Dóris Percicotti fez sua estréia no Cerapió. (foto: Luciana de Oliveira / Webventure)
Apenas duas mulheres encararam o Cerapió 2004 Rally do Nordeste com motos: Magda Souza, do Tocantins, e Dóris Percicotti, do Ceará, ambas como estreantes. De Fortaleza (CE) até Teresina (PI), a prova encerrada no último sábado passou por algumas cidades cuja população nunca tinha visto um evento semelhante, com carros, motos e quadriciclos. “Quando eu passava, pensavam que era um homem. Quando tirava o capacete virava festa: fotos, autógrafos… As pessoas não acreditavam que é uma mulher”, descreve Dóris.
Foi a primeira vez que essa cearense participou de uma competição longa. “Como toda mulher comecei numa garupa. Achei maravilhoso e pensei: ‘não vou ficar dependendo dos outros’. Comprei uma moto e comecei a andar sozinha. Conheci o pessoal que anda em Fortaleza, fui bem recebida e até então participava apenas de provas locais”, narra.
Para ela, o Cerapió, com seus quase 1.200 km de percurso divididos em três etapas, foi um teste de resistência, tanto para o equipamento como para o piloto. “Precisava perseverança. Chegamos a ter 12 horas de prova em uma etapa e tinha momentos em que dava vontade de ir para casa… Você tem que ir devagar, no seu tempo. Mas quando se está toda suja de lama, doida para tomar um banho… é difícil”, conta.
Folga e planos – Fora das trilhas, Dóris é proprietária de uma loja de produtos para banho e trabalha no departamento financeiro de uma transportadora em Fortaleza. Os seis dias que ela passou no Cerapió foram uma concessão: “Eles me deixam ficar fora esses dias porque também acreditam em mim.”
A paixão pelas duas rodas cresceu ao ponto de ela ter um plano audacioso: participar do Rally dos Sertões, maior evento off-road da América Latina, em moto, daqui a dois anos. A prova tem uma média de 10 etapas. “Vou treinar para isso”, promete.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira
Last modified: janeiro 27, 2004
