Subida no segundo dia foi decisiva para as Motos. (foto: Luciana de Oliveira / Webventure)
O que foi mais difícil? Foi o melhor… a lama, a areia, as pedras. A gente está atrás disso. Com essa simplicidade, o piloto de moto Tadeu Campos, que veio da Bahia, resume o espírito dos competidores deste Cerapió 2004 Rally do Nordeste. Foram 259 em carros e motos, cruzando três estados Ceará, Piauí e Maranhão em três etapas. No total, quase 1.200 km de trilhas e estradas de terra.
Para os competidores de Carros, 101 no total, divididos em 4×4 e 4×2 que estrearam nesta edição -, o terceiro dia, ontem, foi decisivo. Nunca fiz um rali como o de hoje (ontem), muita água, muita lama… A gente está aqui como o carro inteiro não sei como… Foi muito cansativo, 11 horas de prova, mas foi muito gostoso, valeu a pena, diz o paulista Nelson Ortega, estreante no evento. Ao todo 20 estados tiveram representantes nesta edição.
Nos dois dias a organização nos poupou e no terceiro foi puxado. Quem chegou já pode se considerar vitorioso, concorda o também navegador Humberto Ari, de Fortaleza (CE), que pela primeira vez competiu na Graduados. A afirmação dele encontra respaldo em um piloto de moto da Novatos. Chegar ao fim é uma vitória, independente da classificação, diz Geovah Lopes Júnior, da Bahia. Foi a vontade de completar a prova que o fez seguir em frente, superando quatro problemas no percurso: pneu furado, quebra da embreagem, no freio traseiro e uma queda em que se sentiu mal.
“A” subida – O engarrafamento na subida do Amparo, no segundo dia, foi o ponto crucial para as Motos. Aquele foi o momento da trilha mais técnica, própria dos enduros. Muita gente não conseguiu passar pela trilha e voltou atrás, perdendo pontos por não passar nos Postos de Controle que ali estavam.
Para outros, passar ali era questão de honra. Eu não gosto de deixar nada para trás. Perdi duas horas e meia entre ajudar quem estava na minha frente para poder passar e depois consertando a minha corrente, que pegou numa pedra e encavalou no pinhão, conta André de Siqueira, que veio de Palmas (TO) para competir na categoria Over 40. Eu perdi muitos pontos, mas consegui fazer o trecho e me senti satisfeito por isso.
Solidário – O famoso espírito de solidariedade, comum nos enduros de regularidade, não faltou no Cerapío. Líder da categoria Sênior, o mineiro Harley Leonardo foi o único que parou para ajudar seu principal concorrente, Milton César, da Bahia, no terceiro dia de prova. Resultado: Milton consertou a moto, recuperou o tempo perdido e conseguiu tirar a diferença para Harley, vencendo a prova. Quero dedicar este título ao Harley. Sem ele eu jamais teria vencido, assumiu o baiano ao receber o troféu de campeão neste domingo, em Teresina (PI).
As dificuldades são mesmo uma rotina para os participantes. E eles não reclamam. O mais difícil foi ficar um dia sem fazer nada, tomando chuva em Parnaíba, arremata Gérson Frota, piloto de Manaus, referindo-se ao dia que foi dedicado ao descanso dos competidores de carros e motos neste Cerapió.
A edição 2005, que deve acontecer em janeiro, como é tradição na prova.vai começar no Piauí e terminar no Ceará, um percurso inverso ao que foi realizado neste ano. Por isso, vai se chamar Piocerá.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira
Last modified: janeiro 26, 2004