Parada para descanso no Caminho do Mar (foto: Fabio Zander)
Fazer cicloturismo é para qualquer um sim, afirma em sua nova coluna Fabio Zander. Incentivador deste tipo de turismo, o experiente ciclista fala de seu passeio no último feriado pela vila histórica de Paranapiacaba e pela Estrada Velha de Santos (SP).
Embora a imagem do cicloturismo é de algo apenas para malucos ou super-heróis ainda prevaleça, a realidade é bem diferente: cicloturismo é uma viagem que despende baixos custos e agrega alta qualidade de vida. E, o mais importante, que pode ser praticado por qualquer um, bastando organização, planejamento e conhecimento de seus limites.
Assim na segunda que antecedeu o feriado de 7 de setembro, resolvi pedalar com minha irmã (Kátia) uma trilha que liga a entrada do Caminho do Mar com a histórica Paranapiacaba, ambas na borda de nossa exuberante Serra do Mar em São Paulo.
Dia ensolarado, ótimo para o pedal. Saímos de casa bem cedo com as bicicletas no carro com destino ao km 42 da Estrada Velha de Santos (Caminho do Mar), próximo a Riacho Grande. Lá existe um portal do “Polo Ecoturístico Caminhos do Mar” que controla o acesso de pessoas na região e onde foi possível parar o carro no estacionamento e dar início a pedalada com destino a Paranapiacaba.
A região é muito bonita e bastante procurada por famílias e pescadores que se instalam às margens da represa Billlings, tendo aqui as suas águas menos poluídas. A trilha a ser percorrida de bicicleta tem aproximadamente 55 quilômetros, somando ida e volta, e tem contato direto com a Mata Atlântica por todos os lados e algumas piscinas naturais.
É também usada por jipeiros e motociclistas de enduro e não tem grandes variações de altitude, portanto uma pedalada gostosa sem exigir muito fisicamente. Percorremos o trajeto em aproximadamente seis horas com direito a duas horas de descanso, almoço e fotos em Paranapiacaba.
Dica de leitura: Guia de trilhas, de Guilherme Cavallari (Via Natura)
Paranapiacaba é um marco da presença britânica no Brasil e a única vila ferroviária conservada desde a sua fundação. Esta localizada na região sudeste do município de Santo André a 50 km de São Paulo.
Pedalar ente suas casas todas de madeira, conhecer o relógio no pátio ferroviário, o “Castelinho”, o museu e os antigos vagões abandonados que criam o clima da cidade que é rodeada pela Mata Atlântica. Já faz alguns anos que conheço a vila que também já esteve bastante abandonada em estado crítico de conservação, hoje tem o seu conjunto arquitetônico tombado como patrimônio nacional e, sua porção de mata faz parte da Reserva da Biosfera, sendo uma importante área de conservação ambiental reconhecida pela Unesco.
É possível explorar de bicicleta todos os cantos dessa cidade que fica encoberta na maior parte do tempo pela neblina, mas hoje pedalando com minha irmã tivemos sorte e bom tempo. Vale a pena conhecer a história da pequena vila e este pedaço de nossa Serra do Mar que está tão próximo da capital de São Paulo. Confira o site www.paranapiacaba.santoandre.sp.gov.br
Sobre a Estrada Velha de Santos, tenho uma confissão a fazer e uma reclamação com jeito de conselho. Segue a confissão: em 1997, com mais dois amigos, desci a Estrada Velha de Santos e na época ela estava abandonada com dois trechos desmoronados. Como a descida da serra por este trecho de 8 quilômetros era proibida, havia no início da descida à Cubatão uma guarita de controle, onde desembolsamos 10 reais para ter a passagem liberada.
O único conselho do guarda subornado foi: – Passem pela guarita de baixo (em Cubatão) sem parar. Se o guarda perguntar, avisem que estavam “perdidos” na região!
Ao final da descida da Estrada Velha, atravessando as partes desbarrancadas e tendo vistas para Cubatão e Santos, passamos pela guarita onde o tal guarda dormia e seguimos nossa viagem com destino a Bertioga.
Confesso que a “aventura” não é digna de incentivo e exemplo para ninguém, mas com a reforma que a estrada sofreu e o controle que ela tem hoje, me pergunto: – Por que não liberam a descida de bicicleta a Baixada Santista?
Ciclistas e cicloturistas, vocês já devem ter imaginado e sonhado com um trajeto que liga a capital de São Paulo a Baixada Santista e este é o caminho. Por que o “Polo Ecoturístico Caminhos do Mar” não cobra uma taxa para a descida de bicicletas ou pelo menos organize uma espécie de comboio que desça Estrada Velha de Santos em determinado horário?
Espero que num futuro próximo a Estrada Velha seja liberada para as bicicletas, pois este veículo polui menos do que as vans que circulam com os excursionistas pela estrada. Segue outra dica de site: www.museudaenergia.org.br.
Este texto foi escrito por: Fabio Zander
Last modified: outubro 8, 2004