No cume do Garrafão. (foto: Arquivo pessoal)
Havia esquecido o gosto em se fazer uma montanha desconhecida em meu currículo… Pela proximidade, o escolhido só poderia estar dentro dos domínios do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. No entanto, estava longe de estar próximo… Foram quase seis horas de caminhada/rapel até o cume e mais outro tanto para voltar. Ou seja, 12 horas de um intenso e cansativo dia na serra. Valeu cada segundo.
A montanha escolhida responde pelo sugestivo nome de Garrafão e seu desenho lembra uma garrafa perfeita, se vista pela travessia Petrópolis-Teresópolis. Nós subimos a via normal, ou seja, a via mais fácil de acesso ao cume. E a normal do Garrafão significa subir a rolha da garrafa… Mas ela está longe de ser fácil ou simples. Tampouco é difícil.
Éramos cinco todos escaladores e acostumados com a vida em clubes excursionistas. Material de escalada nas costas, alguns pedaços de corda para serem deixados pelo caminho e recolhidos na volta, lá fomos nós. O mais interessante era que ninguém conhecia o caminho e nos valemos apenas de indicações excelentes, por sinal. Dadas por quem entende de montanha.
Não ter um guia conhecedor da trilha fez com que todos prestassem muita atenção e, hoje, garanto que cada um do grupo sabe voltar lá sozinho! É como dirigir em uma cidade desconhecida. Se você tem um guia, não presta atenção e nunca mais consegue voltar no mesmo lugar…
A vista – Subimos, assinamos o livro e descemos. A vista dos paredões da Pedra do Sino, por este ângulo, é simplesmente de tirar o fôlego! A parede de mais de 700 metros de extensão, em toda a sua verticalidade (e negatividade, em alguns pontos), não demonstra ser amigável mas, sim, existem vias de escalada ali.
A volta é mais delicada que a ida, onde os trechos que deixamos as cordas foram rapelados (descidos). Ao voltar, precisamos subir de prussik, técnica de ascensão na corda. Como quase não usamos esta técnica, o procedimento se torna lento e moroso. Mas nada tirou o brilho do novo cume em meu currículo e passei o dia seguinte inteiro sonhando com a montanha… Ah! Como isso faz bem à alma…
Este texto foi escrito por: Helena Artmann
Last modified: novembro 7, 2003