Cachoeira da Capivara (foto: Arquivo pessoal/ Nova Origem)
Localizada no centro país em uma região considerada o berço das águas do Brasil, a Chapada dos Veadeiros é um destino perfeito pra quem quer curtir belas cachoeiras e as paisagens exuberantes do Cerrado.
Durante nossa viagem de volta ao mundo, pedalamos cerca de 500Km na região, completando a volta no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e conhecendo seus arredores. O local é perfeito para prática do cicloturismo, com estradas de asfalto, de terra e single tracks. Nossas pedaladas foram regadas com muita água cristalina, belíssimos mirantes, montanhas, ar puro e natureza selvagem. Ingredientes perfeitos para uma boa aventura!
Começamos a jornada pela cidade Alto Paraíso, que com cerca de sete mil habitantes é famosa não só pelos atrativos naturais, mas por sua diversidade cultural. São muitas as cachoeiras da região, mas os destaques são o complexo de Cachoeiras do Rio Macaquinho, as Cataratas dos Couros e a cachoeira do Sertão Zen.
Cataratas do Couros – Antes de conhecer qualquer coisa da Chapada, ainda sem saber o que nos esperava, vimos na estrada que separa São João D’Aliança de Alto Paraíso, a cerca de 20Km do nosso destino, uma placa na estrada Cataratas dos Couros apontando a uma estrada de terra. Ficamos impressionados, afinal não é todo dia que se vê uma catarata.
Mesmo sem informação de quilometragem ou de como seria essa tal “catarata”, resolvemos arriscar e nos embrenhamos pela estrada de chão. Pedalamos por um caminho de muita terra solta, por cerca de 16km e para finalizar subimos com muito sacrifício empurrando as bicicletas, uma serra de 4km, para chegar nas Cataratas dos Couros.
O lugar nos impressionou e compensou qualquer tipo de sacrifício que fizemos para chegar ali. O Rio dos Couros desce com um grande volume de água por um cânion, formando uma sequência de cachoeiras, sendo a maior delas a catarata que dá nome ao lugar.
Complexo de cachoeiras do Rio Macaquinhos
As cachoeiras ficam a 45km de Alto Paraíso, sendo que somente 14km é de asfalto. O restante de uma boa e bem sinalizada estrada de terra. O visual do caminho é muito bonito e com sorte é possível ver algumas siriemas no meio da vegetação preservada do Cerrado. Alguns quilômetros antes de chegar ao Macaquinho, chegamos bem no meio do Vão da Serra do Paranã, parada obrigatória para contemplação.
O complexo de cachoeiras conta com mais de dez quedas em sequência e tem como principal atração a Cachoeira da Caverna que cai bem ao lado de uma caverna formada no poço. O ideal é passar o dia nas cachoeiras e acampar na bela estrutura do camping Paraíso das Pedras.
Cachoeira Sertão Zen
Dia de encostar as bikes na cidade e colocar as mochilas nas costas para fazer a trilha de 12Km no meio do Cerrado até a cachoeira Sertão Zen, com 130m de queda. A vegetação é muito preservada e faz dessa trilha uma das mais sevalgens da Chapada dos Veadeiros. O caminho não é bem sinalizado, então recomendamos usar um GPS ou contratar um guia.
A entrada no parque só é permitida com guia credenciado e não é permitido ir de bicicleta. Somente 15% do parque está aberto para visitação, fizemos o caminho que leva até o Salto de 120m, cartão postal da Chapada. No caminho, buracos abertos pelos garimpeiros e muita natureza preservada.
Cavalcante é a cidade com maior extensão territorial do estado de Goiás, e só lá foram catalogadas mais de 170 cachoeiras. A cidade é pequena, mas conta com boa estrutura de pousadas e restaurantes.
Cachoeiras e Kalungas – Pedalamos 30Km de estrada de terra para conhecer uma das vilas do maior quilombo do Brasil, o Engenho II, um paraíso no coração do Brasil. O povo Kalunga é muito receptivo, com uma cultura bem diferente da sociedade contemporânea. Lá não tem estrutura de turismo, nem restaurantes ou acomodação.
Chegamos na cachoeira sem muitas dificuldades.O caminho é cheio de buritis, vegetação preservada e a estrada cruza por dentro de rios de água cristalina. Com uma queda 30m, a cachoeira Santa Bárbara é realmente um pedaço do paraíso, um dos grandes destaques de toda a Chapada dos Veadeiros. A cor da água parece de mentira de tão azul e cristalina e perto do meio dia, quando o sol está a pino, é a hora que o poço está mais iluminado, deixando a água ainda mais azul e transparente.
A cachoeira fica a cerca de dois quilômetros da vila Kalunga e depois de descer a trilha pela encosta de um morro chegamos ao poço da cachoeira principal. Na verdade não é uma cachoeira, são duas cachoeiras caindo no mesmo poço, uma do Rio Capivara (maior) e a outra formada pelo Rio Tiririca.
Nós nos despedimos dos Kalungas e fomos sentido ao Rio da Prata. Pedalamos mais 59km de clima seco, muito sol e poeira. O caminho não possui muitos pontos para abastecimento de água, é bom ficar esperto caso vá de bicicleta. Mais uma vez, sem muitas referências, chegamos ao famoso Rio da Prata. Já era noite e acampamos por lá mesmo.
Pedalamos até o Rei do Prata, a principal e maneiríssima cachoeira do local. Tem que atravessar vários rios e pegar uma single track no meio do Cerrado para chegar. A trilha chega por cima da cachoeira, e lá de cima da pra ver um enorme poço verde e a surreal Rei do Prata.
Este texto foi escrito por: Nova Origem
Last modified: fevereiro 24, 2017