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Brasileiros não encontraram corpo, mas tiveram as últimas notícias da búlgara

Redação Webventure/ Expedições, Montanhismo

Helena e Paulo Coelho (foto: Arquivo pessoal)
Helena e Paulo Coelho (foto: Arquivo pessoal)

A montanhista búlgara Mariana Maslarova, que foi dada como morta no dia 26/5 pelo site EverestNews, não foi encontrada morta pelos brasileiros Paulo e Helena Coelho. Em entrevista exclusiva a redação do Webventure, Helena Coelho, que também é colunista do portal e chegou há uma semana de viagem, disse que a interpretação do site EverestNews estava errada e o correto é que eles notificaram a morte da montanhista búlgara, pois fazia parte da mesma expedição, mas não que encontraram o corpo dela.

No sábado (12), o Webventure publicou uma matéria contando que o casal de montanhistas tinha encontrado Mariana morta no caminho para o cume do Everest. Essa reportagem tinha como base as informações do site Everestnews e da agência de Sofia, da capital búlgara.

“Não a vimos morta, mas como não retornou ao acampamento 3 depois de três dias e nem foi localizada por ninguém na montanha, ela foi dada como morta “,disse Helena. “No Everest se a pessoa não retorna ao acampamento, a chance dela ter ficado na montanha é grande”. Helena conta que a montanhista búlgara foi para o acampamento a 8300 m de altitude acompanhada de um “personal” sherpa Mingma Dorjee, guia e carregador de altitude contratado por ela.

O que aconteceu – Ele foi com ela até 8.300m de altitude, onde montou e abasteceu o acampamento 3, mas retornou porque não estava bem. Ela decidiu continuar, usando cilindros de oxigênio e aproveitou para subir acompanhando uma expedição comercial com vários sherpas, guias de escalada e grande quantidade de cilindros de oxigênio que subia para o cume no dia 23 de maio.

Outras pessoas que subiam para o cume, com auxílio de oxigênio, assim como Mariana (ela tinha seis cilindros de oxigênio), viram Mariana “conversando” com Hristo Hristov, já morto, no caminho. Hristo era búlgaro e chegou ao cume, sem usar cilindro de oxigênio, no dia 20/5, mas morreu na descida. Outras pessoas disseram que a viram, por binóculo, no final de tarde, às 18 horas, ainda subindo, lentamente em direção ao cume.

Com o desaparecimento de Mariana, a expedição Internacional 2, composta pelos brasileiros e russos, já poderia dá-la como morta. Assim, os brasileiros juntamente com o personal sherpa de Mariana fizeram o inventário dos pertences nas barracas dela. Recolheram o passaporte e embalaram todos os objetos; com o passaporte, o oficial de ligação da Associação Tibetana de Montanhismo poderia providenciar uma certidão de óbito para enviar para a família dela.

“Acredito que a falha na comunicação, entre termos encontrado morta e nós realmente termos notificado a morte dela tenha vindo de algum desencontro entre a notificação para a expedição búlgara e a agência de notícias da Bulgária”. O site de notícias do Everest é um site que acompanha tudo que acontece na maior montanha do mundo.

Mariana era esposa de Ivan Maslarov, diretor da Federação Búlgara de Alpinismo, e sobrinha de Hristo Prodanov, o primeiro montanhista búlgaro a escalar o cume do Everest. Os brasileiros, ela, e mais quatro russos, faziam parte da expedição Internacional 2, que dividia a permissão de escalada do Everest pela face norte – Tibete – para baratear o custo da escalada de cada um. Ela tinha uma filha de 20 anos que cursa faculdade de Medicina. Mariana queria ser a primeira mulher búlgara a chegar no topo do mundo.

Tentativa brasileira – Helena e Paulo Coelho estão na quinta tentativa de ascender ao cume do Everest sem oxigênio artificial. Este ano, dos 169 montanhistas que subiram, apenas dois conseguiram sem o uso do oxigênio. Por coincidência, os dois faziam parte da expedição nacional búlgara, que Mariana não pode participar, por isso ela dividia o permit com os quatro russos e os dois brasileiros. Na descida, um dos búlgaros morreu, Hristo Hristov.

A montanhista brasileira, que estava no Nepal guiando um trekking de 20 dias para brasileiros ao campo-base, aproveitou a viagem e foi para o Tibete para escalar o Everest. Ela conta que as condições eram desfavoráveis para a ascensão sem uso de cilindros de oxigênio. “Ventava muito acima de 8.000m de altitude, dificultando muito a subida dos que estavam tentando sem o uso de cilindros de oxigênio”, conta Helena.

“Apesar do pouco tempo de aclimatação que tivemos, pois o Paulo teve sua bagagem extraviada pela companhia aérea, ainda conseguimos fazer duas investidas acima dos 8 mil metros, nos dias 19 e 23/5. Mas, acabamos por decidir retornar sem mais tentativas, por causa do vento forte que não parava. Na verdade, foi tudo muito rápido. Dessa vez, ficamos menos de um mês na montanha”, conclui a montanhista.

Este texto foi escrito por: Cristina Degani

Last modified: junho 17, 2004

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