João Joca Signorini (foto: Hector Echebaster / ZDL)
Um barco brasileiro tem chances na disputa pelo primeiro lugar na maior regata oceânica do mundo? A pergunta só será respondida em 2006, quando o barco Brasil 1 estará na corrida Volvo Ocean Race. O velejador Torben Grael é o comandante do barco brasileiro, que também será o primeiro a disputar a regata.
Grael, até hoje o maior medalhista olímpico do país, apresentou a tripulação do Brasil 1 na manhã de terça (25/01) no Iate Clube do Rio de Janeiro.Entre os velejadores está a primeira mulher a bater um recorde de navegação de volta ao mundo, a australiana Adrianne Cahalan. Também estão três vice-campeões da última edição da regata, o neozelandês Stuart Wilson e os espanhóis Guillermo Altadill e Roberto Chunny Bermudez, com inúmeras participações em regatas oceânicas, além de campanhas no Americas Cup.
O norueguês Knut Frostad, que disputou três edições dessa competição e duas delas como comandante, também está no grupo. O único ausente na apresentação foi o australiano Justin Clougher, ex-campeão da Volvo Ocean Race, que só chegaria na noite de terça ao Brasil, pois ficou preso em nos Estados Unidos devido a uma nevasca.
Formada por 11 velejadores de cinco países, a equipe tem cinco brasileiros, dois australianos, dois espanhóis, um neozelandês e um norueguês. A cada regata, 10 estarão a bordo do Brasil 1. Dois serão reservas e um deles, Frostad, participará das etapas mais difíceis nos mares do Sul. Além de Torben, os brasileiros são Marcelo Ferreira, André Bochecha Fonseca, João Joca Signorini e Kiko Pellicano.
Por que velejadores estrangeiros? – Como o Brasil nunca participou da Volvo Ocean Race, não tínhamos velejadores com experiência e tivemos de buscar isso nos estrangeiros. Todos os escolhidos são muito experientes em regatas desse tipo, explicou Grael. Estou muito confiante de que formamos um grupo forte. A empatia da tripulação foi muito grande e espero que continue assim durante todo o processo de participação na regata.
A expectativa do comandante é iniciar os treinamentos dentro do cronograma previsto. A idéia é disputar a Semana de Vela de Ilhabela, no início de julho, antes de o barco seguir para a Europa, onde a tripulação faria a simulação de uma etapa da Volvo Ocean Race.
O catalão Guillermo Altadill resumiu o espírito do grupo. Minha maior motivação ao participar desse projeto é a oportunidade real que temos de ganhar a regata, disse. Já participei de três regatas de volta ao mundo e não consegui ganhar nenhuma. Agora, ao lado do Torben, acho que tenho chances verdadeiras. Ele é um velejador completo, o melhor do mundo.
Os velejadores estrangeiros fazem uma visita hoje (26/01) ao estaleiro ML Boatworks, em Indaiatuba (SP), onde está sendo construído o barco. Na quinta os tripulantes terão encontros com os patrocinadores do Brasil 1 – Vivo, Motorola, QUALCOMM e Apex – e retornam aos seus países de origem na sexta.
A seleção começou poucos dias depois do anúncio da participação brasileira, em setembro. Alan Adler, diretor do projeto, e Grael receberam cerca de 140 currículos de velejadores de todas as partes do mundo. Chegaram currículos, indicações, pedidos de entrevistas. Entrevistamos pessoas no Brasil e no exterior, ouvimos referências. Esse processo de escolha foi bem trabalhoso, comentou Alan Adler, diretor do projeto e terceiro reserva da tripulação.
Guilhermo Altadill, por exemplo, tem mais de 330 mil milhas velejadas, já fez seis regatas de volta ao mundo e cruzou o Atlântico 18 vezes. Altadill foi técnico da equipe de Tornado da Espanha que ganhou a medalha de ouro na Olimpíada de Atlanta, em 96. Além disso, ao lado da navegadora Adrianne Cahalan, o espanhol é o atual recordista na volta ao mundo, completando o percurso em 58 dias, 9 horas, 36 minutos e 40 segundos a bordo do barco Cheyenne.
Chunny Bermudez, rival de Torben na classe Star na Olimpíada de Atenas, participou de duas Volvo Ocean Race, na época em que o nome do evento era Whitbread – Round the World. Justin Clougher foi campeão da regata com o EF Language, em 1997/1998. E Knut Frostad participou de três regatas de volta ao mundo, duas delas como comandante e coordenador dos barcos noruegueses Innovation Kvaerner e Djuice Dragons, este último na edição passada.
Outra preocupação de Torben Grael ao escolher os velejadores foi a facilidade de convívio. Serão oito meses de competição e períodos de até um mês confinados no barco. Em uma competição como essa, os velejadores têm de estar entrosados. Já velejei com a maior parte deles. O Chunny, por exemplo, é um grande companheiro. Participei de algumas regatas com o Juggy (Justin Clougher) e, apesar de nunca ter navegado com o Guillermo, tivemos contato em algumas competições, explicou o comandante do Brasil 1.
Navegadora com bagagem – Adrianne Cahalan é a única mulher da tripulação e vai exercer uma das funções mais importantes. Antes de anunciar o nome da australiana, Torben Grael tinha avisado que sua posição era a mais complexa do barco. É muito difícil encontrar alguém com capacidade para ler os dados meteorológicos e traçar a melhor rota. E a Adrianne faz isso muito bem, elogiou Torben Grael.
A australiana, formada em direito, tem especialização em meteorologia. Ela já foi indicada quatro vezes ao prêmio de melhor velejadora do ano pela Isaf e é uma das navegadoras de maior prestígio na Austrália. E só o fato de ser a primeira mulher a bater o recorde de volta ao mundo já mostra como ela é qualificada, lembrou Torben.
O primeiro barco brasileiro na Volvo Ocean Race está sendo construído no estaleiro ML Boatworks, em Indaiatuba, no interior de São Paulo, desde outubro. O projeto é do neozelandês Bruce Farr. Os moldes do deck e do convés já passaram pela primeira fase de laminação com fibra de vidro. Atualmente, os operários do estaleiro estão aplicando as camadas de nomex e espuma, que irão revestir a estrutura de fibra de carbono.
Desde o início deste ano, a equipe do engenheiro paulista Marco Landi, encarregado da construção, ganhou mais 10 pessoas. São 30 trabalhadores envolvidos diariamente com o Brasil 1. Entre eles estão dois neozelandeses, indicados por Chris Mellow, o supervisor para construção do barco, que esteve no Brasil durante o mês de dezembro. A dupla ficará em Indaiatuba até junho, quando o barco deve ficar pronto.
André Bochecha Fonseca, velejador olímpico e tripulante do barco, está acompanhando os trabalhos. Ele se mudou de Porto Alegre para Indaiatuba. Não estou ajudando na construção, mas estou aprendendo. Os trabalhadores estão divididos em equipes que cuidam de uma área específica do barco. Se eu entrasse em uma delas, só conheceria aquela parte do Brasil 1. Por isso, eu acompanho tudo, mas não coloco a mão na massa.
Além de Bochecha, o uruguaio naturalizado brasileiro Horacio Carabelli e o catarinense Gustavo Bayer também estão em Indaiatuba, acompanhando a construção. Carabelli é o diretor técnico do projeto.
O Brasil 1 foi projetado como o mais moderno representante da Fórmula 1 dos mares. Ele será capaz de percorrer 926 km diários e de atingir picos de velocidade de 70 km/h (cerca de 35 nós). A previsão é de que os barcos completem a regata 20 dias mais rápido do que o modelo VO 60, utilizado na última edição.
Torben Grael
Comandante
Brasileiro, 44 anos
O comandante do primeiro barco brasileiro na Volvo Ocean Race é também o maior vencedor olímpico do Brasil. Nas Olimpíadas de Atenas-2004, Torben Grael, o Turbina, conquistou sua segunda medalha de ouro na classe Star, a quinta no total. O resultado o tornou o maior velejador olímpico do planeta em número de medalhas. São cinco (duas de ouro, uma de prata e duas de bronze), superando o dinamarquês Paul Elvstron, dono de quatro ouros, o ucraniano Valentin Mankin e o alemão Jochen Schumann, todos com quatro pódios.
Além da experiência olímpica, Torben também ostenta um grande currículo em regatas de Oceano. Ele é o único brasileiro que já disputou a Americas Cup, uma das competições mais antigas do mundo, com 152 anos de história. Como tático do sindicato italiano Prada, ele foi um dos principais responsáveis pelo título da equipe em 2000 na Louis Vuitton Cup, competição classificatória para a Americas Cup.
Dois anos mais tarde, Torben voltou ao Prada, novamente como tático, mas não passou pela Louis Vuitton Cup. Em 2007, logo após completar a volta ao mundo com o Brasil 1, ele volta a se dedicar à Americas Cup para completar seu objetivo. Dono de títulos mundiais e olímpicos, só falta ao brasileiro o primeiro lugar na Volvo Ocean Race e na Americas Cup.
Tantos títulos podem ser explicados pela influência familiar. De seu avô, ele ganhou seu primeiro barco. Os tios, os gêmeos Axel e Erik Schmidt, os primeiros brasileiros campeões mundiais, deram mais um impulso. O segundo foi técnico de Torben nas Olimpíadas de Atlanta-1996, quando, ao lado de Marcelo Ferreira, conquistou sua primeira medalha de ouro.
Guillermo Altadill
Timoneiro
Espanhol de 42 anos
Aos 42 anos, Altadill acumula 330 mil milhas velejadas pelo mundo, cruzando 18 vezes o Atlântico e feito a volta ao mundo seis vezes.
Disputou três Volvo/Whitbread. Na última, foi timoneiro do Assa Abloy, sindicato sueco que foi vice-campeão. Além disso, fez parte da tripulação do Cheyenne, barco que quebrou o recorde de navegação de volta ao mundo, em 58 dias, 9 horas, 36 minutos e 40 segundos. A navegadora do Brasil 1, Adrianne Calaham, também fez parte da tripulação do Cheyenne.
Além de timoneiro, o espanhol terá outra função importante a bordo do barco brasileiro: ele será o responsável pela comida da tripulação. Em Olimpíadas, foi técnico da equipe espanhola de vela em quatro Jogos (Seul-1988, Barcelona-1992, Atlanta-1996 e Atenas-2004) e da equipe de Portugal em um (Sydney-2000). Foi também eleito o velejador do ano na Espanha, em 2001.
Principais títulos:
– Terceiro colocado na Whitbread de 1993-1994 no Galicia-Pescanova
– Recorde de singradura em 24 horas, com 655 milhas, no catamarã Club Med, em 2000
– Campeão da The Race, regata de volta ao mundo sem paradas, no Club Med
– Campeão da regata Sydney-Hobart de 2001, com o Assa Abloy
– Vice-campeão da Volvo Ocean Race 2001|2002, com o Assa Abloy
– Recorde de navegação de volta ao mundo, com o Cheyenne, em 2004: 58 dias, 9h, 36min e 40s.
Stuart Wilson
Regulador de vela
Neozelandês, 34 anos
A função de Stuart Wilson no barco será uma das mais importantes: ele será o responsável pelas velas do Brasil 1. Como o número de velas para toda a corrida é limitado, as usadas nas primeiras regatas sofrerão adaptações para os estágios seguintes. Wilson, especialista em trabalhos desse tipo, será o responsável por esses ajustes.
O neozelandês também é muito experiente em regatas de volta ao mundo. Como o espanhol Guillermo Altadill, foi vice-campeão da última Volvo Ocean Race com o time sueco Assa Abloy. Além disso, participou de cinco campanhas na Americas Cup. A última foi pelo sindicato italiano Mascalzone Latino.
Wilson começou a trabalhar com velas em 1984. Em 1991, participou de seu primeiro grande projeto, trabalhando no sindicato da Espanha que disputou a Americas Cup de 1991/1992.
Roberto Bermudez (Chunny)
Timoneiro
Espanhol, 34 anos
Roberto Bermudez, ou Chunny, é um velho conhecido de Torben Grael. Além de ser velejador de Star, já velejou ao lado do brasileiro. No Brasil 1, Chunny será timoneiro.
O espanhol é mais um dos velejadores que disputaram a última Volvo Ocean Race pelo vice-campeão Assa Abloy. Antes, já tinha disputado a Whitbread Round the World em 1993/1994, pelo barco espanhol Galicia Pescanova.
Na Star, ele foi décimo nos Jogos Olímpicos de Atenas, velejando com Pablo Arrarte. No Mundial do ano passado, terminou também na décima posição.
Na classe IMS, ele foi campeão Europeu em 2003 e da Copa Del Rey em 2002, 2003 e 2004 como comandante do Team Caixa Galicia. Ele também disputou duas vezes a Americas Cup, em 1995 e 2000, sempre no sindicato espanhol.
Principais títulos:
– Sétimo colocado no Mundial de Star de 2004
– Décimo colocado na Star nos Jogos Olímpicos de Atenas
– Capitão do Team Caixa Galicia, que venceu a Copa del Rey em 2002, 2003 e 2004 e o Europeu de IMS de 2003
– Timoneiro do vice-campeão da Volvo Ocean Race 2001/2002, no Assa Abloy.
Justin Clougher
Proeiro
Australiano, 34 anos
A pessoa da tripulação que terá conhecimento médico será Justin Clougher, neozelandês de 37 anos. Juggy, como é conhecido, será também proeiro da equipe brasileira.
Velejador experiente, ele é o único da tripulação que já ganhou a regata de volta ao mundo. Ele foi campeão da Whitbread Round The World 1997/1998, com o EF Language. Além disso, participou da campanha da Americas Cup do One World Challenge. No ano passado, ele fez parte da tripulação do MariCha Ocean Racing Team, que quebrou o recorde de travessia do Atlântico.
Adrianne Cahalan
Navegadora
Australiana, 30 anos
A única mulher da tripulação será a navegadora da equipe, responsável por analisar os dados meteorológicos e traçar a melhor rota para cada etapa. No ano passado, quando a participação do Brasil na Volvo Ocean Race foi anunciada, o comandante Torben Grael disse que a posição de navegador era a mais delicada da tripulação, pois eram poucas as pessoas em todo o mundo capazes de exercer com qualidade a função.
Adrianne é uma das melhores navegadoras do mundo e já foi indicada quatro vezes para o prêmio de melhor velejadora do ano. Em 2004, ela se tornou a primeira mulher a bater o recorde de navegação de volta ao mundo, a bordo do Cheyenne. A tripulação tinha outro velejador do Brasil 1: Guillermo Altadill.
Formada em direito, com curso de especialização em meteorologia, Adrianne veleja desde a adolescência. Nesse período, disputou 13 regatas Sydney Hobart, competiu em dez Campeonatos Mundiais de classes olímpicas e de Oceano, participou de três campanhas na Admirals Cup, correu três regatas Fastnets, oito regatas Transatlânticas.
Além disso, fez parte de três campanhas na Whitbread/Volvo e vários projetos de circunavegação, incluindo duas tentativas de quebra de recordes (a última, com o Cheyenne). Atualmente, é dona de cinco recordes mundiais de velocidade em veleiros.
Principais títulos:
– Em 1992, foi campeã, como capitão do Ella Bache, do 9318ft Skiff Grand Prix Champion
– Em 1993/1994, foi navegadora do Heineken na Whitbread Round the World Race
– Em 1997, fez parte da tripulação do Nicorette, que quebrou o recorde transatlântico
– Em 2000, foi navegadora durante a fase de treinamento do Team Tyco, que disputou a Volvo Ocean Race
– Em 2002, foi navegadora e co-skipper do catamarã Maiden II, que quebrou cinco recordes mundiais de navegação, incluindo o de singradura de 24 horas e a travessia do Canal da Mancha
– Em 2003, navegando no Aftershock, foi campeã da Admirals Cup
– Em 2004, quebrou o recorde de navegação de volta ao mundo como navegadora do Cheyenne.
Knut Frostad
Timoneiro
Norueguês, 37 anos
O norueguês Knut Frostad é membro do comitê técnico do projeto brasileiro e timoneiro nas etapas dos mares do sul, ele já disputou a regata de volta ao mundo três vezes. Nas últimas duas edições da prova, com o Innovation Kvaerner e o Djuice Dragons, ele foi o comandante e o responsável pela organização do projeto.
Em 1993-1994, a bordo do Intrum Justitia, ele terminou como vice-campeão. Quatro anos depois, montou o projeto do Innovation Kvaerner, no papel um dos principais favoritos para a competição. O barco terminou em quarto. Foi no Kvaerner, aliás, que Torben Grael disputou pela primeira vez a regata de volta ao mundo. O brasileiro correu a etapa entre Fremantle e Sydney, na costa australiana.
Na última edição da prova, ele usou a experiência com o Kvaerner e montou o Djuice Dragons. Novamente forte no papel, o sindicato foi o único que não usou um barco projetado pela Farr Yachts (a empresa que projetou o Brasil 1) e foi mais lento que seus concorrentes.
Além de velejador, o norueguês é formado em administração, já trabalhou como jornalista e publicitário. Nos últimos dois anos, coordenou o projeto Team Academy, que venceu o Oops Cup no ano passado.
Ex-velejador de windsurfe, ele foi como reserva da Noruega para os Jogos Olímpicos de Seul-1988. Quatro anos mais tarde, ele disputou a Olimpíada de Barcelona na classe Flying Duchtman. Ficou oito vezes entre os dez melhores em Campeonatos Mundiais de classes olímpicas. Em Oceano, ele é bicampeão da regata Sydney-Hobart, em 1994 e 2000.
Marcelo Ferreira
Regulador de velas
Brasileiro, 39 anos
Marcelo Ferreira, ou “Playboy”, como é conhecido no mundo da vela, foi a escolha mais fácil de Torben Grael para sua tripulação. Parceiros há 15 anos, os dois conquistaram três medalhas olímpicas na classe Star.
Com 1,80m e 106 kg, Marcelo começou na vela “por acaso”. Convidado por um amigo, velejou pela primeira vez aos 12 anos. Em 1988, passou um ano nos Estados Unidos, competindo na classe Oceano. Voltou ao Brasil para ser proeiro de Torben.
Seu único título mundial com o parceiro foi em 1990. Em 1997, ele foi campeão mundial com um parceiro alemão. Marcelo também é tricampeão europeu (1989, 1990 e 1992) e sete vezes campeão brasileiro.
No Brasil 1, Marcelo será regulador de velas e, ao lado de André Bochecha Fonseca, será o responsável pela área de mídia do barco. Entre suas funções está a edição e envio de 20 minutos semanais de imagens da competição.
André Bochecha Fonseca
Timoneiro/Regulador de velas
Brasileiro, 26 anos
Catarinense de 26 anos, André Otto Fonseca, o Bochecha, é o tripulante que mais conhece o Brasil 1. Ele foi o escolhido pelo comandante Torben Grael para acompanhar de perto a construção do barco em Indaiatuba. Trocou Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, pelo interior de São Paulo, e além disso, será o responsável pela área de mídia do barco, ao lado de Marcelo Ferreira.
Em 2004, foi o sexto colocado na classe 49er nas Olimpíadas de Atenas, junto com o gaúcho Rodrigo Linck. Em 2000, nos Jogos de Sydney, velejou na classe 470, com Alexandre Paradeda. Bochecha é ainda dono de dois títulos mundiais da classe Snipe Júnior e foi campeão brasileiro dez vezes (um na Optimist, dois na Snipe, um na 470 como proeiro de Alexandre Paradeda, quatro em Oceano e dois na 49er).
Nas competições de Oceano, foi campeão da Regata Santos-Rio de 1997, como timoneiro do Gosto DÁgua. Até julho de 2006, Bochecha ficará um pouco afastado da classe 49er, mas pretende, logo após a VOR, iniciar a campanha olímpica para Pequim-2008.
Kiko Pellicano
Proeiro/regulador de velas
Brasileiro, 30 anos
O medalhista olímpico Kiko Pellicano, 30 anos, deve trabalhar como proeiro e trimmer (responsável pela regulagem das velas) do barco. Ele é seis vezes campeão brasileiro, nas classes Tornado e Oceano, tetracampeão da Regata Santos-Rio e foi sete vezes campeão do Circuito Rio de Oceano. Kiko disputou duas Olimpíadas e, na primeira, Atlanta-1996, conquistou a medalha de bronze na Tornado, ao lado de Lars Grael, irmão de Torben.
Nos últimos anos, Kiko tem investido em regatas longas e já soma mais de 40 mil milhas náuticas em viagens oceânicas. Ele já fez quatro travessias do Atlântico, entre Brasil e Europa.
João Joca Signorini
Timoneiro/regulador de velas
Brasileiro, 27 anos
João Signorini, o Joca, veleja desde os oito anos e começou na classe Optimist, se destacando na Laser, mas mudou em 2002 para a Finn, na qual conquistou o décimo lugar na Olimpíada de Atenas. Engenheiro mecânico e de produção formado na PUC-Rio, ele foi escolhido devido a duas características: sua habilidade como timoneiro e o bom porte físico.
Em seu primeiro ano na Finn, Joca conseguiu bons resultados: classificou o Brasil para as Olimpíadas já em 2002, feito que somente Robert Scheidt (Laser), Torben Grael e Marcelo Ferreira (Star) haviam conseguido.
Os títulos conquistados pelo velejador carioca estão divididos em cinco categorias: Finn, com destaque para o bicampeonato brasileiro 2002/03 e o sul-americano de 2002, Laser (Sul-Americano de 2000), Oceano (Estadual do Rio de Janeiro 2001), Europa (bicampeão do ranking estadual do Rio (1993/94) e Optimist (campeão estadual/1988).
Gerente de logística
Francês, 40 anos
Hervé Le Quilliec é o gerente de logística do Brasil 1. Esta será a segunda vez que ele participará da Volvo Ocean Race. Na última regata, exerceu a mesma função no Nautor Challenge, sindicato que participou com dois barcos, o Amer Sports One, que terminou em segundo lugar, e o Amer Sports Too, que só tinha mulheres em sua tripulação.
Velejador experiente, entre 90 e 97 foi gerente de logística e tripulante do Corum Sailing Team, disputando os circuitos de IOR, Mumm 36 e Match Race. Como tripulante, conquistou um título da Admiral’s Cup, em 1991, e foi campeão mundial na Mumm 36, em 1995.
Uruguai naturalizado brasileiro
Uruguaio radicado em Florianópolis, Horacio Carabelli fará a coordenação técnica do projeto. Ele trabalhará em conjunto com Marco Landi, o encarregado da construção do Brasil 1 em seu estaleiro, em Indaiatuba, no interior de São Paulo. Carabelli, no Brasil há mais de 20 anos, também tem um estaleiro, que leva o seu nome, em Santa Catarina. Mais do que construir barcos, porém, sua especialidade é projetá-los. Ele é um dos principais profissionais na área do Brasil.
Seu primeiro modelo de destaque foi o Multimar 32. Embarcações como o Gosto D’Água, Scirocco, Resgate, Mano a Mano, ESPN Brasil, Vmax, e outros, tem conquistado campeonatos regionais e nacionais na classe IMS. Em 1997, ele projetou e construiu seu próprio ILC25. Como comandantes do Vmax4 (ILC25), conquistou o Campeonato Brasileiro de IMS de 1999, em Ilhabela.
Começou a velejar aos 8 anos, na classe Optimist, participando de vários campeonatos sul-americanos e do Campeonato Mundial de Portugal, em 1980. Na Snipe, conquistou dois Mundiais júnior (1984 e 1986) e um 3° Lugar sênior (1987). Foi ainda campeão sul-americano em 1990 e foi e vice em 1988 e 1992. Carabelli também defendeu o Uruguai na classe Soling nas Olimpíadas de Seul-1988.
Brasileiro
Dono do estaleiro ML Boatworks, ele é um dos mais requisitados do ramo no país. Engenheiro mão na massa, Landi fabrica veleiros desde 1988. Ele, por exemplo, construiu o Magia, de Torben Grael, que venceu os circuitos de Ilhabela e Rio de Janeiro, em 1992, e o Forró, de Gastão Brun, fita azul da Rota do Aço, em 2004.
Neste ano, o estaleiro entregou a um cliente americano o Trader, um transpac de 52 pés, projetado nos EUA por Jim Donovan. Ao Todo, a ML já produziu 27 barcos entre 30 e 85 pés.
Landi fez estágios na Europa no começo da década de 90, trabalhando na Itália e no Reino Unido. Ele participou da fabricação de barcos da Americas Cup e da Whitbread (antigo nome da Volvo Ocean Race). Ele foi um dos responsáveis pela fabricação do Rothmans, quarto lugar na Whitbread de 1989/90, e do NCB Ireland, 12º no mesmo ano.
Brasileiro
Comandando a logística do projeto estará o campeão mundial Alan Adler, primeiro colocado no Mundial da classe Star em 1989, Adler é um dos diretores da Vela Brasil, a empresa que viabilizou a primeira participação brasileira na Volvo Ocean Race. Empresário, Adler também é organizador do Match Race Brasil, competição barco contra barco que envolve os principais velejadores do país.
Unindo os títulos no mar ao faro empresarial, ele ajudou o Brasil a se tornar uma das potências mundiais da vela (o país já conquistou 14 medalhas olímpicas e mais de 30 títulos mundiais em classes disputadas em Olimpíadas ou Pan-Americanos). Desde o título do campeonato brasileiro júnior da classe 470 em 1981, Adler acrescentou ao currículo conquistas nas classes Snipe, Laser, Soling e Flying Dutchman. Em Oceano, foi campeão brasileiro em 2000, do Circuito Rio em 2002 e bi da Semana de Vela de Ilhabela em 1999 e 2001.
Em 2003, ganhou a medalha de prata na classe J-24 dos Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, com Maurício Santa Cruz, João Carlos Jordão e Daniel Santiago. Ele disputou três Olimpíadas e seu melhor resultado foi o sexto lugar nos Jogos de Los Angeles-1984, na classe Star, ao lado de Markus Temke.
Seu irmão e seu pai também são velejadores olímpicos. O pai, Harry, foi 11º. na Star nos Jogos de Tóquio -1964. O irmão, Daniel, foi prata, ao lado de Torben Grael, na classe Soling em Los Angeles-1984 e ainda disputou os Jogos de Barcelona-1992.
Brasileiro
Sócio de Alan Adler na Vela Brasil, idealizadora e organizadora do Match Race Brasil. Por três anos organizou os jogos da seleção masculina de vôlei no Brasil. Foi responsável pela área comercial e marketing do Papel Report da Cia. Suzano de Papel e Celulose e presidente do Report Suzano, time bicampeão da Superliga de vôlei e pentacampeão paulista. É engenheiro civil, com pós-graduação em Marketing. No Brasil 1, é o responsável pela área de marketing do projeto.
Este texto foi escrito por: Webventure
Last modified: janeiro 26, 2005