Foto: Pixabay

Perfil de uma dupla campeã: Edu Piano e Rogério Almeida

Redação Webventure/ Offroad

O primeiro jipe de Edu Piano (foto: Arquivo Pessoal)
O primeiro jipe de Edu Piano (foto: Arquivo Pessoal)

O resultado do Rally dos Sertões 2005 teve uma diferença na comparação com os outros 12 anos da competição. O piloto vencedor nos carros, Edu Piano, é o primeiro jipeiro a vencer a prova. Todos os outros vencedores começaram a carreira já no rali.

Eduardo Domingues tomou gosto pelas trilhas de jipe literalmente da noite para o dia. “Num dia de 1990 saí com meu primo de uma casa noturna na Vila Maria e resolvi comprar um jipe naquele momento. Ele achou que eu estava louco, de fogo, e quis me levar embora. Fomos na feira do automóvel, no Anhembi, e eu gostei do primeiro jipe que apareceu, um Willys azul. Negociei com o dono e comprei o jipe na hora. Já saí com ele e fomos para a Serra da Cantareira fazer trilha. Aí já atolamos, ficamos parados, tive que ir atrás de trator. Foi assim que começou, da noite para o dia”, lembrou.

“Meu interesse veio porque meu tio tinha um cunhado que era a pessoa mais mau humorada do mundo e só melhorou quando comprou um jipe”, disse. Tempos depois o piloto fazia trilhas freqüentemente na Serra da Cantareira, próxima a São Paulo. “Juntei alguns amigos e nós íamos todo o fim de semana para a serra. Às vezes até durante a semana, largava tudo e ia fazer trilha”, contou. Como o jipe não possuía placa, era transportado dentro do caminhão que levava os pianos da empresa da família, que rendeu o apelido de Edu Piano para o piloto.

Competições – Das trilhas por diversão para a competição em um rali foi um pulo. Desde quando o Sertões foi aberto para os carros, em 1996, Edu Piano participa da competição. “A primeira vez foi com um Suzuki, em 99 competi com uma picape JPX. A partir de 2000 fui com L200, até chegar na Chevrolet, em 2003”, lembrou.

A consagração do piloto começou quando foi campeão pela primeira vez no rali de velocidade da Mitsubishi, o Cup. “Das cinco edições eu venci três, foi uma carreira muito boa”, comentou o piloto, que é o atual campeão da prova.

Além de piloto, Edu Piano é chefe da equipe de apoio Território 4×4, que nesse Sertões preparou e serviu quatro carros e um caminhão. “Eu comecei preparando carros de amigos. Hoje eu só mexo nos carros dos outros lá na Território e no meu não consigo mexer”, brincou.

A tradicional loja de pianos da família foi outra que ficou de lado depois que o piloto passou a se dedicar inteiramente ao rali. “Não entro lá desde que montei a Território 4×4. Pra dizer que não passo nem perto, esses dias passamos por cima dela, em um passeio no dirigível da Goodyear”, disse o piloto. Quem cuida é a mãe e o irmão, Ricardo Domingues, piloto de um F-4000 no Rali Cross-country.

O companheiro de Edu Piano, Rogério Almeida, foi treinado pelas trilhas cearenses, local onde nasceu, em condições mais difíceis do que encontra hoje em dia. O navegador começou pilotando motos. “Já fiz motovelocidade, enduro, motocross e rali, passei por todas as categorias. Mas o rali em especial fica mais difícil ir de moto, porque tem que conduzir e navegar ao mesmo tempo. E por isso virou uma paixão”, disse o navegador, que aos dez anos de idade teve os primeiros contatos com as duas rodas.

Já com os carros, o navegador passou por uma experiência vitoriosa, mas não gostou. “Em 1990 tive o meu primeiro contato com carros, em um campeonato no Ceará. Tive a felicidade de ser campeão como navegador, mas não gostei muito da brincadeira. Acostumado a navegar e dirigir na motocicleta, achei muito monótona essa história de só navegar. Tanto que depois disso só fui voltar a entrar em um carro de competição em 2000, quando um amigo me convidou para fazer a primeira edição do Campeonato Brasileiro de Cross-country”, lembrou.

Ao sentir a dificuldade da navegação e das trilhas, Almeida logo se interessou também pela competição nos carros. “Foi um grande desafio, existia o básico que tem que ter na relação de piloto com navegador, que é a confiança mútua. Desde então faço o Brasileiro de carro, essa é minha sexta participação. Voltei também a fazer rali de regularidade em 2000, fui tricampeão do Piocerá cearense”, contou. “Engraçado é que eu fui campeão no ceará em 90 de moto e voltei a ser só em 2001 com carro”, lembrou o navegador.

Segredos – Segundo o navegador, entrosamento e tolerância são fundamentais para o sucesso da dupla. “Costumo brincar que no rali não existe carro que não quebre, pneu que não fure, navegador que não erre e piloto que não capote. Somos muito tolerantes, quando um comete algum equivoco o outro traz para dentro da prova de novo”, comentou.

“Outra coisa que considero básica é o nosso estilo competitivo. Somos muito aguerridos, o Edu como um formidável piloto e eu muito atento na história de perseguir a estrada”, disse. Para ele, essas foram as peças chaves para a vitória no Rally dos Sertões 2005. “O Edu é um grande parceiro dentro do carro. Meu resultado na navegação vem muito da parceria com ele e dessa sinergia que nós temos. Graças a Deus a vida nos reservou algo de bom, que culminou nessa vitória do Rally dos Sertões”, concluiu.

Rogério está afastado das motos desde 2003, quando se machucou em uma prova. “Desde os meus dez anos de idade, nunca me separei da moto até me machucar. A vida me fez mudar os valores, mas ainda quero voltar a correr. É minha paixão.”

Este texto foi escrito por: Daniel Costa

Last modified: agosto 31, 2005

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure