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Minha primeira vez

Redação Webventure/ Biking, Expedições, Outros

Eu  nesse tempo de primeiras pedaladas (foto: Arquivo pessoal)
Eu nesse tempo de primeiras pedaladas (foto: Arquivo pessoal)

Em sua primeira coluna, o cicloturista Fabio Zander fala de suas recordações da primeira viagem de biker e o que motivou ele a até hoje se apaixonar pelo estilo de viagem.

No final de 1991, na véspera de Ano Novo, pedalei junto com meu pai o que seria o meu primeiro contato com o cicloturismo: uma pedalada de Guarujá a Bertioga atravessando totalmente maravilhado os vinte e cinco quilômetros da Ilha de Santo Amaro.

O encanto e o diferencial daquela pedalada para com as outras que dava na praça perto de casa ou nas viagens da família é que eu ligava uma cidade a outra curtindo a natureza, as pessoas e o canal de Bertioga. Essas foram as principais razões para que o cicloturismo se transformasse em paixão até os dias atuais.

Se meu pai soubesse que aquela pedalada em 1991 traria maiores conseqüências como outras viagens, não sei se ele a teria planejado. Talvez hoje ele não saiba a sua devida importância e muito provavelmente minha mãe, se soubesse da minha crescente paixão por esse tipo de viagem, proibiria pai e filho de alcançarem Bertioga de bicicleta. Uma coisa é certa, meus pais durante os anos seguintes sempre me apoiaram nestes ciclodesafios, os mais loucos que esses pudessem parecer.

A partir dos quinze anos em diante, foi aumentando a vontade de planejar e realizar a minha primeira viagem de bicicleta, que acabou acontecendo entre 1995 e 1996. Nesses anos realizei com um grande amigo do Grupo Escoteiro Bororós, o Mark, a minha tão sonhada e desejada viagem saindo de Campos de Jordão com destino a Ubatuba e com direito a passagem de ano em Paraty.

O planejamento foi baseado em uma antiga planilha do percurso retirada de uma revista especializada em bicicletas. Foram dias de descobertas, tanto na fase de planejamento, como no desenvolvimento da cicloviagem. Carregando pesadas mochilas nas costas e a barraca presa a um precário bagageiro traseiro instalado na bicicleta, partimos para transformar sonho em realidade.

Passamos noites em tudo que é canto, de posto de gasolina na beira da Via Dutra a mesa de bilhar em um bar próximo a Cunha, além das redes armadas pela Mata Atlântica. Apesar de alguns problemas mecânicos com freios, bagageiros e rodas tortas, solucionados com boas gambiarras e muita criatividade, realizamos com sucesso o objetivo de atravessar três serras – Mantiqueira, Quebra Cangalha e Bocaina – e chegar no litoral norte paulista.

O resultado dessa primeira pedalada não podia ser melhor, dando-me a certeza da paixão pelas viagens utilizando a bicicleta como meio de transporte. Sentimentos valiosos surgiram durante a viagem: companheirismo, respeito, responsabilidade, criatividade, boas risadas, bom senso, medos… todos úteis ao meu crescimento pessoal e acrescentando experiências às minhas próximas cicloviagens.

A partir desta viagem de Campos de Jordão à Ubatuba melhorei e adaptei muitas coisas na bicicleta e nos equipamentos utilizados, além da melhora do planejamento que antecede as viagens. Até hoje estas experiências e aprendizados não param de surgir em meus ciclodesafios e não tendem a parar; são limites a serem transpostos racionalmente, regiões e pessoas a conhecer e, o que mais fascina em tudo isso, além da liberdade que o cicloturismo nos oferece, é chegar à conclusão de que é preciso muito pouco para se viver e sobreviver.

Apresentei em abril o “Ciclotrópico, a pedalada dos contrastes” no Circuito Webventure de Palestras na Academia Competition e o convite para escrever esta coluna surgiu no dia seguinte, sendo entrevistado pela (editora) Cris Degani.

Durante a longa entrevista, que para mim foi um agradável bate-papo por telefone, sobre minha palestra e a viagem Ciclotrópico Capricórnio, abordei diversos temas, os quais, julgo eu, incentivaram a entrevistadora a me convidar para escrever uma coluna e descrever a minha vivência com o cicloturismo.

– Zander, você sabe o que é uma crônica?
– Tenho uma vaga idéia.
– Gostaria que a coluna fosse uma crônica.

Pronto, aceitei o desafio e fui olhar o dicionário depois da conversa.

Crônica: 4. Texto jornalístico redigido de forma livre e pessoal, e que tem como temas fatos ou idéias da atualidade, de teor artístico, político, esportivo, etc., ou simplesmente relativos à vida cotidiana. 5. Seção ou coluna de revista ou de jornal consagrada a um assunto especializado.

Gostei e assim ficou definido, sou o novo colunista-cronista do
Webventure. A partir de hoje peço para que você, leitor da coluna, me envie dúvidas, sugestões ou críticas, que responderei o mais rápido possível.

Até a próxima!

Este texto foi escrito por: Fabio Zander

Last modified: junho 11, 2004

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