
1ª edição da Ametur aconteceu em Ouro Branco (MG). (foto: Divulgação.)
Coragem, resistência e vontade de superar os próprios limites enfrentando situações de frio, calor, fome e cansaço por vários quilômetros não são suficientes para participar de uma corrida de aventura. É preciso também ter muito dinheiro no bolso. Por mais contraditório que seja, os competidores pagam – e muito! – para sofrer durante horas e até dias nas corridas de aventura.
Com o surgimento das corridas de curta duração, isso não mudou muito. A inscrição claro não custa 3 mil reais como provas de mais de 400km, mas mesmo assim o valor é relevante. O preço dessa aventura pode variar entre R$ 55 e R$ 200 por competidor. E isto é só a inscrição, sem contar gastos com equipamentos e logística, como transporte e alimentação.
Neste valor, muitas vezes os competidores não sabem o que está incluso, e acreditam mesmo que a inscrição cobre todos os seus gastos. Como alimentação no local. Ou logística de transporte de equipamentos. Ou se o seguro de saúde e vida está incluso. Sim, até mesmo em minicorridas de aventura existem organizações que usam estes seguros.
Por outro lado, existem esportistas que não sabem que a maioria das organizações investe na compra ou aluguel de canoas, caiaques ou bóias de rio. Alguém sabe quanto custa um aluguel de duck (caiaque inflável)? Trinta reais. E o preço de um novo? Mil e duzentos reais. Sabe quantos ducks a Ecomotion tem? Cento e sete, com previsão de compra de mais 20. E a Zolino Promoções, do Adventure Camp? Setenta. A EMA (Expedição Mata Atlântica), mesmo sem organizar mais corridas de aventura, tem um estoque de cento e sessenta ducks.
As minicorridas – Para contextualizar mais, mesmo com inscrições individuais que custam em média R$ 150, segue o panorama do último final de semana em que aconteceram as corridas na Ultimate Adventure e Natura Kaiak Short Adventure, no dia 24 de abril. O número de participantes no Ultimate foi de 48 trios, com possibilidade de revezamento de atleta com o apoio.
Já no Short Adventure, participaram 120 duplas e seus dois apoios. Isto quer dizer que pelo menos 400 pessoas pagaram inscrições, combustível para locomoção ao local e durante a prova, hospedagem nas cidades, refeições e, claro, adquiriram seu equipamento. Um esporte elitista. Sim. Mas bastante procurado e desejado por quem não é elite.
Para entender melhor a questão, sobre o Por quê corrida de aventura é tão cara, a reportagem do Webventure foi atrás dessas e outras informações das principais mini-corridas do país. Os critérios de escolha foram corridas curtas entre 40 e 60 quilômetros, com organizações respeitadas e reconhecidas pela comunidade participante e averiguadas pelo portal. Confira a reportagem.
A primeira etapa do ano foi realizada no dia 24 de abril, na cidade de Itirapina (SP), a 220km da capital paulista. A prova teve 45 quilômetros de percurso e a inscrição individual custou R$ 200 e R$ 170 (para equipe que tinha o próprio duck). As modalidades foram orientação, mountain bike, trekking, canoagem, bóia-cross e prova especial.
No valor da inscrição inclui colete de prova, camiseta de secagem rápida, equipe médica qualificada e champanhe (espumante) para celebrar na chegada. No final do circuito, serão distribuídos 30 mil reais, premiando em dinheiro as três melhores duplas das quatro categorias: Mista, Masculina, Feminina e Máster.
O Short Adventure incentiva novos participantes, pois é em duplas, em locais perto de São Paulo, muita sociabilidade, com pequeno investimento e ótima qualidade, diz Said Aiach Neto, organizador do evento.
A segunda etapa do ano do Adventure Camp será no dia 23 de maio, em Campos de Jordão (SP), a 170km da capital. O valor da inscrição é R$ 140. Já Sérgio Zolino de Sá, organizador do evento pela Zolino Promoções, diz que só o valor pago pelo atleta não é suficiente para fazer a prova acontecer.
É preciso ter patrocínio e apoios para se realizar a competição porque o custo é muito alto, disse. A prova terá as modalidades orientação, mountain bike, técnicas verticais, trekking e canoagem. O Camp já está trabalhando com o número limite de equipes, para que ocorra tudo bem, completou Zolino.
A Caloi é patrocinadora do evento, que oferece por etapa quatro bicicletas para a equipe vencedora da categoria Estreante e, no final do circuito, um carro 0km e 10 mil reais de premiação para equipes vencedoras.
Ultimate Adventure O circuito Ultimate Adventure 2004 teve início também no dia 24, no Parque Estadual Intervales, em Ribeirão Grande (SP), a 270km da capital. A inscrição custa R$ 130 por atleta e dá direito ao colete de prova e equipe médica especializada.
As modalidades da etapa foram orientação, trekking, bóia-cross, travessia em caverna e técnicas verticais, passando por 45 quilômetros de trechos de pura Mata Atlântica. Segundo Genoveva Vidigal, organizadora do evento, o levantamento encarece muito o valor da inscrição. Ir sempre até o local para conversar, conseguir licenças e traçar a prova, custa muito, explica.
Sem grandes patrocinadores, as provas são pagas através das inscrições. Tem que ter muita paixão pelo que a gente faz, disse Veva. A premiação será um kit com produtos da Salomon para os melhores colocados.
Assim como o Adventure Camp, o Chauás Fast vai acontecer em Campos do Jordão (SP), mas no feriado de 1º de maio. A inscrição é R$ 120 por atleta. As modalidades são orientação, trekking, canoagem e mountain bike. Serão distribuídos medalhas e troféus para os primeiros colocados e vale-compras para os vencedores ao final do circuito.
Segundo Lucas Gerônimo, organizador da Chauás, o valor da inscrição nã é caro. “Se todas as etapas fossem no mesmo local não haveria todos os custos de levantamento de prova. Mas aíperderia a graça da corrida de aventura, que é descobrir novos lugares”, disse.
“São necessãrios no mínimo dois meses para organizar uma prova”, justificou Lucas, referindo-se ao valor da taxa de inscrição.
A próxima etapa da Canela Adventure, que começou com a organização de corridas locais na EMA na região, em 2002, acontecerá no mês de agosto, em Gramado (RS), a 115km da capital. A prova terá média de 60 quilômetros divididos em orientação, trekking, canyoning, cascading, mountain bike, natação e prova surpresa.
O valor da inscrição é R$ 55 por atleta. A organização da prova explica que a canoagem ainda não é viável para a prova, pois o custo do aluguel da embarcação é alto. Como não tem duck aqui no Sul, teríamos de alugar em São Paulo e o transporte é muito caro. O aluguel de cada duck acaba saindo por volta de R$ 200, explicou Djeremi Lírio, organizador da prova.
Ao final da prova todos os competidores ganham certificado de participação e as três melhores equipes recebem premiação em dinheiro, sendo R$ 700 para a vencedora.
A segunda etapa do circuito paraense Kaluanã, que começou também com a EMA Amazônia no Estado, vai acontecer em 20 de junho, na Ilha do Outeiro, na grande Belém (PA), com média de 50 quilômetros de percurso. Vamos utilizar canoas tipo casquinho, que comportam quatro pessoas e são feitas de madeira. Assim, investimos R$ 30 de aluguel por canoa, fazendo a troca com a comunidade ribeirinha, conta Gelderson Pinheiro, um dos organizadores.
Serão distribuídos R$ 3 mil em prêmios para os vencedores. A taxa de inscrição é R$ 75 por atleta. A corrida de aventura é um esporte elitizado, pelo custo com equipamentos e deslocamento. O que nos ajuda é que os patrocinadores emprestam alguns acessórios a preço acessível para os competidores que não os tem, esclareceu Gelderson.
A prova é feita com o dinheiro dos patrocinadores. A inscrição só complementa, disse. Ao final da prova os competidores encontram uma mesa de frutas à disposição.
A segunda corrida de aventura do Circuito Capixaba vai acontecer no dia 6 de junho, na grande Vitória (ES) e terá entre 50 e 80 quilômetros. As modalidades serão orientação, trekking, cavalgada, técnicas verticais e canoagem.
Eles alugam caiaques duplos para o trecho de canoagem. O valor da inscrição é R$ 100 por atleta, que pode ser revertido em descontos para a realização da clinica dos módulos de orientação, técnicas verticais e primeiros-socorros, oferecidas pela organização. Um médico especializado é levado para prova juntamente com uma UTI móvel.
É obrigatório que o atleta tenha certificado desses cursos. A segurança é a prioridade no nosso evento e a organização tem que se respaldar o máximo possível para que o atleta seja independente, explicou Leonardo Azevedo, responsável pela prova. O evento não tem patrocinadores e a organização afirma: não existe retorno financeiro sem grandes apoios.
É um circuito recente, apesar de a organização já ter experiência de seis edições da Copa Ametur de Mountain Bike. A corrida aconteceu em 18 de abril e segunda etapa será em 6 de junho, em Carandaí (MG), a 137km da capital. A corrida conta com as as modalidades orientação, trekking, cascading e mountain bike.
A premiação de cada etapa é dada pelo patrocinador (Curtlo), através de equipamentos. Nesta prova, Os atletas podem optar entre três categorias: Dupla Amadora, em que os competidores enfrentarão um percurso de 50km; Dupla Graduada, um pouco mais, com 60km; e categoria Solo, 55km.
Queremos diversificar os esportes na Copa Ametur, e estamos pensando até em fazer uma Copa Ametur de xadrez também, explicou Rogério. Tudo para aumentar o turismo na região.
Este texto foi escrito por: Cristina Degani e Camila Christianini
Last modified: maio 3, 2004