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O Brasil no Desafio de los Volcanes

Redação Webventure/ Aventura brasil, Corrida de aventura

Luiz Antonio plota o mapa antes da prova. (foto: Divulgação.)
Luiz Antonio plota o mapa antes da prova. (foto: Divulgação.)

O Desafio de Los Volcanes é uma das corridas de aventura mais bonitas da atualidade. A prova acontece há quatro anos na Patagônia e desde a primeira edição contou com a participação de times brasileiros.

As equipes, com quatro integrantes cada, devem cruzar a Cordilheira dos Andes através da Rota dos Vulcões, partindo de Puerto Montt, no Chile, em direção à Patagônia Argentina, durante seis dias de prova, praticando diversas modalidades de esportes de aventura como orientação, trekking, canoagem, mountain bike e técnicas verticais (rapel, tirolesa ou jumar).

O Desafio de Los Volcanes 2004 foi considerado pela organização da prova a edição mais difícil já realizada. Teve início no dia 26 de janeiro, com 70 equipes de diversas nacionalidades. Entre elas estavam cinco brasileiras: AXN Mitsubishi Salomon Quasar Lontra; Brothers FK; Mamelucos; Ecomotion e 100 Stress.

Neste Aventura Brasil, os próprios atletas brasileiros narram quais foram os desafios na terra dos vulcões. Quem se deu bem, quem desistiu, enfim, tudo o que pode acontecer quando quatro pessoas colocam uma mochila nas costas e unem muita coragem, força, garra e superação de limites para vencerem diferentes obstáculos.

Uma das equipes mais conhecidas no Brasil e América Latina, com algumas participações no Eco Challenge, a mais difícil corrida de aventura do mundo. Nesta edição do Volcanes a equipe foi formada por Rafael Campos, Fabrizio Giovaninni, Vinicius Mori e a atleta convidada Rose Hoepnner, da equipe Suindara, que substituiu Marina Verdini. Leia relato de Rafael Campos:

“A largada aconteceu às 16h da segunda-feira, 26 janeiro, em caiaque duplo oceânico na cidade de Puerto Montt, no Chile. As 70 equipes presentes enfrentaram um trajeto de 75 km pelo gelado mar chileno, passando por dois Pontos de Controle (PCs) virtuais antes de alcançar a primeira Área de Transição (AT). As difíceis condições climáticas derrubaram a previsão da organização de que as primeiras equipes fizessem tal trajeto em oito horas: as primeiras começaram a chegar depois de 10 horas da largada.

Nesta primeira e difícil etapa, muitas equipes já não conseguiram terminar, tendo de abandonar a competição com menos de 24 horas de prova. Nós chegamos a ficar na última colocação no início, pois enfrentamos sérios problemas com o leme quebrado de um dos caiaques. O caiaque havia sido testado um dia antes, mas o imprevisto aconteceu. Foram cerca de 40 minutos parados tentando arrumar o leme. Mas acabamos recuperando posições, e terminamos esta etapa com 12 horas de remo, na 11ª colocação.

Penalização – A seguir, veio um trekking de 60 km, inclusive com uma ascensão por cordas (jumar) de 55 metros. Naquele momento, nossa atleta Rose Hoeppner, que substituía a Marina Verdini, que não pode ir por problemas médicos, encontrava dificuldades em subir pelas cordas. Ela foi obrigada pela organização a descer das cordas e seguir por uma trilha paralela.

Horas mais tarde a equipe recebeu a informação que seria penalizada em duas horas pelo ocorrido, o que não foi dito quando ordenaram sua descida da corda. O percurso original daquele trekking seria pela “boca” de um vulcão, mas a tempestade daquele dia e uma determinação da Força Aérea chilena fizeram com que a organização alterasse o trajeto por motivo de segurança.

Ventos e tempestades – Na etapa seguinte, as equipes pegaram suas bicicletas para um percurso de 65 km. Subiram o Vulcão Osorno em um duro “empurra-bike”, seguido por descidas íngremes e técnicas, até atingirem o próximo acampamento. Naquele momento, nossa equipe estava em 8ª lugar e se preparava para mais uma remada de 35 km. Em seguida, partiríamos para aquele que seria o trekking mais difícil e perigoso da competição.

A remada seguia tranqüila, até que uma nova tempestade de ventos, seguida por chuva, entrou transformando o lago em um mar, de tantas ondas que surgiram. Foi um dos momentos tensos que passamos. O trekking iniciava-se às margens do mesmo lago, até o início da subida ao Vulcão Casablanca.

A noite foi extremamente fria, e a difícil navegação não permitiu que nenhuma equipe atingisse o cume do vulcão, onde se encontrava o PC, antes do amanhecer. Nesta difícil etapa, a equipe espanhola Meridiano Raid, vencedora do Ecomotion Pró e que liderava a prova, acabou desistindo, pois um de seus integrantes estava com hipotermia. Para chegar à cratera do vulcão, onde estava o próximo PC, enfrentamos uma subida íngreme e perigosa, inclusive com trechos de gelo.

Tensão – O frio, a neblina e as rajadas de vento deixavam a situação cada vez mais tensa. Chegamos ao PC no alto do vulcão às 10h, assumindo naquele momento a quarta posição. No PC seguinte, aproveitando de erros de navegação de duas equipes anteriormente à nossa frente, atingimos a segunda colocação. Partimos então à caça da equipe líder, a Argentina AXN Merrel.

No próximo acampamento, estávamos trinta minutos atrás dos líderes, e planejávamos “pagar” a penalização imposta ali, mas fomos informados da mudança de regras, e as duas horas seriam acrescidas ao tempo final de prova, destruindo nosso planejamento. Partimos então pedalando para um percurso de 135 km, onde atravessamos a cordilheira dos Andes e a Fronteira Chile / Argentina. Em mais uma noite fria, e com muito sono, tivemos dificuldades em encontrar o PC virtual 25, e acabamos sendo ultrapassados pela equipe argentina Gringo Viejos.

Momentos finais – Na Área de Transição (AT) seguinte, restando poucos quilômetros para o final da prova, mais uma mudança nas regras: deveríamos pagar a penalização naquele momento. Enquanto nos alimentávamos e nos preparávamos para os 10 km de trekking com um rapel de 120 metros, assistimos a equipe chilena “Cosacos” e a argentina “Leon Fitness” chegarem e saírem da AT. Caímos então para o quinto lugar.

Após o rapel, restaram apenas cinco quilômetros de caiaque duplo pelo lago Lacar, para cruzar o pórtico de chegada em San Martin de Los Andes. O dia estava espetacular, com um sol brilhando sem uma nuvem no céu. Em nada lembrava o frio que tínhamos passado e os dias difíceis. Uma multidão argentina assistia na praia a chegada da equipe AXN Mitsubishi Salomon, quinta colocada no Desafio dos Vulcões 2004, enquanto era tocado por uma banda militar o Hino Nacional Brasileiro.”

A Brothers FK é um misto de três equipes. Formada por Gabriela Carvalho e Amaury de Souza, da Lobo Guará; Renato Tumang, da Brother e Henri Kubota, da Gesner. Relato de Gabriela Carvalho:

“Exceto pelo Renato, todos participamos do Ecomotion/Pro na Chapada Diamantina no final de novembro e ainda estávamos em fase de recuperação, mas resolvemos encarar o desafio mesmo assim.

A prova já começou mostrando que não era brincadeira. De cara já enfrentamos 75 km de caiaque oceânico, no mar agitado, com muito vento contra. Com umas três horas de remo, o leme de um caiaque quebrou. Paramos em uma praia para tentar arrumar, mas não tinha nada que pudéssemos fazer. O jeito era remar daquele jeito mesmo, fazendo o leme no braço, e para meu azar, eu era quem ia atrás, e tinha que fazer a maior força.

Quinze horas depois, remando madrugada adentro e passando muito frio, chegamos à primeira Área de Transição (AT), em 23º lugar. Fizemos uma breve transição e saímos para a segunda “perna” da prova, que um trekking de 65 km em uma estradinha de terra muito tediosa que levava ao vulcão Osorno. Fizemos 50m de ascensão em cordas numa pedra e começamos a subida ao vulcão.

“Empurra-bike” sem fim – Devido ao mau tempo, cancelaram o Posto de Controle (PC) do cume do vulcão para todas as equipes. Chegamos, portanto, apenas até a base do cume e retornamos pelo mesmo caminho até o PC 4, onde nosso apoio estava nos esperando para nos levar até o AT 2, onde seria feita uma relargada. Saímos para uma “perna” de 65 km de mountain bike, subindo um outro vulcão. Um “empurra-bike” sem fim, no meio de uma tormenta: chuva, muito vento e muito frio!

Terminando a bike, saímos às três da madrugada para mais uma “perna” de caiaque. Dessa vez eram 35 km, que foram bem mais tranqüilos que a primeira “perna”, mas devido ao horário o difícil mesmo foi controlar o sono. Remamos praticamente dormindo o tempo todo. Terminando o remo, fizemos uma transição sem apoio e saímos para o trekking mais esperado: a subida ao vulcão Casablanca.

Neblina e dificuldades – Quase chegando ao cume, anoiteceu e a neblina não permitia visualizar nem um metro à frente. Tentamos alcançar o cume, mas descobrimos que estávamos do lado oposto à trilha de subida e precisávamos contorná-lo para conseguir subir. Resolvemos parar e esperar amanhecer, pois à noite parecia impossível. Acordamos às 6h com um visual fantástico e seguimos a caminhada. Alcançamos o PC no cume do vulcão e continuamos o trekking de descida.

A água acabou e optamos por andar até uma lagoa que ficava uns 2km para o lado oposto ao que precisávamos ir. Achamos que era a decisão mais sensata, pois ainda tinham 20 km de trekking até o próximo PC e sem previsão de rios para abastecer de água. Pegamos água e começamos a andar em um ritmo forte para recuperar o tempo perdido.

A estratégia deu certo, pois conseguimos passar umas 10 equipes naquele trekking, que estavam sofrendo com a desidratação. Chegamos na transição às 21h e, para nossa decepção, ficamos sabendo que o horário de fechamento da fronteira era justamente às 21h.

A espera – Conclusão: teríamos que esperar até às 8h, horário em que a fronteira abriria para continuarmos a prova. Era a última noite da competição e nossa estratégia, já que havíamos dormido no vulcão na noite anterior, era seguir direto sem dormir e recuperar algumas posições.

Mas aquela parada obrigatória de 11 horas estragou nossa prova. Às 8h, saímos para uma “perna” de bike de 155km, e devido ao curto tempo não pudemos fazer o trekking de 10 km e o rapel. Então seguimos direto para o último PC, que era uma “perna” de caiaque de 5 km em direção à chegada.

Balanço – Terminamos a prova às 19h, em 19º lugar. A prova foi muito bem organizada e o nível de dificuldade foi muito grande. As “pernas” foram muito longas, as mudanças de temperatura durante a prova foram outro fator que dificultou bastante. Durante o dia as temperaturas são altas, mas à noite e na altitude ela cai bastante.

Outra dificuldade da prova é o peso da mochila. Temos que andar com ela carregada o tempo todo, pois os materiais obrigatórios são muitos e a quantidade de roupa que tem que levar é grande.

Apesar das muitas dificuldades, a prova passou por lugares maravilhosos e é uma experiência que vale a pena, Mas para participar é necessário estar muito bem preparado, tanto fisicamente quando psicologicamente.”

A equipe Mamelucos foi fundada por Sérgio Zolino, ex-triatleta, hoje organizador do Adventure Camp, mas que não participou do Volcanes por conta de uma forte gripe. Eduardo Saham o substituiu na corrida. Cristina Carvalho e Zé Caputo, também triatletas (ele um militar e um dos melhores navegadores do Brasil), mais Luis Antônio Barbosa, completaram a equipe. Acompanhe o relato da atleta Cris Carvalho:

“Os Mamelucos nos Volcanes foram à passeio. Não tivemos a oportunidade e o prazer de atravessar a Patagônia com a bandeira brasileira. Infelizmente, ocorreu um erro com a tradução do race book que nos tirou da prova no primeiro dia, depois de 75km de remo e uma parada estratégica antes de chegar à Área de Transição.

Ficamos muito tristes em não poder desfrutar daquele lugar, mas temos certeza que em 2005 nosso time voltará para checar o que perdeu.
Para nós as provas são feitas de supresas e uma fatalidade como esta não compromete a grandeza daquele evento e muito menos nos tira a vontade de continuar correndo.

Tudo isto faz parte de saber brincar. Na verdade, a magia é nunca perder à vontade de ir além das fronteiras, onde nunca passaríamos se não fossem estas corridas para nos guiar.”

Ecomotion
A equipe Ecomotion foi formada por Said Aiach, atleta de corrida de aventura e organizador do Circuito Ecomotion, competição de caráter internacional realizada no Brasil; Silvia Guimarães, a Shubi, da equipe feminina Atenah; Leonardo Contijo, da equipe mineira Brasil 500 Anos e Ricardo “Xuxa”, da Eco2. Veja relato de Shubi:

“Participei do Desafio de Los Volcanes este ano com a equipe
Ecomotion. Como ela foi montada somente para este evento, não éramos
muito bem organizados. Mas mesmo assim cumprimos todas as exigências das verificações. Recebemos os mapas somente algumas horas antes da largada, igual ao Ecomotion da Bahia (realizado em novembro passado).

A largada foi em caiaques oceânicos duplos, um longo remo logo de cara. Como ela aconteceu às quatro da tarde, era necessário aproveitar a luz do dia. Com uma hora de prova enfrentamos nosso primeiro problema: o leme de um caiaque quebrou. Depois de mais algumas horas, o outro leme quebrou, mas esse conseguimos consertar depois de perder uns 30 minutos.

O mar estava batido e com correnteza era forte e contra. Lá pelas duas da manhã, outro empecilho: perdemos um remo. Com essas dificuldades, a nossa progressão diminuiu muito e o mais prudente foi parar e dormir até o dia amanhecer.

Iminência do “corte” – Com a luz do dia, voltamos a remar, com mais vento e correnteza, e chegamos à Área de Transição (AT) perto do meio dia. Teoricamente já estávamos cortados por apenas alguns minutos, mas conseguimos convencer o organizador que seriamos rápidos e saímos para o trekking com cordas.

O próximo “corte” seria às 19h e a mais ou menos 35 km de distância. Aceleramos o possível, corremos até nas subidas, mas infelizmente o tempo perdido no remo nos custou a prova. Chegamos ao rapel às 19h14 e fomos desclassificados por pouco…

Essa prova deixou a desejar porque, afinal, fizemos apenas dois dias, mas o importante é que sempre se aprende alguma coisa, principalmente olhar para os erros e melhorar da próxima vez!.”

O Volcanes foi o primeiro desafio internacional da equipe 100 Stress, formada por Gabriela Jonsson, Décio Santos, Paulo Mazzoco e David Neto (ex-capitão da NXR). Leia relato de Gabriela Jonsson:

“Estávamos todos com muita expectativa com relação a esta prova, por diversos fatores. Primeiro porque seria a primeira competição de que participaríamos com esta formação. Também porque o Volcanes é considerado uma prova muito bonita e ao mesmo tempo muito dura. Nossa grande preocupação era o frio. Por conta destes fatores e pelo fato de ser uma prova de nível internacional, nossa expectativa era terminar a prova completa.

Depois de todo o trabalho de preparação de vários meses e de muita logística, chegamos a Puerto Montt, no Chile, ansiosos para a largada. Fizemos toda a checagem de equipamentos, e ficamos no aguardo do briefing. Ficamos um pouco surpresos porque não recebemos os mapas na véspera, como de costume, e tínhamos poucas informações sobre o início da prova, o que impedia qualquer planejamento mais preciso.

Roupas foram trunfo – Largamos, com o número 25, em caiaques oceânicos, no Pacífico, num trecho de 75 km de extensão. Não bastasse a distância, ainda tivemos que enfrentar a noite, com muito vento contrário, e um frio muito forte. Felizmente levamos roupas de neoprene longas, o que foi fundamental, já que nesta primeira etapa várias equipes desistiram ou tiveram que ser resgatadas. Foi um início de prova muito duro.

Como a largada foi às quatro da tarde da segunda-feira, terminamos esta primeira etapa no início da manhã do segundo-dia, quando então saímos para um trekking que deveria ter 65 km, subindo até o topo do vulcão Calbuco. Aí a organização começou a criar algumas confusões. Foi estabelecido um “corte”, do qual só fomos comunicados durante o trekking. Seria no PC 5, às 19h. Chegamos às 16h. Várias equipes chegaram em questão de minutos após o “corte” e não puderam fazer a ascensão, o que causou uma grande confusão no PC, pois foram informadas erroneamente pelo PC que estavam desclassificadas.

Olha a fila! – Além disso, em função das “péssimas” condições do clima, a subida ao cume do Calbuco foi cancelada, e as equipes deveriam ir até o PC 6 e voltar para o PC 4, para dali continuar na próxima etapa. Ficamos duas horas na fila para fazer a ascensão, pois além de tudo as cordas do jumar passavam por dentro de uma vegetação espessa, o que dificultava a progressão das equipes. Por conta disto, um dos integrantes do nosso time, que ficou enroscado nos galhos, acabou fazendo uma manobra que nos custou uma penalização de cinco horas!!!

Várias outras equipes foram penalizadas. Sinceramente acreditamos que faltou organização no PC 5, pois em determinados momentos havia equipes subindo sem que nenhuma pessoa da organização estivesse acompanhando, o que pode ser extremamente perigoso. E faltaram critérios definidos para aplicação de penalidades.

Mais “empurra-bike” – Passada aquela etapa conturbada, partimos para uma etapa de 75 km de bike, na qual subimos uma boa parte do vulcão Osorno, sendo uma boa parte de “empurra-bike”, já que o terreno era muito íngreme e o solo tinha somente pedras soltas. Naquela etapa encaramos frio, chuva e vento muito fortes, e algumas equipes novamente foram resgatadas por hipotermia. Após descer o vulcão, pedalamos um pouco e depois mais um longo trecho de “empurra-bike”, agora em terreno com muito barro e erosões, até chegar no PC 16, às margens do lago Rupanco.

O trecho seguinte foi novamente de caiaques, no lago, com 35 km, passando por dois PCs virtuais até chegar ao PC 19, onde iniciamos um novo trekking, desta vez para subir até o cume do vulcão Casablanca. Até o PC 20 seguimos margeando o lago, com um visual muito bonito. No PC 20 começou realmente a subida até o vulcão.

Depois de andar algumas horas por uma mata com muito barro, chegamos a um terreno totalmente coberto por rocha vulcânica e iniciamos o ataque ao cume por uma vertente muito íngreme, que não era a recomendada pela organização. Algumas equipes, no meio da ascensão, optaram por corrigir o rumo e tentar voltar para a rota sugerida, mas nós insistimos na nossa opção e acabamos ganhando bastante tempo.

Erros acontecem… – Depois de uns 1.000m de ascensão muito íngreme, sendo que na parte final tivemos que caminhar um bom pedaço no gelo, percebemos que havia na verdade 3 cumes, e que o PC não estava no que atingimos. A princípio ficamos muito preocupados, pois já era noite, o frio era muito forte, e a visibilidade era mínima.

Após alguns momentos de estresse e muita discussão, resolvemos tentar atravessar até outro cume onde acreditávamos estar o PC. Felizmente tomamos a decisão certa e em pouco tempo estávamos no PC 21, aliviados por não precisar passar a noite naquele ambiente hostil.

A descida até o PC 22 teoricamente seria mais fácil, mas o PC nos obrigou a seguir um caminho que, segundo a organização, era mais longo, porém muito mais seguro. O resultado é que acabamos perdendo muito tempo, pois a névoa era intensa e a navegação fazendo triangulações era bem mais complicada. Para piorar, não encontramos água e estávamos já há 14 horas sem beber nada, e começamos a ficar desidratados. Naquela etapa vimos equipes serem resgatadas por helicóptero, em estado sério de desidratação.

Contra o relógio – Depois de mais algum tempo descendo por uma trilha interminável, finalmente chegamos ao PC 23 e pudemos nos hidratar. Não teve tempo para descanso, pois ainda tínhamos que sair com as bikes e chegar à aduana (fronteira Chile-Argentina) antes das 20h. Caso contrário teríamos que esperar até o dia seguinte.

Aquele foi outro ponto polêmico da prova. Para algumas equipes a aduana fez “plantão” à noite, e para outras, não. Acabamos, depois de muitas informações conflitantes, entrando na Argentina sem problemas. O trecho de bike não foi técnico, mas teve 155 km, com algumas subidas muito longas. Depois de muito lutar contra o sono e o cansaço, chegamos finalmente às proximidades de San Martin de los Andes para um trekking de pouco mais de 10 km, com alguma navegação e um rapel de 120 metros, muito bonito.

Finalmente chegamos ao trecho final, 5 km de caiaque no lago Lacar até chegar a San Martin, não sem antes carregar os caiaques por uns 500 metros até chegar à água. A chegada foi muito legal, passamos pelo pórtico sendo recebidos com aplausos pela organização e por uma pequena multidão, com direito a entrega de medalhas e tudo. Terminamos a prova na 16ª colocação geral, tendo completado toda a prova, o que nos deixou bastante satisfeitos.

Gostaríamos de agradecer aos nossos apoios, a Andréia e o “Nacho”, argentino que nos foi designado pela organização e que foi 100% em tudo.”

A equipe 100 Stress participou do Volcanes com patrocínio Germânica, Renata e Lan Chile, e com apoio da Farmácia São Luiz, Mega Bikers, Desktop Internet Services, Fora Clothing e Trio barras de cereais.”

Este texto foi escrito por: Camila Christianini

Last modified: fevereiro 13, 2004

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Redação Webventure
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