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Diário 21 do comandante Mike Sanderson: perguntas sobre pressões e tempestades

Redação Webventure/ Vela

Aqui estão mais algumas perguntas que me mandaram recentemente sobre a nossa preparação e sobre a vida a bordo. Aproveitei o tempo que estava sem velejar para mandá-las para vocês.

1.Como você se prepara para uma competição como a Volvo Ocean Race onde a pressão está sempre no máximo durante todo o percurso?
O treino físico para mim é fácil. Quer dizer o treinamento não é mole mas os métodos são bem conhecidos. Lidar com a parte mental, porém, é muito mais difícil e atingir o ponto ideal é realmente um desafio. Trabalhei duro para reunir à minha volta um grupo de pessoas nas quais eu confio, e com muitos dos quais já velejei antes.

2. Como você delega responsabilidades?
Ser bom na hora de delegar e saber dar espaço para as pessoas fazerem os seus trabalhos de maneira correta é uma parte importante de ser um bom skipper. Trabalho constantemente nessa habilidade e me sinto recompensado de crescer nesse meu trabalho junto com um grupo tão especial.

3.Como você maneja a quilha basculante? E essas bolinas… como funcionam?
A quilha é operada por dois pistões hidráulicos acionados por bombas localizadas no motor principal. A quilha pode ser basculada em até 40 graus (para cada lado-ndr) e vamos dizer que o barco esteja inclinado em 15 graus. Nesse caso o ângulo de 55 graus não é eficiente para evitar que o barco ‘escorregue’ e ande de lado.

Para compensar colocamos a bolina para fazer às vezes de uma quilha normal. Todavia já que você está colocando alguma coisa podemos também colocá-la de uma maneira que saia exatamente para baixo. Ë por esse motivo que elas apontam para fora e já que você vai precisar de duas delas são também assimétricas. Isso permite que se consiga muito mais potência, como a asa de um avião.

4. O que acontece se um tripulante cair do barco e existirem tubarões nadando em volta?
Só resta tirá-lo rapidamente da água antes que seja atacado…

5. Qual é o fator que fará a diferença para conquistar a vitória?
Infelizmente não existe apenas um fator. Mas de tivesse que escolher apenas um acho que eu ficaria com a intensidade. Acertar o passo com ela durante a sua preparação é fundamental.

6. Todo o mistério em torno do projeto e dos materiais é compreensível. Você não fica nervoso de ter sido a primeira equipe a lançar um barco para a próxima Volvo Ocean Race sem saber o que é que a concorrência tem preparado?
Seria mais perigoso se eu não estivesse nervosa. Tenho muito respeito pelas outras equipes, existem alguns velejadores excepcionais em todos eles. Eu não sou nada arrogante então posso dizer que sim um pouco de apreensão é saudável.

7. Recentemente vimos algumas fotos com detalhes dos danos na proa do barco. O que foi que realmente aconteceu e qual a extensão dos estragos?
Batemos em alguma coisa. Para mim pode ter sido um pedaço de madeira, um tronco, um tanque de pesca ou algo assim. O estrago não foi tão grande e a proa é projetada com uma parte específica para ser sacrificada para que se abalroarmos alguma coisa que não seja muito grande naturalmente não afundarmos ou sacrificarmos a integridade do barco.

8. Como você garante que os tripulantes não fiquem mareados? E se ficarem, como controlar?
Temos comprimidos a bordo na eventualidade dos raros casos. A maioria das pessoas enjoa nas condições extremas. Não quero dizer que vai estar assim mas digamos que esteja. Vento soprando muito forte na região dos trópicos você lá embaixo na cabine, num calorão e mexendo com um tanque de diesel que está vazando… Nesse caso não é nada difícil ficar mareado.
Falamos de novo logo mais.

Saudações,
Mike.

Este texto foi escrito por: Mike Sanderson, do TEAM ABN AMRO

Last modified: maio 25, 2005

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