dia 26 de outubro foi lamentável, mas não é uma exclusividade no Parque: pessoas alcoolizadas que não sabem nadar já morreram em praias e outros locais. Já a obrigatoriedade da entrada com monitores credenciados não mudou nada para nós, sempre trabalhamos com os monitores da Associação Serrana Ambientalista. São pessoas qualificadas, que sabem lidar com o público. Nunca tivemos reclamações ou problemas com eles, pelo contrário.”
Harold Hadam (Alemão), da Pousada das Cavernas, que existe há 11 anos no município de Iporanga (SP) e faz parte da Associação de Pousadas e Campings local.

“Há outros parques em situação muito mais precária do que o Petar. A Chapada Diamantina, por exemplo, onde nem existe uma portaria. Esses fatos deveriam levar ou à normatização por meio do plano de manejo, que é obrigado por lei desde 2001 mas que praticamente nenhum parque tem até hoje; ou então à uma normatização mais informal, mas que funcione.

Poderiam ser tomadas ações que não gerem um custo para o Petar, por exemplo, determinar que não se visite a Casa de Pedra no período de trombas d´água (o fenômeno levou à morte um monitor e um turista, que faziam a travessia desta caverna do Petar, em fevereiro deste ano). Ou a redução do número de pessoas para cada guia: hoje há um número informal de 8 a 12 pessoas/guia, que poderia ser reduzido a 4 pessoas/guia, por exemplo, o que poderia ter evitado as mortes na Casa de Pedra.”
Júlio Pieroni, da Pousada das Cavernas, que existe há 11 anos no município de Iporanga (SP) e faz parte da Associação de Pousadas e Campings local.

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Este texto foi escrito por: Webventure

Last modified: novembro 6, 2003

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